20 de fevereiro de 2008

Reflexões dispersas

(Antonio Berni, argentino)



Conheci cineastas cubanos num festival de cinema latino-americano em Toulouse, que me deram informações bastante interessantes sobre o país. Disseram-me que, com o fim da União Soviética, as liberdades civis de Cuba melhoraram muito. Revelaram-me que um dos problemas graves por lá é que não há internet banda larga, pois os EUA não permitiam a construção de um cabo até a ilha. Mas parece que Chávez estaria investindo num cabo vindo do sul, que resolveria esse problema.

Já escrevi muito sobre Cuba. Tenho respeito pela ilha e sua resistência. Quem estuda a história de Fidel Castro sabe que não foi ele quem derrubou a democracia no país. Foi Fulgêncio Batista, patrocinado e apoiado militarmente pelos EUA. Isso tudo está registrado nos arquivos oficiais do próprio governo americano. Fidel podia abrir o país à democracia? Ãh? Não foram os EUA que ajudaram a derrubar a democracia no Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, México, Nicarágua? Por quê cargas d'água não derrubariam a democracia em Cuba e implantariam outro ditador sanguinário, corrupto, que além de não permitir nenhum tipo de liberdade democrática, manteria os cubanos na miséria, com mortalidade infantil, analfabetismo, e morrendo de doenças tropicais.

Se existe um inimigo da democracia na América Latina, não é Cuba. São os Estados Unidos, que patrocinaram tantos golpes contra a democracia. Mas não tenho nenhuma visão maniqueísta sobre os EUA, que são um país com uma história maravilhosa e uma cultura fantástica, com auto-críticos mais corajosos e francos que qualquer crítico estrangeiro. Seus defeitos, todavia, são tão grandiosos quanto suas qualidades. Pensar que Bukówski, logo ele, foi vigiado e quase perseguido pela CIA, nos faz duvidar da tal liberdade americana. Pensar na morte de John Lenon, dos Kennedy, de Martin Luther King, mortos por uma extrema-direita hidrófoba, também é importante para termos uma perspectiva melhor desta liberdade. Sem contar na estranha morte de Hendrix, Joplin e Morrison, aos 27 anos - prefiro não comentar teorias conspiratórias segundo as quais teriam sido assassinados.

Cuba não é perfeita, mas os EUA também não o são. Cada país tem sua concepção de liberdade. Para o Brasil, liberdade era dar golpe militar e deixar crianças morrendo de fome nas ruas, enquanto Chico Buarque compunha canções em Roma. Para os EUA, liberdade era assassinar o presidente Kennedy e derrubar governos democráticos na América Latina - para empossar ditadores sanguinários que torturavam e matavam pessoas, fechavam congressos e exerciam censura absoluta sobre os meios de comunicação. Cuba também não fugiu a essa dialética macabra. A liberdade que escolheu foi a liberdade possível.

Arnaldo Jabor agora nos repete sobre o sonho socialista dos jovens endinheirados de Ipanema - que acreditavam num mundo perfeito, róseo, sem corrupção, com mulheres lindas abrindo as pernas sem culpas e jornais e editoras distribuindo empregos bem pagos para todos os escritores do país. Todo mundo viraria escritor ou cineasta ou músico. Mas eu não tenho culpa se o sonho bonito e idiota de Jabor (se é que era verdade que ele era tão bobinho assim) se esfarelou na realidade da vida.

Com o fim do socialismo europeu e russo, os hidrófobos anti-comunistas fizeram uma barulheira tão grande que não era possível refletir sobre os acontecimentos. Fim do socialismo! Esse foi o refrão mais repetido por toda parte. Até hoje. Surgem releituras da história que atribuem ao comunismo barbáries, mortes e torturas sem a mínima cientificidade. É o mesmo maniqueísmo e paranóia que também observamos em setores do esquerdismo, que identificam inimigos, espiões da CIA e fascismo em toda parte.

Sempre o mesmo cipoal ideológico, no qual todos se embrenham e permanecem ali, amarrados, paralisados, vociferando contra a TV Globo, de um lado, e contra o esquerdismo das redações, de outro. Um dia desses escrevo uma ficção política na qual Olavo de Carvalho e Heloísa Helena passam três meses trancados numa casa. Viram amantes na primeira semana, é claro, e passam a rir de seus extremismos.

Não se pode confundir ideologia com venalidade. A Veja não se tornou o esgoto que é porque adotou uma linha mais conservadora, e sim pelo declínio da qualidade de suas reportagens e pela absoluta falta de ética jornalística. Os artigos de Nassif sobre a Veja mostram isso. Veja vem se escondendo sob o manto de revista de oposição, como se isso lhe blindasse contra qualquer crítica. Da mesma forma, alguns pseudo-colunistas ou jornalistas se atribuem super-poderes para chantagear, caluniar, mentir e difamar, protegidos pela áurea de serem "anti-petistas". Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Como diria Juvenal Antena: justamente esse é o ponto-fraco desses caras. Acham-se tão fortes, mas esqueceram de combinar com os russos. Repetem tanto que o povo brasileiro é burro, que acabam acreditando nisso. Mas o povo brasileiro não é tão burro assim não. Temos nossos traumas, nossos problemas, nossas mazelas, nossas heranças coloniais. É muito chique dizer que os europeus são melhores que nós, mais éticos, mais trabalhadores, etc. Mas nós nunca invadimos outros países, nunca fizemos guerras mundiais nem exterminamos judeus. Apesar do trauma provocado pela escravidão, que denegriu tão profundamente a dignidade do trabalho, somos um dos países que mais cresceram no mundo nas últimas décadas, construindo cidades, indústrias, estradas, modernos parques agrícolas.

Abro um parênteses para comentar o patético debate no Congresso sobre a transposição do rio São Francisco. Aquele bispo autoritário afirmou que a transposição servirá a projetos de criação de camarão, de produção de uvas e indústrias, e não para matar a sede do nordestino. Então tá. Por acaso, os projetos mencionados serão tocados por robôs? Por acaso, o bispo acha que um ser humano vive só de água. Por acaso o bispo não vê que a superação da pobreza nordestina só será alcançada através da ativação econômica da região?

Quanto ao socialismo, eu acredito que as próprias instituições republicanas e o próprio sistema democrático já são uma conquista extraordinária em prol da justiça e da equanimidade social. A república democrática carrega, em si, o germe do socialismo livre. A democracia, no entanto, necessita de participação e debate para ser autêntica e permitir a construção da liberdade. O clima fla-flu que vivemos hoje no Brasil, tão denunciado por quinta-colunistas, nada mais é que o primeiro momento desses debates. A internet transformou-se numa grande praça de debates e, num primeiro momento, a liberdade manifesta-se de forma selvagem. É assim mesmo. A guerra entre tucanos e petistas é uma guerra democrática, e as eventuais feridas e excessos também fazem parte da liberdade. Se alguns se manifestam de forma agressiva ou grosseira, ótimo, porque demonstra que estão transudando sua brutalidade por um meio que, mal ou bem, é pacífico. Se houvesse internet nos anos 60, talvez Kennedy não tivesse sido assassinado. Nem Martin Luther King, nem John Lennon.

Hoje, alguns donos de jornais, como que surtados por algum flash back lisérgico, procuram, quase que saudosos, comunistas embaixo da cama e dentro dos armários. Globo e Estadão, principalmente. Sua maior raiva, ao que parece, é identificar a falta de inimigos. Outro dia, estava visitando o Prêmio do IBest e, chegando à seção de Cidadania, onde o site do Paulo Henrique Amorim ultrapassou o site que representa a versão tupinambá dos neo-con, Mídia sem Máscara, acabei topando com um artigo do Olavão intitulado "Afinal, lutamos contra quem?", no qual o pobre nazista tupi tenta resolver essa difícil questão. Ele e seus colegas, da mesma forma que muitos esquerdistas, são viúvas da queda do muro de Berlim. Ainda vivem naquele mundinho maniqueísta, em preto e branco, com comunistas malvados & heróis de um lado e capitalistas de outro. Confusos, agora apelam para um eruditismo ansioso e complexado, infantilóide, em que acusam seus adversários de não lerem seus livrinhos e exibem, pimpões, suas bibliografias previsíveis.

Há uma guerra ideológica constante no Brasil, sim, mas é uma luta democrática. Há também uma luta extra-ideológica, uma luta por poder. Se uns jogam sujo, apelando para difamações, intimidação, chantagem e desqualificação pessoal, mostram também fraqueza e perdem aliados. Vocês que acompanham essas guerras, já viram de quanta covardia os quinta-colunistas são capazes.

Entretanto, tem gente que leva a sério demais certas coisas. Outros recaem em clichês bobos, apontando inimigos onde não existem, ou demonizando-os, o que acarreta num tremendo disperdício de energia criativa, desvia o foco dos verdadeiros problemas e desmoraliza algumas nobres causas. Acontece muito isso com a Globo, com a mídia em geral. Põe-se muita culpa na Globo. Claro que a Globo não é santinha e tem um rabo maior do que uma jibóia. Ajudou a sustentar a ditadura. Mas a Globo podia fazer diferente? Um amigo acha que sou muito condescendente. Não se trata disso. A meu ver, não vale a pena perdemos tempo querendo mudar a Globo ou fazermos passeatas contra a Globo. Quer dizer, até se pode fazer isso, mas em momentos de grande comoção nacional. Acredito, sobretudo, na tomada de consciência, na libertação homem a homem, de libertar cada indivíduo do tubo que prende seu cérebro ao computador central de alienação. Essa libertação, podemos fazer tranquilamente através da internet. Através do cinema, da música, da literatura. Acredito sim na função política da arte, mas no sentido de libertar a subjetividade e elevar a inteligência e a consciência social e de si mesmo nas pessoas.

Big Brother Brasil? O mesmo amigo também diaboliza o programa. Por mim, acho que é dar bola demais. Existe Big Brother no mundo inteiro. Na verdade, com a globalização, há uma padronização televisiva em todo planeta. Não vejo mal no Big Brother Brasil. Não mais do que vejo no Caldeirão do Hulk, no Silvio Santos ou na venda de tapetes do canal 6. Estou sabendo que televisão vem perdendo muito público para a internet e isso é bom. A TV digital também será um indutor de importantes mudanças na tv brasileira, ao igualar a qualidade da imagem de todos os canais, reduzindo o poder da Globo, que possui mais redes de retransmissão e logo garante uma nitidez melhor para seus telespectadores.

Defendo o Lula porque acreditei e acredito que ele pode fazer um bom governo. O Brasil, finalmente, parece estar no caminho de superar mazelas históricas. As indústrias estão ampliando a sua capacidade de produção, preparando-se para uma nova era em que teremos não apenas um terço da população com poder de compra, mas a totalidade da população brasileira. A indústria de bens de capital cresceu quase 30% em 2007. Sabe o que é indústria de bens de capital? É o setor que produz máquinas para outras indústrias e o seu crescimento indica que as fábricas estão investindo em suas plantas e maquinários. Há décadas que isso não ocorria.

Os anos fernandistas foram bons em seu começo, mas não houve preocupação em distribuir a renda e resolver o problema da miséria e da fome. Não houve política industrial. Não houve ampliação das linhas de crédito, inclusive para a agricultura familiar. Essa classe média é muito ingrata com o Lula, porque é seu governo que está reabrindo o crédito para a casa própria. Com o crescimento da economia, estão surgindo excelentes empregos nas esferas superiores das grandes empresas. A grande dor de nossa direita é ter que admitir que a era Lula tem sido muito melhor para o capitalismo que os anos fernandistas. Isso porque a nossa direita, na sua cegueira anti-povo, não vê que um país com 190 milhões de habitantes, só poderá se desenvolver se tiver um vigoroso mercado doméstico, e isso supõe uma série de medidas populares importantes: adoção de vastos programas sociais, aumento do crédito para a arraia miúda, elevação do salário mínimo, enfim, políticas prioritárias para o bem estar das camadas mais humildes.

No entanto, como diz o Niemayer e o Fidel, é preciso ser consequente até o fim. Se é para evitar maniqueísmos, concedamos que FHC fez coisas boas: lutou contra a inflação, ampliou a rede básica escolar e implementou a lei de responsabilidade fiscal. Seu primeiro governo foi razoável. O segundo foi um desastre. Endividou o Brasil, aumentou os impostos, vendeu estatais de maneira suspeitíssima, a preços aviltantes, elevou os juros a patamares estratosféricos, produzindo uma recessão terrível no país. O segundo mandato de FHC anulou muito das boas coisas que ele realizou no primeiro.

4 comentarios

Unknown disse...

Parabéns .. só isso..

Anônimo disse...

o Brasil agora é credor,
como o PIG vai dar esta notícia, pois o PIG só publica coisa negativa,
aqui o link

http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=10613&Itemid=195

Anônimo disse...

Boitempo lança livro que denuncia jornalistas e veículos pró-ditadura
Beatriz Kushnir escreveu um livro "incômodo" para a mídia brasileira. É a edição de sua tese de doutorado, Cães de Guarda - Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988 (Boitempo). Revela a postura colaboracionista de jornalistas e órgãos de imprensa durante a ditadura militar. Está explicado, portanto, o motivo pelo qual esse livro quase não foi resenhado.

Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense, Beatriz Kushnir hoje é diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que tem um dos maiores acervos da imprensa alternativa que floresceu durante o regime militar. A tese que gerou o livro já foi defendida - com sucesso - no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para realizar seu trabalho acadêmico, ela privilegiou o período do AI-5 à Constituição de 1988, mas recuou a março de 64 e à legislação censória no período republicano. O alvo foi para os jornalistas de formação e atuação, que trocaram as redações pela burocracia e fizeram parte do DCDP (Departamento de Censura de Diversões Públicas), órgão subordinado ao Ministério da Justiça, cargo de Técnicos de Censura.

Outro foco da pesquisa foram os policiais de carreira que atuaram como jornalistas, colaborando com o sistema repressivo e censor do pós-64. Para encontrar esse grupo, Beatriz pesquisou a trajetória do jornal Folha da Tarde (FT), do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Ela teve acesso ao Banco de Dados da Folha, ao Dedoc da Editora Abril, aos arquivos pessoais do jornalista José Silveira (Jornal do Brasil) e da jornalista Ana Maria Machado (Rádio JB).

Foram entrevistados 19 jornalistas que passaram pela FT, 11 censores (só dois autorizaram a divulgação de seus nomes) e um grupo de 26 jornalistas, entre eles Bernardo Kucinski, Mino Carta e Jorge Miranda Jordão. Feita a apuração, Beatriz deixa claro que não apenas existia uma a estreita relação naquele período entre jornalistas e policiais. Também havia uma linha de estratagemas da direção das empresas de comunicação, ao aceitarem praticar a autocensura, como "sugeria" o governo militar.

Nesse sentido, Cães de Guarda conta histórias interessantes sobre os bastidores de jornais e emissoras de televisão. Fala do funcionário que Victor Civita despachou para "treinar" censores em Brasília. Fala dos censores que foram trabalhar dentro da TV Globo. Fala dos policiais que se tornaram "jornalistas" e dos jornalistas que fizeram papel de policiais. Fala dos bastidores da Folha da Tarde, o jornal do grupo Folha que prestou serviços à repressão.

Os casos mais explícitos
O relato sobre jornalistas-policiais é particularmente interessante. A autora demonstra como esses profissionais - escrevendo nos jornais ou riscando o que não poderia ser dito ou impresso - colaboraram com o sistema autoritário. "Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio."

A historiadora conta, em uma passagem da tese, que os dez primeiros censores que estiveram em Brasília, quando da mudança da capital, eram jornalistas. Eram profissionais que foram transferidos para as redações de Brasília - e lá acumularam cargos na burocracia do Estado, situação comum à época. Mas eles preferiram ficar com apenas uma atividade.

Assim, dez jornalistas optaram pelo trabalho no Departamento de Censura, onde se ganhava mais. Dois deles escreveram um livro explicando aos censores como se deve censurar e quais os artigos que se deve cortar.

Um dos episódios destacados pela tese de Beatriz Kushnir narra a trajetória da Folha da Tarde. Segundo a tese, o jornal foi o reduto, entre 1967 e 1984, de um grupo de jornalistas colaboracionistas - os chamados "cães de guarda" -, que dirigiram a redação como uma delegacia de polícia.

Na época, a FT era chamada no meio jornalístico como o jornal de maior "tiragem", uma ironia à grande presença de 'tiras' na redação. Durante uma década e meia, o jornal ficou sob o comando da direita, e muitos dos seus jornalistas tinham cargos na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Alguns fatos marcaram a redação. A prisão de Frei Betto, em 11 de novembro de 1969, foi minimizada pelo jornal, que não citou uma importante passagem em sua biografia: Frei Betto foi chefe de reportagem da Folha da Tarde. No episódio Vladimir Herzog, assassinado nos porões da Oban (Operação Bandeirantes) em 25 de outubro de 1975, a FT ignorou por completo a missa ecumênica realizada na Catedral da Sé, alguns dias depois da sua morte.

Os "gansos"
Outra prática, que se estendeu a outros órgãos de imprensa, mas ganhou exemplaridade na FT, foi a de transmitir integralmente a versão do Estado para desaparecimentos e assassinatos. Caso de uma manchete de abril de 1971 que anunciava a morte do guerrilheiro Roque, em confronto com a polícia de São Paulo.

Roque era o codinome do metalúrgico Joaquim Seixas, que havia sido preso com o filho Ivan Seixas, hoje jornalista. Os dois eram militantes do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes), e tinham sido acusados de matar o industrial Enning Boilesen, um dos financiadores da Oban. Foram presos e torturados.

Num certo dia, Ivan foi levado pelos policiais para um "volta" fora da Oban e leu em uma banca de jornal a notícia da morte do pai. Quando voltou do "passeio", ainda encontrou seu pai vivo. Joaquim Seixas viria a morrer horas depois. Os jornais do dia seguinte reproduziram friamente a nota oficial dos órgãos de repressão, mas a Folha da Tarde havia publicado a notícia um dia antes, com detalhes. Muitos atribuem à FT a legalização de mortes em tortura.

Além do caso FT, a tese mostra como redações, entre 1972 e 1975, "acatavam" os bilhetinhos do Sigab (Serviço de Informação do Gabinete), que notificavam diariamente os jornais sobre o que se podia e o que não se podia publicar. É o professor Bernardo Kucinski que lembra: "A maior parte da grande imprensa brasileira aceitou, ou se submeteu a esse pacto. Para Médici, era melhor que o próprio jornalista se autocensurasse".

As empresas escolheram seus "quadros de confiança". Por abrigar jornalistas colaboracionistas, algumas redações ficaram conhecidas como "ninhos de gansos". Os jornalistas de confiança que cobriam o Deops, por exemplo, não passavam pela revista e seguiam direto por uma entrada lateral, reservada aos policiais, apelidada "passagem dos gansos".

"Quem tem mais culpa? É o dono do jornal, é o jornalista? São circunstâncias que se dialogam", comenta Beatriz Kushnir, em entrevista ao jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. "Esse termo do colaboracionismo é um termo que dói de ouvir. Isso reflete muito do país, da formação, dos processos econômicos."

Portal do Mundo do Trabalho (www.cut.org.br)

reginacarioca disse...

Repito o Marcelo, PARABËNS...só isso...

A propósito, pq perder tempo e energia com uma criaturinha tao insignificante como Cora Ronai?
Regina Barbosa

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