4 de novembro de 2008

Os mal intencionados do quadrilátero




Cinema bom, para mim, é poesia. Não preciso entender, apenas curtir, como quem se alivia num banheiro limpo. Por isso, tenho a honra de apresentar a vocês o curta-metragem Cascadura, direção de meu amigo Felipe Cataldo. Não só dele, também do indefectível, insigne, incomparável, inclassificável, Godofredo! É um curta poético e despretensioso, quase ingênuo, mas onde se pode observar faíscas de talento, loucura e singularidade, os três pilares de todo bom filme experimental.

Que fique bem claro que fazer filme experimental é o negócio mais difícil que existe, já que também é o terreno onde proliferam mais inocentes úteis, pilantras inúteis, além dos piores, os pedófilos metafísicos: os bem intencionados!

Nada disso, Cataldo e Godot, com ajuda da câmera luxuosa de Igor Cabral, fazem cinema com as piores intenções, que são, simplesmente, cortar novamente a cabeça de Luiz XVI, não botando ninguém no lugar, deixando a sociedade à deriva, perdida, alucinada, caminhando cega para o abismo de uma anarquia terrível, extravagante, cruel, desembaraçada, melancias geladas e deliciosas afrodites, num dia de sol, onde inocentes do leblon são comidas, vivas, por tamoios e plebeus em fúria.

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