A maioria entendeu

A maioria dos internautas entendeu perfeitamente a minha colocação. O delegado Protógenes fez um excelente trabalho ao prender o banqueiro Daniel Dantas, dentre outras funções que exerceu. Minha crítica dirige-se a seu endeusamento tendencioso, à sua transformação num super-herói, o que não beneficia ninguém, sobretudo a ele mesmo, que parece ter entrado numa egotrip. Ele não pode ter errado? O que identifico é uma estratégia sutil e maquiavélica da mídia para tirar o foco sobre Daniel Dantas. Por que, até agora, os jornais não deslocaram repórteres investigativos para fuçarem os negócios que levaram Dantas à posição atual, a ser condenado em tribunais do mundo inteiro: EUA, Inglaterra, Itália, sei lá mais onde? Por que não investigam as relações de Dantas com a mídia?

Sobre ser "chapa-branca", o comentarista que afirmou isso deveria deixar de ler esse blog e limitar-se aos blogs "chapa-preta", os quais contam com luxuoso auxílio dos principais meios de comunicação do país.

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Hoje o juiz Fausto De Sanctis deu uma aula de ciência jurídica, ao afirmar que a Constituição é apenas um documento, um papel, e que os verdadeiros valores encontram-se no povo. O povo é quem escreve a Constituição, mudando-a a seu bel prazer, através de seus representantes. Isso aí é filosofia pura, e música para meus ouvidos, pois corresponde uma dessas verdades que nos soam como reencontros com algo que já sentíamos no fundo da alma. Oxalá os desembargadores que julgarão se De Sanctis continua ou não no caso resistam às "visitas" de advogados de Dantas. O juiz participou de um evento no Rio, onde fez discurso em que constam as frases citadas.

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Continua impressionante a blindagem que a TRINCA SAGRADA, Folha-Globo-Estadão, dá ao governador José Serra. A Polícia Civil do principal estado do país, o mais populoso e rico e, portanto, onde ocorrem mais crimes, encontra-se em estado de greve há mais de dois meses. E ninguém reclama. Não há editoriais cobrando de Serra uma negociação mais efetiva. Publicou-se, recentemente, matéria confirmando que os policiais civis de SP ganham os piores salários do país, menos do que no Piauí, Alagoas, dentre outras unidades da federação infinitamente mais pobres. Mas a Folha contra-atacou com um estudo do hiper-tendencioso e tucano Instituto de Planejamento Tributário, que diz que "a capacidade de aplicação" não é maior em São Paulo.

Não consigo compreender como os jornalões conseguem represar a opinião pública dessa maneira, como as elites paulistas continuam jogando fora seus anéis para não perder seus dedos e a esperança de eleger Serra em 2010. A greve da polícia civil em São Paulo permite que o crime organizado do país inteiro se fortaleça a partir de lá, de maneira que a incompetência de Serra já afeta severamente a segurança pública nacional. Claro que a hipótese de uma intervenção federal em São Paulo é impensável, já que as elites paulistas preferiam ver seu estado implodir num cogumelo atômico do que assistir o governo Lula assumir as rédeas de seu "quintal".

O mais revoltante é que as centrais sindicais também se vêem cercadas, porque quando se manifestam contra essa situação, em favor de melhores salários para os policiais, acabam levando a culpa. Não se pode esquecer que os sindicatos e associações de policiais de SP não são filiados nem à CUT, nem ao PT, nem sequer à Força Sindical. Por isso a acusação de Serra de que as entidades seriam responsáveis pela greve e pelo conflito deflagrado entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, em frente ao palácio Bandeirantes, foi tão injusta com seus próprios funcionários - embora a imprensa paulista, é claro, tenha acolhido a declaração de Serra sem a minima crítica, sem editoriais, sem colunismo.

A imprensa brasileira deve compreender que, em virtude da internet prover, atualmente, todas as informações de última hora, a parte de opinião, tanto de seus colunistas quanto os editoriais, constitui o coração dos jornais. As pessoas procuram a opinião dos jornais para se posicionar, seja contra ou a favor. É um processo natural e saudável, porque, pensando bem, não existem verdades puras, ainda mais em política, mas interpretações mais ou menos racionais e objetivas.

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Eu fiz um estudo muito atento, nas semanas que antecederam a invasão americana ao Iraque, sobre os principais jornais americanos. Lia diariamente o New York Times, Washington Post, San Francisco Chronicle e uma série de outros jornais ianques. Fiquei estarrecido com a capacidade das forças políticas ligadas ao governo Bush influenciarem a opinião pública, iludindo as melhores cabeças dos Estados Unidos. Houve, de um lado, um grande silêncio, covarde ou perplexo ou confuso, por parte de intelectuais liberais; de outro, uma total e estúpida submissão a verdades explicitamente precárias e ambíguas; e assim os EUA iniciaram uma guerra que custou trilhões de dólares aos contribuintes, enriqueceu meia dúzia de fabricantes de armas, e preparou terreno para o país mais rico do mundo viver a sua pior crise financeira, política e moral de todos os tempos.