Mudei o nome do meu programa de vídeo para Gonzum TV Show, em vez de Fala Maluco. Aí vai a sua primeira edição (ou terceira, considerando as duas edições do Fala Maluco). Eu falo sobre política. Ainda estou muito verde nisso, como vocês podem ver. Paro frases no meio e começo outras. Guaguejo um pouco. Não iluminei direito. Mas talvez se aproveite um pouco das minhas idéias.
Parte 1/3
Nessa primeira parte, eu falo do Gabeira quase todo o tempo e termino discorrendo sobre a estratégia da mídia para atrair o PMDB para a esfera de influência de Serra.
Parte 2/3
Continuo a análise para 2010.
Parte 3/3
Continuação. Comentários políticos variados.
1 de novembro de 2008
Gonzum TV Show, edição 1
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Eis o artigo do Wanderley: 2008: o ano das eleições inesquecíveis
Foram 3.357 prefeitos concorrendo à reeleição dos quais 67% foram reeleitos logo no primeiro turno
Wanderley Guilherme dos Santos
Foi uma eleição típica, de vencedores previsíveis, no geral, e substituições de partidos, aqui e ali, como é normal em eleições livres. Não chegou a um milhar o número de ocorrências policiais, em sua maioria por infrações à proibição de propaganda de boca-de-urna. Reiterando o costumeiro, o eleitorado consagrou majoritariamente o status quo, reelegendo candidatos que já ocupavam prefeituras ou atendendo à indicação de prefeitos que saíam.
Foram 3.357 prefeitos concorrendo à reeleição (60% do total) dos quais 67% (2.245) foram reeleitos logo no primeiro turno. Nas 11 capitais em que houve segundo turno, seis re-candidatos (55%) foram reeleitos. Entre todos os Estados, Mato Grosso foi o único onde o número de reeleitos ficou aquém de 50%: dos seus 81 re-candidatos, somente 40 (49,4%) obtiveram um segundo mandato. O Ceará foi o campeão do apoio ao status quo, reelegendo 75% dos prefeitos que se reapresentaram.
O Estado de São Paulo ficou em sexto lugar, com 72,4% reeleitos, Minas Gerais em nono, reelegendo 68,6% dos que se apresentaram, e o Rio em décimo, mantendo no cargo 68,2% dos que tentaram a reeleição.
Não aconteceram surpresas escandalosas, dessas que desmoralizam os institutos de pesquisa. Gilberto Kassab estava escalado para vencer na cidade de São Paulo, José Fogaça em Porto Alegre, Eduardo Paes no Rio e Marcio Lacerda em Belo Horizonte. Outras cidades, grandes e pequenas, seguiram o rotineiro padrão de vitórias e derrotas deste ou daquele partido.
Sem desmerecer o valor da contagem de quais partidos venceram em quantos municípios, controlando não sei quantos milhões de votos e administrando centenas de milhões de reais, considero de pouca valia as projeções, quer de coalizões, quer da importância desta ou daquela legenda, e ainda menos as estimativas de quem serão os candidatos presidenciais em 2010, além do provável vencedor. São projeções do desejo, não dos números.
A propósito de números, deve ser registrada a variação nos números das abstenções, dos votos nulos e em branco. Já no primeiro turno, a taxa de abstenção foi elevada em praticamente todos os Estados, mesmo descontando certo porcentual de eleitores mortos, porém não registrados nas listas dos tribunais eleitorais. Nas capitais em que a eleição foi para o segundo turno, a taxa de abstenção aumentou consideravelmente em todas as cidades. Em São Luís, por exemplo, a taxa pulou de 18 para 21,3%; em Salvador, de 16,9 para 19,7%; em São Paulo, de 15,6 para 17,5% (+ 1,9 ponto porcentual); de 17,9 para 20,2%, no Rio (2,3 pontos porcentuais); e, em Cuiabá, de 15,6 para 19,0%.
A tendência altista manifestou-se igualmente nos votos nulos e em branco, para vereadores e prefeitos. De acordo com o sítio do Tribunal Superior Eleitoral, as taxas de votos nulos para vereador, em 2008, foram mais elevadas do que em 2004, em todos os Estados, à exceção de Acre, Roraima e Tocantins. E em 16 dos 26 Estados as taxas foram recordes desde 2000. Quanto aos votos em branco, as taxas de 2008 bateram recordes, em todos os 26 Estados, na série desde 2000.
Os resultados das votações para prefeituras acompanharam a tendência. Somente em 7 dos 26 Estados as taxas de votos nulos não foram recordistas, em 2008, e nos Estados do Pará, Tocantins, Piauí, Bahia e Rio elas foram particularmente superiores às taxas de 2004. O mapa dos votos em branco, por seu turno, informa que as taxas de votos em branco para prefeito, em 2008, foram, em todos os Estados, superiores às taxas de 2004.
Os números não autorizam a dedução de que estaria havendo uma tendência do eleitorado a descrer do processo eleitoral. Tendências exigem uma série temporal de resultados bastante mais longa do que aquela de que dispomos. E para identificar um fenômeno tão grave quanto a descrença nas eleições se exigem taxas bem mais elevadas do que as que descrevemos. Mas não deve ser descuidada a convergência dos resultados. Taxas de abstenção elevadas convivem normalmente com reduzidas proporções de votos nulos ou em branco, e vice-versa.
Nas eleições de 2008, contudo, por coincidência ou pela ação de algum vetor causal que desconhecemos, os resultados apontam na mesma direção e com tal generalidade - em todos ou quase todos os Estados e capitais - que os partidos deveriam procurar saber, por pesquisas próprias, como o eleitorado se explica a propósito dessa coincidência.
Dizer que os vencedores de alguns dos principais pleitos eram previsíveis não inclui a afirmação de que a, digamos, "folga" dos números da vitória não tenha surpreendido os concorrentes e seus eventuais padrinhos. Os casos mais conspícuos são, inegavelmente, a vitória de Marcio Lacerda, em Belo Horizonte, e a de Eduardo Paes, na cidade do Rio.
Defendo a tese, como sabem, de que quem entende de eleição é o eleitor, o qual pode mudar de opinião a qualquer segundo sem dar satisfação a ninguém. Assim é que transformaram uma prevista vitória retumbante de Marcio Lacerda, já no primeiro turno, em humilde peregrinação em busca dos votos que lhe proporcionaram modesto sucesso, no segundo turno, contra um candidato, segundo consta, até então obscuro.
Estimo que a idéia do governador Aécio Neves e do prefeito Fernando Pimentel de fazer da eleição belo-horizontina um caso incontestável da possibilidade de uma convergência política entre o PSDB e o PT foi rejeitada. Sem mencionar a anedota de que esqueceram de consultar, antes, o eleitorado, os obstáculos preliminares da decisão foram suficientemente resistentes para alertar políticos experientes de que a idéia não estava sendo bem recebida.
Por que insistiram? Eis um mistério para mim, cético que sou quanto à tosca explicação de que costuravam um acordo visando eleger Pimentel para o governo do Estado, em troca de um virtual apoio do PT às sem dúvida legítimas pretensões do governador Aécio Neves à Presidência da República. Não é por aí. O resultado, creio, foi uma séria rachadura no PT mineiro que, eventualmente, pode vir a ser prejudicial ao próprio governador Aécio.
O caso do Rio é ainda mais complicado. Depois de destacar-se com um dos principais líderes da linha dura parlamentar contra o governo Lula, distribuindo sentenças e condenações enquanto durou o espetáculo da CPI dos Correios, Eduardo Paes salta do PSDB para o PMDB e sai candidato do progressista Sergio Cabral à Prefeitura do Rio.
Durante o primeiro turno, o eleitorado de esquerda, embora incomodado, ainda tinha a alternativa Jandira Feghali como sua intérprete. Por isto ou por aquilo, Jandira e o bispo Crivella, de possíveis adversários no segundo turno, foram derrotados logo no primeiro, justamente por Paes e, inesperadamente, Fernando Gabeira.
A esquerda ficou encurralada. Sem esquecer o passado recente de Eduardo Paes, não tinha como apoiá-lo, em nome de Sergio Cabral, muito menos empenhar-se em militância aguerrida. Gabeira, que ainda tem um mandato de deputado federal, lança-se em uma candidatura semi-aventureira, visto que o PV está longe de pretender conquistar o governo da cidade.
Em inteligente lance, a direita seqüestrou a candidatura Gabeira e o transformou em uma instalação: para ser visto, não para ser ouvido. O candidato Gabeira não tinha nada a oferecer como programa porque não entende nada da cidade. Mas a mídia comentava seu terno príncipe-de-gales e botas da estação, os 15 minutos parados em frente de uma sapataria no Méier, e consagrava o vazio de seu discurso como um novo modo de fazer política - o modo da instalação.
Foi levado à zona norte e, aos poucos, Gabeira abjurou todas as suas opiniões, inclusive as que ainda, privadamente, mantém. Foi, como instalação, apresentado à filha do embaixador americano que ajudara a seqüestrar; deu declarações retificando sua opinião sobre descriminação da maconha; fotografado, outra instalação, em culto evangélico, contrito, e, pasme-se, em confraternização com os militares da reserva do Clube Militar, patrocinador da anistia para os torturadores.
Candidato da direita radical - DEM e PPS - e da centro-direita, PSDB, que nunca teve chance na cidade, Gabeira promoveu a mais completa confusão no eleitorado da cidade, auxiliado pela esquisita escolha de Eduardo Paes para candidato das forças progressistas. O resultado foi a mais indecidida decisão eleitoral já vista. É como se o eleitorado dissesse: tanto faz um como o outro. Como é de minha doutrina: creio que o eleitorado tem razão.
Abraço, Vera Pereira
Olá, Miguel!
Essa possibilidade de vitória de Darth Serra em 2010 é fruto, entre outras coisas, da falta de política de mobilização de massas do PT nos últimos 10 anos.
E já que o PT não faz, a blogosfera faz. Jornalistas e blogueiros - alguns de grande peso na mídia - estão iniciando um movimento rumo ao um veículo de mídia que será de esquerda, não partidário, não governista, mas que apóie as conquistas sociais do governo Lula. E que o critique quando merecer...
No entanto, neste momento, provavelmente as críticas serão mínimas pois não queremos jogar água no moinho do PiG, que quer derrubar Lula - E Chávez, E Evo, e Obama, e qualquer governo que cheire à esquerda.
Não sabemos se esse veículo será um portal dos blogs, um veículo escrito, um canal de TV aberta. Isso terá que ser pensado. Mas uma coisa sabemos: queremos atingir muita, muita gente.
Temos um sonho de que será O veículo para se contrapor ao PiG, mas isso, por ora, é só um sonho.
Miguel, tomo a liberdade de deixar meu e-mail para você ou quem mais quiser saber detalhes sobre esse projeto:
locatelli@planetaignis.com
Abraço!
Tomara que seja logo Locatelli.
Goiás tem sido apresentado como experiência a ser seguida pelo PT e PMDB.
De fato os dois partidos sairam-se bem ao se aliarem.
Anápolis, terceira maior cidade, elegeu o petista Antônio Gomide, contra o PMDB, que não fez nenhum esforço para derrotar o PT, e isto foi possível por causa da aliança.
Tudo bem,
até agora tudo bem.
Como a novela não acaba ai, o prefeito eleito Maguito Vilela já avisou que em 2010 o PMDB, com o PT ou sem o PT, terá candidato próprio.
Como se vê, o salto alto está bem alto.
Um pouco de humildade ao PMDB seria de bom alvitre.
Mas, como se vê, não éstes o caso, daqui prá frentes os ânimos serão cada vez mais exaltados nas hostes pemedebistas.
Prá começo de conversa, o PMDB quer faturar as presidência da câmara e do senado.
Como se comportará o PMDB em 2010?
Pode ser que lance candidatura própria.
Pode ser que apoie Serra.
Pode ser que apoie o candidato de Lula.
Pode ser que, como ocorreu na última eleição presidencial, uma parte do partido apoie o candidato de Serra e, a outra parte, o de Lula.
O mistério, a incerteza, é um dos grandes trunfos do PMDB.
Obrigado, Vera. Legal, o Wanderley acompanhou de perto a movimentação de Gabeira pela cidade. O Manuskripto desse mês atrasou um pouco, mas já tá indo. Abraço.
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