E me deixaram
sozinho e escuro
num dia de sol
cheio de saudades
uma tristeza
de amor e força
uma canção de insetos
e feras
e sorrisos emocionados
e lágrimas
uma canção de amor, cara
de verdadeiro amor
me deixaram
enfim,
sozinho na esquina
do tempo, das eras,
dos minutos
semi-destruídos,
das paisagens de música
e sonhos, tantos
sonhos,
tantos sonhos
que morrem e apodrecem
no subsolo da alma
viram flores,
viram paisagens
devastadas
e horizontes
viram escombros
vazios
bienais
do meu antigo amor
brancas e traiçoeiras
como paredes descascando
ou vazamento nos canos
daí que o preço,
meu querido filho-da-puta,
é caro demais pra você,
ainda mais assim,
desbandeirado
e hipócrita
atravessando o campo de santana
às sete horas da manhã
infenso às guerras,
às doenças,
e à solidão
desgraçada do homem,
você atravessa o campo de santana
às sete horas da manhã
para cavar um buraco
ao lado dos préas
cara! cada vez
que te mandei se fuder,
eu pensava
em coisas maiores,
na china, por exemplo.
e no respeito.
e no respeito.
2 de novembro de 2008
Foram embora
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