Estou aborrecido com o surto de esquerdismo bobo de Azenha e Paulo Henrique Amorim. O Azenha inclusive colou uma curta e (como sempre) amarga entrevista de João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Sem Terra (MST). Já andei escrevendo sobre agricultura aqui. Fui jornalista especializado em agricultura por muitos anos e aprendi um pouco sobre o segmento. Essas notícias encontram, em geral, um público urbano desinformado que as aceita acriticamente. É preciso entender, contudo, que o MST não representa a agricultura familiar no Brasil, e sim os sem-terra.
Quem representa a agricultura familiar no Brasil são os agricultores familiares e a Contag, a Confederação Nacional de Trabalhadores da Agricultura, e eles, por alguma razão, não gostam do MST. E por quê? Porque o MST tem uma ideologia estranha à mentalidade simples do pequeno agricultor. E não porque ele seja burro ou ignorante. Ele sabe muito bem o que pensam os líderes do MST, mas não concorda. Tem o direito, não tem? Ou o pequeno agricultor é obrigado a aprovar as diretrizes ideológicas do MST?
Stédile fala que a monocultura avança no Brasil. Não é verdade. Confiram, lá embaixo, a tabela atualizada em outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O parque agrícola nacional continua diversificado e continua se diversificando. A produção de trigo, café e castanha-do-caju, por exemplo, cresceram 41%, 28% e 101%, respectivamente, em 2008, em relação ao ano anterior.
Também registraram forte crescimento a produção de girassol, amendoim, mamona e guaraná. Todos esses produtos são cultivados, na maioria, por pequenos agricultores familiares.
Ocorre que Stédile e o MST são contra o agronegócio e tentam impor à opinião pública a sua visão radical. O agronegócio não é um mal à sociedade brasileira, e sim um dos principais sustentáculos do nível de emprego nas regiões agrícolas e um dos maiores contribuintes à balança comercial brasileira. Criminalizar o agronegócio é tão estúpido quanto criminalizar o MST. Grandes agricultores nada mais são que agricultores, só que grandes. Um grande agricultor não ganha mais que um advogado ou publicitário de relativo sucesso. Ele é grande porque é a única maneira de ganhar tanto dinheiro quanto um jornalista correspondente em Washington.
O agronegócio não concorre, no Brasil, com a agricultura familiar. São atividades complementares. De forma geral, a agricultura familiar concentra-se em produtos destinados ao consumo doméstico, enquanto o agronegócio comercial tem foco em produtos voltados para a exportação. Se o agronegócio avança pela Amazônia, trata-se de um movimento nocivo que deve ser estancado, mas não usado para atacar, moral ou politicamente, a honra de um triticultor do Rio Grande do Sul.
O Brasil tem potencial de continuar diversificando a sua produção agrícola. Temos, por exemplo, açaí, uma fruta de extraordinário valor nutritivo, produzida exclusivamente no Brasil, na Amazônia, sem que sua exploração afete em nada o ecossistema, já que suas árvores precisam estar rodeadas de floresta para se manterem produtivas e fortes.
Ao mesmo tempo, o agronegócio tem gerado muitas riquezas e oportunidades em todo país, fazendo explodir a nossa produção de maquinários e insumos agrícolas. Criticar irresponsavelmente o agronegócio é esquerdismo ingênuo e tosco. A visão preconceituosa da agricultura é o grande ponto-fraco da esquerda, o que a torna extremamente impopular nas regiões agrícolas, tanto onde impera o agronegócio quanto em áreas tradicionais de agricultura familiar. Em áreas muito pobres, a esquerda pode até fazer sucesso, mas em regiões onde a agricultura familiar é desenvolvida e gera condições econômicas favoráveis, como Sul de Minas, a esquerda encontra dificuldades.
Criticar o agronegócio é tão idiota quanto criticar uma fábrica. Se um homem pode ser dono de uma fábrica de sapatos, e a esquerda não critica isso, porque criticar o mesmo homem em investir numa plantação de soja?
Outro preconceito é subestimar o valor da soja e da cana-de-açúcar. A soja é um produto altamente protéico, usado principalmente como base para alimentar suínos, ovinos e caprinos, em todo mundo. A soja se transforma, portanto, em carne. No caso da cana-de-açúcar, temos a produção de açúcar e de etanol. O etanol representa, atualmente, a única alternativa viável de um combustível não poluente e renovável, que poderá ser produzido principalmente pelas nações mais pobres. Também acho ignorância criticar a importância do etanol.
Quanto à reforma agrária propriamente dita, entendo e me disponho a concordar que o governo não assentou o número de famílias prometido. Mas há fatores que explicam em parte isso. Primeiro: com a geração de emprego nas cidades, muitas famílias desistem da incerta vida agrícola, preferindo a estabilidade de um emprego no comércio ou indústria. É preciso admitir também que os assentamentos existentes vêm recebendo generosos recursos e apoio técnico para se consolidarem, e que a agricultura familiar, através do Pronaf e outras linhas de crédito, nunca foi tão cuidadosamente contemplada como agora. Os recursos para aquisição de máquinas, oferecidos pelo Banco do Brasil, permitiram um avanço fantástico na mecanização do pequeno agricultor. Nâo é por outra razão que o governo Lula tem obtido níveis de popularidade recorde entre as regiões com predomínio de agricultura familiar, ao mesmo tempo em que o MST continua fortemente impopular.
Não me agrada criticar o MST. Sempre defendi a entidade e sei muito bem de sua importância para a recuperação do discurso em prol da reforma agrária no país. Mas observo também, e não é de hoje, o enveredamento da entidade para caminhos ideológicos obscuros e passadistas, que não se coadunam ao destino democrático e republicano que os brasileiros perseguem, que a esquerda moderna e democrática persegue. Aconselho jornalistas e interessados em conhecer melhor a realidade agrária do país, a procurarem sindicatos rurais, cooperativas, associações de produtores, e a Contag. São entidades respeitáveis, com representatividade e capilaridade muito superiores ao do MST, e que reúnem principalmente pequenos produtores, cuja voz nunca é ouvida. A esquerda e os jornalistas esquerdistas apenas ouvem o MST. Por que? Por que Stédile sabe muito bem o discurso que seus interlocutores da esquerda radical urbana gosta de ouvir? Stédile não está se tornando repetitivo?
*
A agricultura brasileira vive um momento extremamente difícil, por causa da explosão dos preços dos fertilizantes. O Brasil tem um solo pobre, que precisa ser corrigido com muito fertilizante para se tornar produtivo. Os três principais nutrientes usados nas lavouras são o Nitrogênio, o Potássio e o Fósforo. Os três são fundamentais para qualquer cultivo. O maior problema é o Potássio, porque o país não tem reservas deste elemento e precisa importar mais de 90% do que usa. Também o fósforo e o nitrogênio são, na maior parte, importados.
O Brasil gasta, anualmente, quase 1 bilhão de dólares com a importação de potássio. Os agricultores têm sofrido muito com essa dependência. Muitos países subsidiam os fertilizantes para os agricultores. No Brasil, a situação é agravada pelo domínio de grandes empresas, que monopolizam parte do setor e elevam ainda mais os preços dos fertilizantes. Governo federal, Ministério Público e entidades têm trabalhado para quebrar esse monopólio. O governo, recentemente, com ajuda da Petrobrás, criou uma estatal para explorar uma reserva de fósforo na Amazônia, que poderá aumentar a auto-suficiência do país nesse segmento, e iniciou a produção, de forma mais sistemática, de nitrogênio para fertilizantes.
Em breve, o IBGE divulgará a Pesquisa Agrícola, um estudo muito abrangente e detalhado, feito somente de 10 em 10 anos, retratando fielmente a realidade fundiária nacional. Farei algumas observações por aqui.
Abaixo a tabela da qual falei acima, com a produção agrícola brasileira conforme atualização recente do IBGE, com a safra 2008 e 2007, com volume produzido e área plantada. Clique nela para ampliar.
PS: Alexandre Porto agregou alguns comentários a este post, em seu blog.
11 de novembro de 2008
Considerações agrícolas
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Miguel, vão te acusar de chapa branca. Mas o esquerdismo azêdo e anti-pragmático não resolve nada para quem precisa de soluções. A mídia é tão nocisava, que pega todos, à esquqerda ou à direita. É muito fácil, quando não se tem compromisso com resultados, ser um ético radical.
ontem deu a louca no PHA
surtou de vez
parece que ele foi picado pela extrema-esquerdismo do PSOL
que por sinal a direitona adora
dizem por aí que o doutor Protógenes veio de encomenda para dividir ainda mais a esquerda
a direitona e a extrema-esquerda se amam
eu quis dizer
parece que ele foi picado pelo extremo-esquerdismo do PSOL
"os capitalistas nunca se dividem, os trabalhadores sim" (Mauro Santayana)
esta divisão ficou bem evidente nas eleições de Porto Alegre, enquanto o empresariado uniu-se em torno de Fogaça.
parece que isto vai se repetir em 2010, ao que tudo indica Protógenes fará este papel.
tomara que este meu pessimismo não se confirme e que as forças progressistas se unam pelo bem deste País.
a direitona está unida a todo vapor em torno de Serra, sua campanha nos meios de comunicação está vento em popa, só assistir ao JN, o imprensalão em geral, o jornal O Valor fez uma engenharia e tanta para mentir ao dizer que Serra criou um PAC e que Serra investiu mais no seu PAC do que Lula. O que o valor fez para chegar a isso? Dentre outros trambiques, incluiu no "PAC de Serra" o orçamento das estatais de SP e excluiu no PAC do Lula o orçamento de estatais como a Petrobrás. Fácil né.
Mas é esta a eterna tática destes crápulas: mentir, mentir, tripudiar, inventar, o que vale é o marketing.
Pena que, de quebra, estes imbecis sejam ajudados pela extrema-esquerda, concordo com o josé carlos lima, os extremos se encontram, se amam.
será que as extremas (direita e esquerda) estarão unidas em 2010?
semelhante atrai semelhante,
diz a lei da física
Miguel, achei muito boa sua análise a respeito da agricultura brasileira e os trabalhadores rurais/sem-terra. Este foi mais um complemento a análise anterior que você havia feito e que li.
É muito difícil para uma pessoa sensata, principalmente quando se considera de esquerda, criticar o MST de Stédile sem lhe reprovar o dogmatismo e sectarismo. E, em geral, as pessoas sensatas que lhes tem críticas a fazer o fazem de maneira cuidadosa, sem criminalizar ou discriminar e, procuram também fazê-lo para um público devido, não aos quatro ventos.
De outro lado, quando Stédile vai às entrevistas, por sua vez, não tem qualquer pudor. Xinga, denuncia, faz conjecturas, ilações e etc, sempre e sempre para desgastar este governo.
De admirador do MST e mesmo de Stédile nos últimos anos mudei de idéia. Considero-o, do ponto de vista político, um irresponsável que não sabe medir distâncias entre o passado, presente e futuro. Por outro lado, um isolacionista, porque a luta do MST não é exclusiva deste e dele. Ela é também compartilhada por outras organizações congêneres, partidos políticos, sindicatos diversos e pela sociedade civil organizada. É compartilhada por aqueles que querem e sempre quiseram para o Brasil um futuro melhor, seja no campo ou nas cidades. Stédile parece não entender isso e se julga, com o MST que lidera, o centro do universo, para onde todas as atenções devam ser desviadas. E seu grande mal, acho, é tentar se passar por um partido político sem assumí-lo abertamente, dentro daquela surrada e obsoleta mentalidade de que só a Insurreição resolverá, estando esta reservada para o futuro, quando for suficiente o "acúmulo de forças". O hoje é apenas transitório. Sinceramente, tenho medo de um "bolchevismo" que possa disso vingar no futuro. As coisas não estão prontas e nunca estiveram, principalmente para a esquerda. Basta recordar a História, desde a russa de 1917 até os dias de hoje.
Este post é sério candidato a ganhar o prêmio Monsanto, e uma citação no discurso de final de ano do deputado ruralista Ronaldo Caiado!
Tem cheiro de Cabo Anselmo na blogosfera. Nomes respeitados como PHA e Azenha estão inflando o discurso unilateral, com opiniões extremadas e sem contrapontos. Quem ganha com a radicalização? Neste momento, a elite branca que quer voltar ao Planalto.
para o anonimo que falou em monsanto: não fala bobagem. esta aí outra paranóia ongueira! o brasil tem a maior empresa de pesquisa agropecuária do mundo, a embrapa, e 99% de sua produção agricola é composta de variedades geneticas naturais, e não transgenicas. voce é do grupinho que, se não comunga no mesmo prato do mst, vira o capeta. a agricultura brasileira não é dependente de monsanto. tem a embrapa, repito, e tem uma diversificação agrícola enorme.
que tal, miguel, um leve comentário sobre essa controvérsia entre produtos trangenicos, orgânicos e aqueles desenvolvidos pela embrapa.
talvez, só a sua lucidez e sensatez dirimam tais dúvidas.
se é pedir muito: no aguardo.
Miguel,
Fiquei intrigado com o crescimento da produção de guaraná e castanha de caju com redução na área plantada, tens algum dado sobre isso ou foi só aumento de produtividade mesmo?!
aumento da produtividade. uma realidade em todas as culturas.
miguel
The Obama of Brazil
He came from the left and poverty, but da Silva rules from the center, as Obama must.
By the Monitor's Editorial Board
from the November 12, 2008 edition
Like Barack Obama, Brazil's president rose to power from poverty and the political left. But during six years in office, he has ruled from the center, tapping Brazil's market strengths, earning him world respect. When the two men finally meet, it may be President Luiz Inácio Lula da Silva – or "Lula" – who teaches Mr. Obama a thing or two.
A series on Brazil running this week in The Christian Science Monitor shows this "sleeping giant" nation has become a bright-eyed go-getter, due in large part to Mr. da Silva's embrace of practical solutions that please global investors and also most Brazilians (his popularity ratings are very high).
O centenário jornal americano, The Christian Science Monitor, ganhador de 7 prêmios Pulitzer enaltece Lula e diz que ele poderá dar boas lições a Obama.
Quando o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio da Silva, se encontrarem, pode ser que o presidente Lula é quem acabará "ensinando a Obama uma ou duas coisas", diz um editorial desta quarta-feira do jornal americano The Christian Science Monitor.
O editorial, intitulado "O Obama do Brasil", destaca o que considera pontos comuns entre os dois líderes, afirmando que "como Barack Obama, o presidente do Brasil veio da pobreza e da esquerda política e chegou ao poder.
Mas durante seis anos no cargo, ele (Luiz Inácio Lula da Silva) governou do centro, aproveitando os pontos fortes do mercado do Brasil, conquistando o respeito mundial".
fonte: http://www.csmonitor.com/2008/1112/p08s01-comv.html
Miguel,
Sou leiga em agricultura. Seu artigo clareou a área para mim e mostrou o que é cada coisa. E a quantas estamos.
Obrigadíssima.
Você tem toda razão quando diz que: "O agronegócio não concorre, no Brasil, com a agricultura familiar. São atividades complementares" e que “quem realmente representa a agricultura familiar é a CONTAG”.
O grande desafio da agricultura brasileira (patronal e familiar) é agregar valor à sua produção. Essa é uma tarefa em andamento e que precisa ser agilizada. Empresas como a Sadia e a Perdigão dão a senha de uma boa relação agro-industrial. E elas estão aportando agora no centro-oeste. Elas assumem o desafio de privilegiar a qualidade em vez de quantidade. Empresas com esse perfil acabam por inviabilizar o latifúndio.
A soja foi um excelente agente desbravador, mas é uma cultura de baixíssimo valor agregado e que por falta de demanda interna, acaba sendo utilizada para subsidiar nossos concorrentes na produção de proteína animal. Isso sem falar nos custos energéticos e financeiros embutidos no transporte de dezenas de milhões de toneladas de grãos por nossas estradas.
A barreira é vencer o poder das grandes tradings que acabam fazendo uma política econômica paralela. Repito, não tenho nada contra a soja, mas ela não pode ser o objetivo de uma política agrícola. Não me orgulho de ser o maior produtor e exportador de soja do mundo. Acho um desperdício de água, terra e energia. Precisamos de mais Estado formulando políticas; mais empresas agropecuárias no mercado de capitais; mais cooperativas; e principalmente mais deputados federais eleitos para que assim possamos ter o Luis Carlos Guedes Pinto, Ministro da Agricultura, e não um político do PMDB.
Nessa crise as tradings perderam sua força no financiamento agrícola e o presidente Lula vem turbinando os bancos oficiais. Não pretendo ver a agricultura dependente do Estado, mas esse pode ser o momento para reinventar os mecanismos do financiamento agrícola. O ex-ministro Roberto Rodrigues deixou como herança diversos títulos de crédito rural (CDA, WA, CDCA, LCA e CRA). Esse é o caminho.
Nota final: e para responder a um comentarista que acusou Rosário de “escrever o discurso da Monsanto”, quero dizer que o melhor cenário para a multinacional era o do monopólio do contrabando que ela tinha antes da aprovação da Lei de Biossegurança. A noiva legislação colocou as pesquisas da Embrapa na legalidade e ainda não conheci uma empresa de sementes que, em igualdades de condições, tenha conseguido ser mais eficiente.
Se houvesse menos corrupção no governo Lula, quem sabe não estaria ainda melhor conceituado? ...sem dizer da distribuição de renda e recursos ao país sonegados... Mas parece que estão dispostos mesmo a se omitirem diante da máfia, e o pior, temo que não por medo, mas por "oba-oba" "...É, agora é nossa veiz cumpanhero!" Todo petista digno precisa aderir a esse movimento... a não ser que sejam meros peemedebistas e sua ojeriza aos dividendos políticos. Se o PT e até Lula querem continuar precisam prestar as contas. As investidas golpistas da mídia vão começar a fazer sentido, e o povo que recebe o bolsa família, ainda confia, mas como todo ser humano, quer, merece e vai exigir mais, além do mais, a blogosfera irá se dividir. Ou adere ou, ficar em cima do muro pode custar caro para todos os progressistas. A DIREITONA já está aí, com a mão na cumbuca, ou ainda preferem acreditar que Lula comanda este governo? Chegou a hora do enfrentamento... Eu sei, tava tudo muito bom, tudo "indo bem"...
Miguel,
Discordo veentemente.
Criticar o agronegócio, como modelo de produção agrícola, é tão válido quanto criticar o modelo de produção fabril, e discutir todas as implicações sociais que ele traz.
Você reconhece o problema do preço dos fertilizantes, mas pergunto: qual modelo agrícola é mais dependente deles? O agronegócio monocultor.
Acho que você cai perigosamente para o economicismo, visando tanto a importância contábil do agronegócio para o Brasil.
Se transnacionais como a Monsanto não tivessem tanta importância no cenário agrícola brasileiro como insunua, como explica a aprovação incondicional do plantio de variedades de milho transgênico no Brasil proibidas nos países-sede dessas empresas?
oi Luis Henrique, a produção de milho ou soja transgenicas são absolutamente marginais e insignificantes no Brasil, e continuarão sendo, porque temos aqui a Embrapa, que desenvolve variedades genéticas de grande potencial produtivo e resistência à doenças, sem o estigma do transgênico. A Monsanto é importante no Brasil, porque somos o maior país agrícola do mundo, e mesmo se tivermos 0,1% de transgenicos, isso representa valores importantes. Não falo de valores contábeis, falo de geração de impostos que pagam saúde e educação e geração de milhões empregos. E o problema dos fertilizantes é igualmente grave para pequenos e grandes agricultores, comerciais ou familiares. O pensamento de que o problema dos fertilizantes é menos grave para o produtor familiar revela preconceito e ignorância contra ele, como se ele fosse um burro, que não tivesse inteligência suficiente para entender que somente usando fertilizantes um agricultor consegue produtividade e rentabilidade digna para seu negócio. Também se esquece que o pequeno produtor tem o direito de desejar se tornar grande produtor, porque ele quer pagar estudos para seus filhos e também quer, como qualquer ser humano, conhecer o mundo, e para isso precisa ganhar dinheiro, e sendo pequeno, ele apenas ganha o suficiente para sobrevivência.
oi Miguel,
Não disse que o problema do preço dos fertilizantes é menos grave para o pequeno agricultor, mas sim que as monoculturas são mais dependentes deles.
"Somente usando fertilizantes um agricultor consegue produtividade e rentabilidade digna para seu negócio."
Bem, eu acredito que há outras alternativas para o controle de pragas, que não dependam dos laboratórios internacionais... mas isso já é divagar um pouco do assunto.
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