8 de fevereiro de 2008

JORNALISMO TAPIOCA EM AÇÃO

O Globo hoje atingiu o cúmulo do golpismo udenista. Nas primeiras páginas, relaciona gastos do governo, fornecendo detalhes, incluindo os mais inúteis sobre os gastos mais mixurucas, apontando-os como se representassem um crime contra o patrimônio público. O cartão corporativo é para ser usado. É para comprar artigos para as salas das repartições. Todos foram explicados, mas o Globo repete hoje sem as explicações dos órgãos envolvidos, ou com as explicações truncadas e abafadas pela avalanche de pseudo-denúncias. Colchões, por exemplo, foram aquiridos por funcionários da Anac que iriam dormir nas suas salas de aeroportos, para passar a noite trabalhando. Onde está o problema? Mas o Globo não explica nada.

O hotel de luxo foi uma diária paga pela Marinha para uma alta autoridade estrangeira. O Globo não queria que a nossa Marinha hospedasse um Almirante inglês numa pensão da Lapa, não é? E assim vai. O Globo fuça o portal de transparência, que lista os gastos do cartão com detalhes. A mesquinharia do Globo não tem limites. Repete o caso da tapioca, que custou R$ 8,30 ao ministro dos Esportes, e que só representou um erro porque foi comprada em Brasília. Se fosse em outra cidade, o ministro poderia usar o cartão para comprar a famigerada tapioca. O Globo dedica metade da sua página 4 para fazer uma descrição quase literária do "acontecimento". Foi lá na Tapiocaria e entrevistou uma funcionária, arrancando ainda uma frase de efeito: "Neste país, tudo agora termina em tapioca". O ministro já devolveu há tempos esses malditos R$ 8,30.

É impressionante que um jornal que não se importou que o governo vendesse a Vale por 1 bilhão de dólares, apesar de especialistas afirmarem que ela valia dezenas de vezes mais (hoje vale 200 bilhões), agora demonstra indignação por R$ 8 que foram devolvidos antes de qualquer denúncia. Um jornal que não se importou que o governo federal mantivesse um regima cambial falido, apenas para se reeleger, fazendo o país perder dezenas de bilhões de dólares, agora se indigna com uma tapioca! Ora, vão plantar mandioca na horta do inferno!

Reitero: o Globo está tentando criminalizar a existência do Estado brasileiro. Está tentando, descaradamente, jogar a opinião pública contra o governo. A julgar pelas cartas absolutamente desinformadas que o próprio jornal publica, está conseguindo. O cartão corporativo é a melhor forma do governo gastar, porque fica tudo ali registrado. E o Globo está criminalizando a própria transparência. O cartão não é para ser usado apenas com fins de urgência, mas também para adquirir materiais de escritório e pagar alimentação em caso de estadia fora de Brasília. De qualquer forma, é um instrumento novo, com o qual os funcionários ainda estão se familirizando, mas cujo uso vem sendo estimulado pelo governo porque permite a transparência. Nada disso aconteceria se o governo não tivesse publicando tudo na internet. Mais uma vez o Globo joga para seu público udenista.

O Globo segue citando gastos sucessivamente, deixando o leitor absolutamente perdido, porque os mesmos, em si, não representam irregularidade nenhuma. Qual o sentido de um parágrafo inteiro para dizer que a servidora Ariene Meneses "pagou com o cartão do governo uma compra de R$ 40", numa loja de comércio de bijuterias e souvenires? Se o Globo não sabe exatamente o que foi comprado, porque não faz o seguinte? Antes de publicar a matéria e expor o nome de uma pessoa inocente, não procura a referida funcionária e lhe pergunta o que comprou e para quê?

E segue a absurda inquisição anti-governamental, listando até o gasto da presidência da república no supermercado Pão de Açúcar. Qual o interesse disso?

É muita tapioca. Ontem uma firma britânica afirmou que o campo de petróleo Tupi pode ser muito maior do que o previamente estimado, o que poderia triplicar as reservas brasileiras de petróleo. Mas isso não interessa ao Globo, assim como não interessava, em meados da década de 50, que Vargas criasse a Eletrobrás e a Petrobrás. Antes de Vargas, o Brasil dependia exclusivamente de gasolina importada da multinacionais norte-americanas. A cada 15 dias, chegava um navio com a gasolina. Se o mesmo atrasasse um dia, faltava combustível no país. E o Globo não queria que o Brasil investisse na prospecção de petróleo em território nacional. Não queria que o governo criasse a Eletrobrás para aumentar a produção nacional de energia elétrica, para levar energia para regiões totalmente desassistidas e ter condições mínimas de criar um parque industrial decente.

Os cartões corporativos representam 0,008% dos gastos do Executivo. Ou seja, não representam nada. Há corrupção em diversos níveis de governo, mas com certeza não é no cartão corporativo, cujos detalhes são publicados na internet. Naturalmente, dentre os 7 mil funcionários usando os cartões, devem haver problemas, muitos inclusive por erro e não por desonestidade. O que o Globo quer é paralisar o país, produzir mais uma de suas crises políticas, de forma a proporcionar lucros eleitorais para a oposição. Tudo fica claro quando se compara o tratamento que dá ao uso dos cartões pelo governo Serra. O Globo dá a seguinte manchete: "PT reage com acusação contra o governo Serra". Ou seja, não se trata de investigar, por uma questão de isonomia, o governo da oposição, que também usou cartão, e fez saques em dinheiro (que dificultam o rastreamento do uso da verba) em percentuais muito maiores. Aqui é o PT malvado que, por uma "reação", acusa o governo Serra. O Globo está pior do que Folha e Estadão em seu anti-petismo histérico. A manchete da Folha de hoje é: "SP gasta R$ 108 milhões com cartão", ou seja, o governo do tucano José Serra gastou mais em 2007 do que o governo federal, que gastou R$ 75 milhões. E sem a transparência observada no governo federal. Não é acusação do PT, caros editores do Globo, é informação da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Na primeira página, o Globo publica uma lista, intitulada "Da quinquilharia ao luxo", citando 6 funcionários, incluindo o ministro Orlando Silva e sua tapioca de R$ 8,30. É estarrecedor o cinismo. Não importa se os gastos são explicáveis, não importa os valores irrisórios, nem se já foram ressarcidos. Não, o Globo cria uma atmosfera de suspeição sobre todo o Executivo. Reparem bem. Apenas sobre o Executivo, porque apenas o Executivo publica seus gastos. O Judiciário, o Legislativo, os Executivos estaduais, gastam muito mais, em salários e ajuda de custo, que o Executivo Federal, mas não é lá que está o Lula. Mesmo se houver, eventualmente, um erro de um cidadão que comprou uma empadinha de R$ 3,00 num mercado de Brasília, eles querem usar isso para derrubar o Lula, como se o presidente tivesse autorizado o gasto.

Na verdade, a coisa está bem clara. O Globo quer derrubar o Lula. Simples assim. Com essa estratégia, o Globo (falo só dele porque não leio regularmente a Folha ou Estadão) pauta toda a imprensa nacional.

Eu queria ver uma enxurrada de ações penais dos funcionários e instituições citados nas reportagens do Globo por dano moral. O Globo está denegrindo a imagem de instituições como Presidência, Marinha, Agências, Ministérios, por conta de gastos publicados na internet, com a maior transparência. Pior: denegrindo por conta de gastos absolutamente irrisórios, sem dar nenhuma chance para as pessoas citadas explicarem os gastos, provavelmente normais, visto que dificilmente um funcionário iria fazer loucuras com um cartão cujo gasto é publicado na internet ao lado de seu nome e função.

O cartão é um instrumento muito novo na administração pública. No caso, é normal que haja confusão com seu uso pelos agentes federais, por falta de familiaridade e por falta de conhecimento dos detalhes das regras com cartões. O irônico é que eles representaram um percentual irrisório dos gastos do Executivo. Os funcionários têm outras formas, muito menos transparentes, de fazer compras com verba pública. O cartão é a maneira mais transparente.

O fato é que temos um Tribunal de Contas da União, que verifica todas as contas, e não tem encontrado irregularidades no uso do cartão. Se houve, o problema estaria com o Tribunal de Contas, que tem todos os gastos ali publicados, à sua disposição, para investigar e checar. O Tribunal é um órgão independente do Executivo.

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