Leitores me indicam textos publicados num post do Nassif, ainda repercutindo o artigo de Fernando Henrique Cardoso, aquele mesmo que eu tão açodadamente esnobei como irrelevante e soporífero. Que nada! O artigo incendiou o conservadorismo brasileiro. A história de "bons costumes" e "autoritarismo popular" pegou mesmo. O Estadão publicou editorial afirmando que Lula representa um perigo ainda mais "insidioso" que Chávez, por ser mais refinado e sutil.
É um magnífico show de hipocrisia. Falemos sobre os fundos de pensão e a tal república sindical que os estaria dominando. O que incomoda a direita? Que os fundos de pensão pertencentes aos funcionários sejam administrados pelos representantes dos próprios funcionários? Quem deveria administrar os bilionários fundos de pensão do BB, da Petrobrás, da Previ? Daniel Dantas? Sim, na época de FHC, entregou-se, por incrível que pareça, o controle desses fundos, os quais, por seu gigantismo, tem importância estratégica para a economia brasileira, a plutocratas de reputação suspeita, ou mesmo bandidos (como hoje se sabe) como Daniel Dantas.
Os sindicalistas não são santos. Para coibir possíveis maus feitos, há instituições policiais e investigativas. Criminalizar, porém, o sindicalismo, como FHC e a mídia procuram fazer, ao recriarem o fantasma peronista (agora é subperonista...) da república sindical, repetindo, sem a mínima criatividade, o discurso golpista de 64, é de provocar calafrios. A direção dos fundos devem ficar com alguém. Se o Estado é suspeito, se os sindicalistas são suspeitos, então entregar-se-á a quem? A tecnocratas como Dantas e Armínio Fraga? Não nos façam rir...
Tudo se resume a uma questão fundamental. Quem, no Brasil, tem moral para se arvorar como paladino e guardião dos valores democráticos? A mesma imprensa que ajudou a articular o golpe de Estado em 64 e depois a preservá-lo? A mesma imprensa que apoiou o golpe de Estado contra Chávez na Venezuela, em 2002? A mesma imprensa que acaba de apoiar o golpe de Estado em Honduras?
Eu queria saber quem deu, à imprensa, ou melhor, aos grupinhos familiares que monopolizam a comunicação de massa no Brasil, o poder de definir o que é democrático ou não, ou se a democracia avança ou retrocede no país? Eu não fui. Os eleitores não foram. Quem, então? A Hebe Camargo? O Silvio Santos? Caetano Veloso?
Mais uma vez percebo o quanto esse artigo de FHC foi importante para acender o debate político no Brasil, que andava meio morto. Agora sabemos com quem estamos lidando. O Serra não fala nada, esconde-se atrás das trincheiras midiáticas construídas para protegê-lo. Então coube a FHC, sem nenhuma perspectiva eleitoral, corroído pela dor de ver sua gestão cada vez mais ofuscada pelo lulismo bem sucedido, ou talvez movido por um sentimento puramente político, que eu diria até nobre, que é o desejo de criar um debate, de fazer a oposição superar o silêncio envergonhado e covarde que vem mantendo até agora, quebrado apenas pelas frases lacônicas de Serra ou pelas imagens de Aécio Neves curtindo baladas no Rio... coube a FHC soltar o verbo.
Enfim, o que FHC teme? Qual o temor do Estadão? Em seu editorial, detectamos vários temores: o fim dos partidos, o poder autocrático... Mas não há nenhuma evidência concreta de nada. Os partidos crescem ou diminuem ao ritmo das ondas eleitorais. As personalidades políticas também ganham relevo ou caem no ostracismo em função de seus desempenhos pessoais. Nesta paranóia contra o "personalismo" na política, o conservadorismo defende o quê: uma política sem "personalidades"? Depois de esnobar a preferência popular, e a própria popularidade, os conservadores querem candidatos que sejam apenas um número na cédula, um programa rígido de governo? Querem desumanizar a política?
Não vejo nenhum enfraquecimento da democracia ou das instituições. Ao contrário, temos hoje um Ministério Público cada vez mais combativo e atuante, com quadros renovados. Há uma nova geração de juízes, promotores e policiais federais que vem realizando um trabalho notável no combate ao crime organizado e à corrupção nos meios políticos. Os partidos, por sua vez, estão vivendo a vida, acumulando experiências, que é a única forma possível de amadurecer.
Atualmente, um percentual muito maior da população participa do processo eleitoral do que no passado e, com a internet, a imprensa corporativa perdeu o monopólio do debate político. O poder dos jornais impressos ainda é enorme, mas declinante, e, de qualquer forma, sem a qualidade democrática que há na internet, onde todos participam. A democracia, portanto, não está ameaçada no Brasil.
Acusa-se o PT de negar os ideais do passado, mas o que se pretende com esse discurso, é simplesmente constranger o partido dos trabalhadores, interferir em sua dinâmica própria, sua evolução ideológica necessária. O tempo do sectarismo acabou. A esquerda tem que se renovar, e um dos pontos principais é fugir (como tem feito) dessa armadilha capciosa criada pela direita midiática, que é se enquadrar num idealismo ingênuo, rancoroso e derrotista.
A esquerda não se caracteriza pelos meios, e sim pelos fins. Se é preciso estabelecer tal ou qual medida conservadora em determinado momento, isso não é fazer uma política de direita, ou uma economia de direita (como acusa o bobinho Caetano, em surto de analista político), porque os aspectos ideológicos devem ser abertos para todo o espectro governamental. Se o objetivo é combater a miséria e promover a ascensão social de milhões de trabalhadores, e se esses objetivos são cumpridos, é ocioso a disputa conceitual. O que eu vejo, na verdade, é a direita querendo puxar para si todas as conquistas e empurrar para o outro lado todos os problemas. Por acaso existe, hoje, nesses tempos pós-marxistas, alguma bíblia sagrada que estabelece que essa ou aquela medida são de esquerda ou direita? Não, o que há são posições ideológicas que procuram se apropriar de conceitos alheios. No fundo, não há importância se uma política recebe uma etiquetinha vermelha onde se lê "esquerda", ou outra, azulzinha, onde se lê, direita. Nesse sentido é que o pragmatismo lulista engoliu dois grandes sapos: a vaidade esquerdista, um tanto acadêmica, um tanto infantil; e a astúcia da qual a direita sempre se orgulhou de exibir.
5 de novembro de 2009
Desmontando o golpe
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O imprensalão vai repercutir o artigo "STOP Lula" de FHC por séculos.
Tal como aquelas descobertas feitas por astronautas que, de tão ricas, demoram anos para serem desvendadas.
Fhc é um poço de sabedoria.
Meu deus que país este nosso, quero dizer, que imprensa das mais vagabundas estas nossas, transformaram o dicurso de FHC em cartilha de redação.
Vai ver que se esqueceram que FHC foi tão bom presidente que ao final de seu governo sua popularidade não chegava a 15%.
Se FHC é tão bom, porque não se candidata de novo?
Mauro Santayana já disse que FHC é candidato.
Você vota nele?
Falando nisso, ele(FHC) não deveria estar preso, tal como seus coleguinhas igualmente tipo Fujimori, Carlos Nemem, etc etc
Incrível como um sujeito desse pode arrotar soberba por aí e ainda por cima ter seu discurso vendido como modelo para o Brasil.
Cadeia nesse safado.
Edu, você se lembra daquele artigo da Miriam Porca Leitão reclamando do marasmo da oposição, que Lula estava nadando de braçada sem ser importunado, etc e tal.
Pelo visto a Miriam Leitão pediu socorro a Fhc.
Como FHC não tem nada a perder, ele pode muito bem partir para a baixaria.
Isto é comum no meio da bandidagem, pessoas que matam por não terem medo de morrer por não terem nada a perder, tal como FHC.
André Rezende
Me desculpe, eu quis dizer Miguel do Rosário
André Rezende
O blog do planalto está mostrando o que o imprensalão não mostra: as realizações de Lula.
Está muito bom.
Acessem.
http://blog.planalto.gov.br/
Ana Paula
grande miguel,
agora, meu rapaz, você se superou. não que tenha descoberto a pólvora, mas porque traduziu numa linguagem simples, direta e emotiva a desconstrução do discurso preconceituoso e racista do senhor fhc contra os sindicalistas do país. ele não sabe, e nunca saberá, envelhecer com dignidade.
parabéns
carlos anselmo--fort-ce
gosataria que todos os brasileiros que como eu tive o privilégio de votar em lula e ele ser o cara...
que comprei duas camisetas e nelas vou imprimir assim,
SIM,NOS PODEMOS
SE LIVRAR PRA SEMPRE
DE SERRA//FHC/
EM 2010......
"A esquerda não se caracteriza pelos meios, e sim pelos fins". Disso eu discordo. No mais, o texto me agradou em argumentos. O importante é conhecer as tendências que estão surgindo dentro de algumas centrais sindicais, mais libertárias e com perspectivas de ruptura social.
FHC apenas atendeu à recente convocatória de Miriam Leitão.
Você se lembram?
Aquele artigo onde ela escreveu que a oposição tinha que partir pra cima de Lula.
A direita está ouriçada.
FHC para presidente, Miriam Leitão para vice.
André Rezende
Olá Miguel!
Veja essa no PHA. Foi a melhor que eu vi. E por mais que seja uma gozação. Me parece muito verossímel. Uma grande sacada sobre o que realmente é o nosso ex.
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http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=21792
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http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091106/not_imp462092,0.php
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http://www.youtube.com/watch?v=-ciFTP_KRy4
O conservadorismo político defende uma 'política sem personalidades' pois assim se subterfugia o poder: quer Paulos Honórios anônimos comandando o país, impassíveis frente às variações de humor da imprensa ou das células eleitorais.
Só discordo do último parágrafo, tal qual o Júnior.
Abraços
Sobre essa questão de meios e fins, eu não tive tempo para explicar. Como diria Jânio, fá-lo-ei mais tarde.
Abraços.
Tudo se resume a: o faraó FHC pariu uma expressão - subperonismo.
Por subperonismo, o povo brasileiro entende o quê?
Resposta: "FHC tem inveja do Lula".
Simples assim.
Exclui um comentário que não tinha muito a ver com o assunto em pauta.
Eu só quero entender.
Quando qualquer mídia contesta o lulla essa mídia é burra, mas quando a mesma ou outra mídia o elogia é uma mídia inteligente ?
Por acaso isso não vai acabar em Ditadura de Esquerda ?
As mídias que contestam o lulla são chamadas de burras, mas as que o endeusam por acaso não são mídias Chapa Branca ?
Lulla sempre ofendeu FHC, lulla sempre foi raivoso em relação ao FHC.
Agora, quando FHC disse o que pensa do lulla o lulla diz que o FHC tem inveja dele.
É claro que o lulla não gosta de ser contestado, que sente imensa dor de cotocvelo do FHC por este sempre ter se colocado a altura do cargo de Ex-Presidente, por FHC nunca ter revidado as sandices do lulla.
O ditado é claro: "quem fala o que quer ouve o que não quer"
Lulla, falou demais, ouviu o que o FHC devia ter falado há muito tempo.
Há uma crise instalada no Poder Noticiário. A perda de credibilidade dos grandes e tradicionais grupos de comunicação é visível e vem contribuindo para aumentar a tensão política no País.
Acostumamos a ver no Congresso a oposição iniciando seus discursos com a expressão "A revista Veja desta semana...".
Hoje, já se sabe que essas manchetes da mídia golpista foram sistematicamente ensaiadas, combinadas nos bastidores.
Aos poucos nos libertamos da manipulação e do arbítrio desse poder ilegítimo e antidemocrático.
Vida longa à Internet!!!
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