30 de junho de 2010

Coisa mais ridícula

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Entrevista da Dilma ao Roda Viva

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Sei que a maior parte já viu, mesmo assim quero deixar registrado no blog, um link para a entrevista de Dilma Rousseff ao programa Roda Viva. Sempre é um reforço para incentivar as pessoas a saberem mais sobre os candidatos.

Parte 1



Nessa parte 1, eu destacaria a resposta firme ao jornalista do Globo, Germano Oliveira (o mais hostil de todos) que pergunta se ela se acha um poste; e a defesa da valorização, em termos salariais e de formação, dos professores. (Obs: Serra não fala em valorizar o professor. O que ele fala é de fazer cursos técnicos "mais curtos"). Dilma prometeu fazer escolas técnicas federais em todos os municípios com população igual ou maior a 50 mil habitantes.

Parte 2



Nessa parte, a candidata rechaça a idéia de que o Brasil esteja passado por um processo de desindustrialização, lembrando o ressurgimento da indústria naval. Defendeu a redução da carga tributária para a folha salarial, para a energia elétrica e para os investimentos.

Afirmou ser favorável à devolução imediata dos créditos tributários para indivíduos e empresas. Sobre a taxação das grandes fortunas, Dilma não sinalizou nenhum apoio, explicando que tal esforço demandaria uma energia política incompatível com o momento parlamentar e que há outras prioridades e formas de otimizar o sistema tributário nacional. Observou que o governo trabalhou no sentido contrário: reduziu o imposto de renda durante da crise de 2008/09, aliviando a carga tributária sobre as camadas médias e altas da população.

O jornalista do Globo reagiu irritado, dizendo que não era essa a proposta do PT. É engraçado ver que setores da mídia se revoltam quando a esquerda dribla certas armadilhas ideológicas e propõe uma agenda progressista que não precisa, necessariamente, entrar em conflito com as classes produtivas e proprietárias do país.

O platinado também procurou pegar a Dilma mencionando setores radicais do PT e o famigerado "controle social da mídia". A candidata já estava respondendo que, se fosse o caso de reduzir monopólios, era a favor, mas o repórter logo cortou-lhe a frase, dizendo "liberdade". Dilma então afirmou que não se trata, de forma alguma de cercear a liberdade. E defendeu a liberdade de imprensa, opinião, expressão e organização. "Se quiserem discutir o marco regulatório, é outra questão".

E aí o repórter da Folha pergunta se ela encomendou o dossiê. Ela nega veementemente e lembra que o chamado "dossiê" era uma reportagem patrocinada pelo jornal Estado de Minas. Quanto à quebra do sigilo, Dilma é didática: vivemos numa democracia e nem ela nem o Brasil podem aceitar acusações sem provas. Se a Folha não apresenta provas, a acusação não vale nada. E não é o acusado que deve provar, e sim o acusador. "As provas tem que vir à público".

Parte 3



Dilma dribla uma pegadinha ideológica se era a favor da taxação de bancos, explicando que se for distribuição de lucro, somos todos a favor, e inclusive são as multinacionais as mais empenhadas em distribuir lucro para seus empregados.

Explica que a renda dos mais ricos cresceu no Brasil dos últimos anos, mas o poder aquisitivo dos mais pobres cresceu muito mais, a taxas chinesas e foi isso que melhorou a distribuição de renda no país.

Disse ainda que não foram somente os programas sociais que elevaram a renda dos mais pobres, mas sobretudo a renda gerada pelo trabalho.

Citou de cabeça: foram criados 13.013.131 empregos formais no Brasil durante o governo Lula.

Em seguida, menciona os dados da Fundação Getúlio Vargas e do IBGE sobre a redução da pobreza no Brasil.

Afirmou então que o objetivo mais estratégico de seu governo será prosseguir reduzindo a pobreza no país, porque isso elevará a massa de consumidores e possibilitará um crescimento continuado, duradouro e sustentável.

Dilma afirma que se compromete a reduzir os impostos sobre investimentos para zero.

"Para aumentar a competividade do Brasil, temos que apostar na redução dos custos tributários, logísticos e energéticos".

Observou que o governo aprendeu, quando reduziu tributos para o setor automobilístico, durante a "crise" de 2009, que pode desonerar sem haver perdas, porque há aumento de produção e consumo.

Parte 4 - Final



Cortou logo uma interpretação equivocada das propostas defendidas na reunião do G20 feita por Heródoto Barbeiro, que fala em cortes de gastos públicos. Esse é um remédio para os países desenvolvidos, explicou Dilma, porque suas dívidas líquidas atingiram patamares que fogem ao controle. Não é o caso do Brasil, nem da maioria dos países emergentes. "Seria solidariedade burra tomarmos o mesmo remédio".

"Somos um país com as menores dívidas líquidas sobre o Pib" no mundo.

*

Análise rápida: Dilma conseguiu criar um ambiente muito mais leve e descontraído do que o candidato Serra, o qual chegou a hostilizar, gratuitamente, o apresentador do programa, Heródoto Barbeiro. Dilma enfrentou questões bem mais difíceis com muito mais serenidade e equilíbrio. Sua linguagem está ficando mais simples e direta. Está aprendendo rápido, enfim. E tudo isso mantendo a sua característica de responder tudo com um tremendo embasamento técnico e estatístico, e sem recair no tom irritantemente professoral de José Serra.

Globo tenta fazer terrorismo econômico

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Confiram só que interessante. O Globo hoje dá um manchetão enorme para uma matéria de economia. Como de praxe, a matéria destoa completamente da chamada de capa. Separei alguns trechos:

(...) Ainda assim, devido ao forte ritmo da economia e à valorização cambial, a dívida líquida do setor público continua em queda em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), indicando situação fiscal confortável para o país a curto e médio prazos, mas mantendo o sinal de alerta.

Apesar de o endividamento ter crescido entre abril e maio, passando de R$ 1,370 trilhão para R$ 1,371 trilhão, a relação dívida/PIB caiu de 41,8% a 41,4% e deve chegar a 41,1% em junho, segundo o BC. Principal indicador da solvência do país, essa relação vem caindo ao longo dos anos e em 2010.

Em dezembro era de 42,8% do PIB e deve ficar abaixo de 40% no fim do ano.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, lembrou que a retração nos últimos meses foi considerável.

Ele citou as economias industriais do planeta, cujo endividamento deve crescer entre 2009 e 2010: — A trajetória da dívida é benigna, mostra retração ao longo do tempo. Sazonalmente os números são ruins, mas a dívida se mostra sob controle.

(...) Augustin frisou que os investimentos federais pegaram carona no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em maio, somaram R$ 4 bilhões, e em 2010, R$ 16,7 bilhões, alta de 80% sobre maio de 2009 — 58% reais (descontada a inflação).

— (investimento) é uma despesa que queremos ter — disse ele.

Os repasses mais fortes da União para estados e municípios se explicam pela alta da arrecadação de tributos partilhados, como o IPI. O secretário ressaltou que o comportamento dos gastos com pessoal é positivo pois embora haja alta nominal de 8,5% de janeiro a maio de 2010, a queda real é de 4,6%. Para Augustin, as contas estão equilibradas e, por isso, agências de risco como a Fitch têm feito relatórios com análise positivas do país: — No Brasil temos visto analistas enxergando dificuldades fiscais. Nós sempre dissemos que isso não existe.

Maravilha, não? A dívida líquida percentual sobre o PIB está caindo. Mesmos os gastos com pessoal, motivo de tanto alarde na mídia, registraram queda real este ano.

Entretanto, reparem na manchete mimosa:


Quanta sensibilidade social, não é? Um incauto poderia acusar o Globo de fazer terrorismo econômico, de manipular as notícias, tudo com objetivo de arranhar a imagem do governo e, com isso, prejudicar a candidatura de Dilma Rousseff. Mas o pasquim de Kamel nunca faria isso.

*

Sarcasmos à parte, os platinados já definiram uma estratégia: atacar os gastos públicos. Para eles, quem está certo é Serra, que faz economia em cima do leite das crianças. E (os platinados) não tem pudor de tratar seus leitores como imbecis. É evidente que os gastos nominais irão crescer. É a lei da vida. O bicho cresce, tem que comer mais. Se o país cresce, aumentam as demandas por investimentos, educação, saúde, infra-estrutura. Ali Kamel quer engessar o Estado? O que importa é a relação percentual dos gastos com o PIB. A relação dívida com o PIB. Esses índices estão caindo, ou seja, a dívida líquida brasileira vem caindo ano a ano.

É muito ridículo o Globo (quem começou isso foi a Miriam Leitão) transformar a dívida bruta num grande problema. O importante é a dívida líquida. O Brasil tem dívida bruta aqui, mas crédito acolá. Se eu tenho uma dívida de cinco mil reais no Banco do Brasil mas um saldo positivo de dez mil reais na Caixa, a troco de que vou me desesperar?

Como é possível dar uma manchete dessa com base num dado sazonal, incompleto, descontextualizado de uma conjuntura altamente favorável? A razão de ser da manchete é que o superávit primário de maio ficou em R$ 1,430 bilhão, o menor para o mês em 18 anos. Mas isso é normal, porque o superávit do mês anterior havia sido enorme. Não é assim que se faz uma análise econômica. Deve-se dessazonalizar o gráfico, para evitar levar em consideração as bruscas variações mensais, que resultam de inúmeros fatores, como pagamento de décimo terceiro do funcionalismo, vencimento de algum papel mais importante da dívida pública, compensação por um superávit excessivo no mês anterior, etc.

Além do mais, o jornal não deu destaque ao aumento brutal nos investimentos do governo:

A mídia vive protestando contra o baixo índice de investimento do Brasil, em relação a outros países, mas quando este registra um aumento efetivo, faz-se um silêncio mortal sobre o assunto.

*

Fui no site do Ministério da Fazenda, e constatei que, de fato, o Globo manipulou um dado sazonal, temporário. O déficit do resultado primário e maio acontece após um superávit monstruoso em abril, de maneira que, no acumulado do ano, o superávit das contas públicas vai muito bem obrigado.

(...)No acumulado do ano (janeiro a maio), o Governo Central registrou superávit de R$ 24,2 bilhões, superior em R$ 5,1 bilhões ao apurado no mesmo período de 2009. O resultado em doze meses, equivalente a 1,34% do PIB ou R$ 44,5 bilhões. Conforme o secretário do Tesouro, demonstra uma tendência positiva de retorno aos níveis primários positivos de anos anteriores.

A meta para o quadrimestre é de superávit de R$ 40 bilhões e até maio foram realizados R$ 24,9 bilhões. “O resultado está dentro da expectativa de cumprir o primário cheio, de 3,3% do PIB em 2010, sem abatimento do PPI (Projeto Piloto de Investimento) ou Fundo Soberano”, observou Arno Augustin.

Em maio, a Previdência teve déficit de R$ 2,6 bilhões (ante R$ 3 bilhões em abril), sendo que a área urbana foi superavitária em 800 milhões. “No nosso entendimento, a Previdência tem ido de forma adequada”, disse Augustin.

*

O terrorismo do Globo já assustou mais, quando a economia brasileira passava por um momento realmente delicado, em função do agravamento da crise internacional. A imprensa, na época, apostou todas as suas fichas numa crise avassaladora que destruísse a popularidade de Lula e minasse qualquer possibilidade do presidente eleger um sucessor.

Agora, todavia, com a economia a todo vapor, a bomba de Kamel não me parece tão efetiva. A pólvora está molhada.

Uma boa exposição, abertura na quinta-feira

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Eu escrevi o texto de abertura, que é esse:

Santa Pelada: FUTEBOL-ARTE-CERVEJA

Incendiaram-se os recibos, as contas não pagas, os beijos, a vida chutada a gol, qual jabulani enfurecida, mulher ciumenta, o amor, e todas as canções bregas ouvidas no bar, a morena e sua história, o flerte... e o futebol festejado, bebido e vomitado, a morena de novo que saltita e o desejo de abraçá-la, beijá-la. É Copa do Mundo e os nervos floresceram sobre a pele, estamos eufóricos como quem chora. Toquem as vuvuzelas! Quer dizer, morte às vuvuzelas! Abatam a tiros os tocadores de vuvuzela! O que é o futebol? Seria o socialismo liderado por jabulanis autoritários? O anarquismo dos garrinchas bêbados? A monarquia do rei Pelé? Oh, sagrado Jesus da bola, dê-me inspiração para driblar os russos e acertar no ângulo superior da vida.

A doçura machucada das estrelas e do céu, gargarejava o Poeta, a boca cheia de absinto e restos de haxixe entre os dentes, projeta-se no abismo em flor. Reluz, lá embaixo, um verde infernal, e tecemos, lentamente, a angústia de perder um pênalti.

De onde vem a ginga, o drible, a manha, que nos faz tão bons de bola? Está na alma, no clima, na melodia? Nos beijos apenas sonhados? Na riqueza abstrata, nunca vista? Na morena que torcia para o Flamengo e não sabia meu nome?

Após o jogo, as cervejas, a liberdade, o sol faiscando sobre nossa (fatal) incompetência, vinte e dois rimbauds e suas ambições continuamente esmagadas, rolando até ferir-se, pela areia da praia de Ramos, tão suja quanto um coração apaixonado.

O futebol, enfim, é o Brasil das utopias fragmentadas, individualistas, fumadas como craque em decadêcia. Aos poucos, vamos retornando, todos, da Europa, saudosos de nossas favelas, armas, tem do preto tem do branco, adrianos inconsequentes, é isso, e o dunga severo, paternal, lúcido, burro, que nos leva à mediocridade, à vitória, Milão e Barcelona.

Jabulani, teu nome é Brasil, Luis Fabiano, o cão sem plumas, tanta cerveja, tanta, que transborda em arte, peladas, amizade, ladeiras e trocadilhos.

O rio Tejo, portanto, desagua na Guanabara. Tudo que sonho ou passo, dizia Pessoa, o que me falha ou finda, é como um terraço, sobre outra coisa ainda. Essa coisa (a bola, o bar do Gomes, a morena rubronegra) é que é linda.

Hummm.... É bom o MPE e a PF ficarem de olho aberto

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Tucanos apostam nas novas pesquisas

Apesar da pesquisa Vox Populi divulgada ontem, com os mesmos 40% (Dilma Rousseff) a 35% (José Serra) registrados pelo Ibope há uma semana, a campanha tucana aposta muito em duas novas pesquisas que sairão na sexta-feira e no sábado. A pesquisa de sexta-feira, está sendo feita pelo Ibope, sob encomenda da Associação Comercial de São Paulo; a de sábado, é o novo Datafolha, que será publicado na Folha de S. Paulo.
A esperança do PSDB é que as duas pesquisas mostrem resultados semelhantes às pesquisas diárias que o partido tem feito. Nelas, Serra bate Dilma por pequena vantagem.
Mas como assim? Por que resultados tão diferentes? Há pelo menos um ponto concreto que pode explicar a disparidade nos números. A pesquisa Vox divulgada ontem terminou suas entrevistas no sábado passado. A do Ibope faz hoje suas últimas entrevistas. E a do Datafolha ouvirá eleitores até sexta-feira. Como até ontem havia inserções comerciais de Serra na tevê, algo pode ter mudado e é no que confia a campanha de Serra.
Por Lauro Jardim

Osmar Dias adere a Dilma

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(Serra, dialogando com seus aliados)

Já abordei o assunto em post abaixo, mas de forma muito irônica. Vamos falar sério agora. Osmar Dias, do PDT paranaense, fechou com Dilma, ampliando a crise tucana em torno do vice. A escolha de Alvaro Dias revela-se cada vez mais uma burrice tão grande, tão enigmática, tão surreal, que me faz lembrar uma pintura de Hyeronimus Bosh. O pastelão tucano mostrou-se, gradualmente, cômico, trágico, ridículo, caricatural, e agora começa a se tornar doentio. Enquanto Serra afirma que é tudo "normal" e que "tudo vai se resolver", as lideranças partidárias gastaram, nos últimos dias, colossais reservas de energia, paciência, tempo e mesmo dinheiro (viajando para lá e para cá), em torno de uma decisão que o tucano poderá, num gesto de magnamidade, cancelar. Uma poderosa indagação, contudo, permanecerá flutuando no ar: porque fez isso, então? Por que produziu tanta notícia negativa? Por que traiu seu maior aliado?

O problema de Serra me parece mesmo a ausência total de caráter, e isso não se perdoa sequer entre ladrões. Por uma razão simples. Nenhum coletivo político jamais se mobilizou sem que haja um mínimo de confiança entre as partes. Se o DEM não confia no Serra, porque a população deverá confiar?

No caso do PSDB manter a decisão de dar o vice para Álvaro Dias, o cenário é ainda mais desolador para Serra. Pois mesmo que o DEM desista de pular fora da aliança, será um casamento de conveniência, sem amor, sem amizade, sem parceria.

*

E o PSC, que havia aderido provisoriamente a Serra, embalado naquelas pesquisas furadas do Datafolha que  mostraram o bicudo em ascensão, caiu em si e agora tende a fechar acordo com Dilma Rousseff. Caso a notícia se confirme, será mais um prego a selar o caixão da candidatura tucana, por causa do tempo de TV do partido, com o qual o PSDB esperava contar. As trapalhadas serristas perigam reduzir o espaço de propaganda eleitoral do candidato a um terço do de Dilma.

A mídia parece nem estar acreditando na reviravolta do PSC. A Folha deu uma notinha minúscula e hesitante. O Estadão apareceu com uma estranha ameaça do TRE paulista ao PSC:

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo desaprovou ontem as contas anuais do diretório estadual do PSC. Os juízes determinaram, ainda, a suspensão do repasse de novas cotas do fundo partidário ao diretório por 12 meses e o recolhimento pela sigla de R$ 147.045,63 ao fundo. Cabe recurso ao TSE.

A coluna do Ilimar Franco (Globo), por sua vez, é bem mais assertiva e informada:


Serra pode, ao menos, ficar tranquilo quanto a uma coisa. Mesmo que o PSC decida-se por Dilma, o tucano continuará tendo o apoio do ilibado Joaquim Roriz.

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Acabo de ler no Blog da Dilma que o presidente do Partido Social Cristão, pastor Everaldo, irá anunciar às 11 horas da manhã desta quinta-feira, a retirada de apoio à candidatura de Serra e a adesão à campanha de Dilma Rousseff. Se for uma aliança formal, a petista ampliará a sua já enorme vantagem sobre o tucano em tempo de tv.

Serra: "Cortamos o gasto com leite em São Paulo em mais de dois terços"

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Assistir a uma entrevista com Serra, como esta para Miriam Leitão, é algo ao mesmo tempo divertido e estarrecedor. Divertido porque testemunhamos alguém que se esquiva de qualquer questão mais concreta. Código florestal, escolha do vice, corte de gastos, Banco Central, o tucano tergiversa sobre tudo. Em geral, usa expressões idiotas, como "tem que trabalhar direito".

É engraçado também observar como ele tropeça no próprio rabo. Ao criticar as indicações políticas, ele afirma, por exemplo, que as escolhas serão "suas". Dá a entender que ele, Serra, será o único indivíduo com poder no Executivo. Ao esnobar a indicação política, Serra revela um centralismo doentio, e sugere que os partidos com os quais se aliou não tem competência para indicar nomes adequados para os milhares de cargos que, em virtude da alternância de poder, terão que ser necessariamente preenchidos. É ridículo ainda que ele não considere uma nomeação pessoal sua como uma "indicação política".

Serra vem repetindo, em toda entrevista, que chegou a nomear, para um carguinho no Ministério da Saúde, quando era titular da pasta, um "petista". Fala como se houvesse nomeado um corintiano para o cargo de diretor de um departamento do Palmeiras. É tão burro que revela que "não sabia" que ele era petista. Ora, se não sabia, então a sua isenção não está configurada, porque somente se soubesse, efetivamente, que a pessoa era petista e o tivesse, mesmo assim, indicado para o cargo, aí sim poderia dizer que é uma pessoa não-sectária.

Lula, por exemplo, quando nomeou Meirelles para presidente do Banco Central, sabia muito bem que se tratava de um tucano de carteirinha, e mesmo assim o indicou para um dos cargos mais importantes da República.

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A parte da entrevista que me estarreceu, todavia, foi quando Miriam perguntou onde o governo poderia cortar gastos. Serra enrolou um pouco, e acabou revelando (aos 21min:18seg) que, em São Paulo, conseguiu cortar os gastos com leite em mais de dois terços, apenas mudando a "metodologia". Imagino que tipo de metodologia é essa: servir leite de pior qualidade para as crianças pobres de escolas, creches e hospitais. O incrível é que ele diz essas coisas com orgulho. Será que ele acha que ganhará votos e admiração quando revela que seu governo reduziu brutalmente os gastos com leite para as crianças do estado?

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E termina, como de praxe, de maneira vulgar, monótona, convencional, repetindo bordão de campanha.

Nascendo pêlo em tucano

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(Alguns acham que os pêlos começaram a aparecer quando Dilma ultrapassou Serra nas pesquisas).

Algo bizarro acontece com nossos tucanos e os cientistas não conseguem explicar. Nasce pêlo neles. Muito pêlo. Alguns já estão inteiramente peludos. Uma verdadeira metamorfose, ou mutação, que os transforma todos em pequenos símios bicudos.

O tucano verde do Rio, o deputado Fernando Gabeira, foi o primeiro caso a chamar a atenção. No lançamento de sua candidatura, por pouco não abortada por Serra, que desejou, no último minuto, abandonar a aliança com os verdes para lançar um candidato próprio, alguns pêlos já haviam tomado o lugar das penas que caíram. Depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que ele não poderá mostrar, em sua propaganda eleitoral de rádio e tv, nem Marina Silva nem José Serra, porque as coligações regional e nacional se chocam, brotaram dezenas de tufos por todo seu corpo.

O foco inicial da doença, segundo especialistas, veio do próprio núcleo da campanha serrista. Muitos de seus membros estão irreconhecíveis, mais parecidos efetivamente com micos do que com nossas adoráveis aves tropicais, embora ainda se possa distinguir o bico alongado. Sérgio Guerra, por exemplo, chegou a ser internado, porque nasceram-lhe pêlos dentro da boca e no estômago. E uma notícia veiculada esta noite deve agravar muito o quadro de Guerra e de todos os tucanos, levando alguns a se transformarem totalmente em chimpanzés. Osmar Dias (PDT-PR), irmão do senador Álvador Dias (PSDB-PR), vice de José Serra, tomou (finalmente!) uma decisão: presenteará o parente com uma banana e será o candidato da frente pró-Dilma para o governo do estado!

*

E o Supremo Tribunal Eleitoral optou pela liberdade e não acatou a denúncia do Ministério Público Eleitoral contra os blogs pessoais por veicularem opiniões favoráveis a seus candidatos ou mesmo por pedirem votos.

Para o ministro, “diante de alegação da prática de propaganda irregular, de um lado, não pode ser sacrificado o direito à livre expressão do pensamento do cidadão que se identifica, de outro, não é possível permitir que essa manifestação ofenda princípios constitucionais de igual relevância ou afronte as leis vigentes”.

“A internet é, sem dúvida, o maior espaço já concebido para o debate democrático”, disse o ministro ao afirmar que os blogs e outros mecanismos são importantes veículos que permitem o debate de ideias e troca de informações o que é elemento essencial à democracia.

(...)“Manifestações de apoio, ainda que expressas, ou revelações de desejo pessoal que determinado candidato seja eleito, bem como críticas ácidas que não transbordem para a ofensa pessoal, quando emandadas de pessoas naturais que debatem política na Internet, não devem ser consideradas como propaganda eleitoral”, finalizou o ministro ao ressaltar ainda que a suspensão de conteudos na internet “deve atingir apenas e tão somente o quanto tido como irregular, resguardando-se o máximo possivel do pensamento livremente expressado”.

Por fim, o ministro Henrique Neves disse que a criminalização do debate político deve ser evitada. Para o relator, uma pessoa que não seja candidata ou que não haja a mando de um, somente pratica propaganda irregular quando esta se configura de forma abusiva, clara e evidente.

A decisão do TSE cria um precedente positivo, trazendo tranquilidade e autoconfiança à blogosfera politica. Viva o Brasil! Viva a democracia!

29 de junho de 2010

Truculência ocidental produz nova instabilidade no oriente médio

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Olha aí o resultado. O Brasil tentou ajudar, mas a truculência dos EUA e de seus capachos na Europa, somado ao incrível cinismo de Rússia e China, falaram mais alto, e as relações entre o Irã e o Ocidente voltaram a ficar tensas. Desconfiado e enfurecido, com toda a razão, o Irã está se isolando e ficando mais agressivo. O cinismo russo advém do fato de que o país já declarou que irá continuar investindo em usinas nucleares no Irã. O cinismo chinês explica-se pelo interesse do gigante asiático de fazer do Irã um fornecedor de petróleo "exclusivo".


Os lobbies de guerra não querem um ambiente tranquilo. O interesse é manter uma atmosfera de ameaça de guerra, para forçar Obama a continuar assinando cheques em favor da indústria de armas, um setor que nos EUA é altamente privatizado, embora sustentado pelos contribuintes americanos.

*

O que estão fazendo com o Irã agora é muito parecido com o que fizeram com Saddam Hussein. Estrangulamento econômico, satanização midiática, isolamento político, provocações constantes aos líderes do país. Resultado: o país se empobrece, se radicaliza, os grupos mais extremistas ganham espaço, a população fica insatisfeita e, estimulada por uma dissidência patrocinada com verba americana, realiza protestos cada vez mais violentos, o governo endurece a repressão, a satanização midiática aumenta, aprovam-se mais sanções. Enfim, cria-se um espiral de crise sem fim, apenas resolvido por uma guerra, por alguns milhões de mortos, e por um mundo mais instável, mais pobre e mais infeliz. Daqui a dez anos, o New York Times pede desculpas, centenas de ongs européias se dirigem ao Irã para tocarem programas de assistência social, e, discretamente, empresas ocidentais canalizam todo petróleo persa para suas refinarias.

Miriam não chora pelo Nordeste

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Esse gráfico é muito impressionante. Ele mostra o déficit nominal em relação ao PIB das principais economias, e o Brasil está no topo da pirâmide, ou seja, é um dos países menos endividados do mundo. Nem sempre foi assim, vocês lembram.

Entretanto, fui dar uma espiada na coluna da urubóloga e, sem surpresa, vi que ela nem toca no assunto que constituiu o tema central da reunião do G20, que é a meta de reduzir os déficits fiscais até 2014.

Claro que ela não abordou o tema. Isso a forçaria a elogiar o Brasil! Ela não se constrangeu, todavia, e, mencionando o G20, deu um jeito de falar mal de Lula.

Miriam Leitão perdeu qualquer escrúpulo de coerência. Seu antilulismo é tão doentio, que há momentos em que seu texto se torna verdadeiramente incompreensível. Observem como ela abre a coluna de hoje:

A primeira linha do comunicado do G-20 é animadora. Diz que é o primeiro encontro de cúpula do grupo na sua nova capacidade de ser o mais importante fórum de cooperação econômica global. É um atestado de superação do G-8. O presidente Lula não estava lá. O Brasil perdeu peso político na conversa dos grandes e deu mais um sinal de como é errática sua política externa.

Ela começa o parágrafo elogiando o G-20, uma criação geopolítica da qual o atual governo participou ativamente, emite um muxoxo infantil sobre a ausência de Lula e conclui, numa piparote lógico de fazer Descartes dançar o rebolation em seu túmulo, que "o Brasil perdeu peso político na conversa dos grandes". Perdeu porquê? Porque Lula faltou à reunião para monitorar a tragédia no Nordeste?

No finalzinho do texto, ela manda essa:

Há momentos em que a diplomacia brasileira faz esforços fortes no que não é tão decisivo, e outros momentos em que não aparece. O motivo apresentado foi que o presidente precisava coordenar as ações de ajuda ao Nordeste. A tragédia das chuvas foi grave, mas é o governo todo que precisa estar envolvido e o presidente poderia ter se ausentado, sem que isso significasse evidentemente interromper a ajuda às vítimas.

Não seria o contrário? Se o Brasil fez o seu dever de casa no G20, não pode ser muito bem representado, como o foi, por seu ministro da Fazenda, Guido Mantega? O que é mais importante, participar de burocráticos convescotes internacionais, onde Lula seria criticado de qualquer jeito (por viajar demais, etc) ou prestar apoio governamental e psicológico (com sua presença física) às vítimas de uma tragédia que vitimou a região mais pobre do país?

O raciocínio de Miriam é insensível e preconceituoso. Em virtude de sua economia frágil, a tragédia do Nordeste pode ter desdobramentos terríveis para milhões de pessoas. Prefeituras e governos estaduais tem estrutura precária e insuficiente para dar solução aos problemas urgentes que se multiplicam dia a dia. A burocracia emperra as verbas alocadas para levar auxílio às vítimas. Enfim, há uma série de fatores que pedem o monitoramento atento de um chefe de Estado preocupado com a população. Quando aconteceram as enchentes em São Paulo, José Serra, então governador, desapareceu do mapa, com medo de que sua imagem fosse associada a uma tragédia. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, igualmente escafedeu-se. Milhões de pessoas sofreram os efeitos da chuva sem que ao menos seu governante trouxesse palavras de conforto nem os informasse sobre as providência que estavam sendo tomadas. Durante semanas a fio, comunidades inteiras permaneceram submersas na lama pútrida, abandonadas pelas autoridades responsáveis. E nenhum colunista de jornal teve culhões para fazer a pergunta: "onde está José Serra?"

E agora, que Lula adota uma postura oposta e vai ao Nordeste e pisa na lama, e leva seus principais ministros para verem de perto o que aconteceu, Miriam Leitão diz que o presidente errou, que o certo era ele deixar sua equipe resolvendo o pepino, entrar no AeroLula e participar de coquetéis em Toronto, Canadá? Ora, é evidente que a presença de Lula, uma figura reverenciada como um mito no Nordeste, ajuda muito, em todos os sentidos. Ajuda a agilizar a liberação de verbas, cujo fluxo é atrasado por incompetência e insensibilidade burocrática; ajuda a trazer esperança e tranquilidade às vítimas, aliviadas por saber que Lula está monitorando pessoalmente a situação; melhora, enfim, a autoestima de todo país, que vê o Estado, na figura do funcionário público mais graduado da República, agindo efetivamente para reduzir os danos causados pela tragédia. O G20, afinal, é muito bom, mas não é comida.

Barraco ainda armado

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Rodrigo Maia, presidente do DEM, chama Álvaro Dias de mentiroso. Na cara dele.

Do Panorama, no Globo:

Outras notas sobre o mesmo assunto, ainda no Panorama:

Uns e outros - O DEM vibrou com a afirmação de seu presidente, o deputado Rodrigo Maia (RJ): "A eleição, nós já perdemos. Não podemos perder o caráter". Mas o PSDB não gostou e o candidato tucano à Presidência, José Serra, ficou ensandecido.

A novela do vice continua hoje - O encontro entre o candidato José Serra e o DEM, ontem à noite, sobre o vice da chapa, não foi conclusivo. O DEM falou de seu desconforto e reafirmou o desejo de fazer o vice. Serra explicou por que a escolha recaiu sobre o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e reconheceu que não encaminhou o assunto da melhor maneira. Hoje, o DEM debate o que deverá fazer. Mas a convenção do partido será burocrática e sem festa. Pode até ser transferida para a sede do partido.

Por que Rodrigo Maia fez uma declaração tão contundente? Simples. Porque o DEM sentiu-se profundamente desrespeitado pela maneira com que Serra conduziu o processo de escolha do vice. E também porque não foi a primeira vez. O tucano já tentara desmontar, no último minuto, um compromisso assumido com seus aliados no Rio, atingindo PPS, PV e DEM. Na ocasião, as lideranças do DEM no Rio  haviam se manifestado de forma bastante dura, tão dura que o PSDB teve que recuar. Foi um vexame. É incrível que o PSDB tenha repetido a dose, novamente puxando o tapete de seus aliados.

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De qualquer forma, não há nada resolvido. PSDB e DEM continuam intransigentes em suas posições. Há consenso generalizado que, independente da solução, a trapalhada de Serra constituiu seu maior tiro no pé nestas eleições.

*

Sem contar que há o risco de Osmar Dias, irmão de Álvaro Dias, ignorar o PSDB e montar o palanque para Dilma Rousseff. A indecisão de Osmar, que já beirava o patológico e o oportunismo barato, atingiu agora um patamar caricatural que, ele mesmo admite, está lhe prejudicando politica e eleitoralmete.

Dunga calou a boca de Galvão

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Ontem assisti ao jogo pela Band. De vez em quando, mudava para a Globo para saber que merda Galvão estava falando. Topei com uma xaropada em cima dos familiares de Kaká, uma desavergonhada invasão da privacidade alheia.

Depois do jogo, vi a coletiva de Dunga e entendi um pouco mais a irritação do técnico contra a imprensa. Ele explicou que vem tentando evitar que os jogadores, após os jogos, permaneçam muito tempo em pé, dando entrevistas. Disse que sua luta é para que eles descansem rapidamente após as partidas, para se alimentarem logo, e reporem as energias dispendidas em campo. Como os jogos são muito próximos uns dos outros, é preciso redobrar o cuidado com o descanso dos atletas. Ele usou várias vezes o termo "atletas" como que para lembrar que não são "estrelas" de rock ou do mundinho pop e sim seres humanos mergulhados em batalhas esportivas que requerem terríveis sacrifícios físicos e mentais.

A irritação do treinador, portanto, vem de sua luta, muitas vezes perdida, para que a CBF dê prioridade à saúde e ao equilíbrio dos atletas, ao invés de ceder, sem o devido cuidado, exclusivas para a imprensa. Profundo conhecedor do esporte, Dunga detectou as perdas físicas e psicológicas sofridas pela seleção em outras oportunidades, em função de expor os jogadores a cansativas maratonas de entrevistas, exclusivas ou coletivas.

*

Mesmo com a incontestável vitória, de ontem, repleta de lances espetaculares, o jornal O Globo não ficou satisfeito. Rancoroso e vingativo como sempre, o pasquim de Kamel decidiu irremediavelmente torcer contra a seleção.


Antes ao Globo não bastava a vitória. Tinha que apresentar futebol espetáculo. Esnobou-se a classificação em primeiro lugar. E agora, após a seleção meter três gols no Chile, sem tomar nenhum, exibindo o que foi talvez o melhor jogo de toda a Copa, o Globo opina que Brasil "ainda não encanta". Eu gostaria de saber que  raio de futebol "encantado" o jornal quer. Um bando de gnomos e duendes aparecendo misteriosamente na pequena área e fazendo gol?

28 de junho de 2010

+ Clipping

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  1. O neo-socialista Paulo Skaf radicaliza e prega revolução marxista: ensino pago na USP.
  2. O mundo encantado de Zé Pedágio: São Paulo tem mais pedágios que o Brasil inteiro.
  3. Prevendo o futuro, Estadão "decreta" fim da crise do vice e afirma que DEM irá recuar.
  4. Após recusar vice ao DEM alegando crise do mensalão brasiliense, PSDB alia-se a Roriz, fundador de todos os esquemas de corrupção da era Arruda. 
  5. Fernando de Barros e Silva: "o vexame já é fato consumado. A campanha tucana está em frangalhos."
  6. Fernando Rodrigues: "Democratas (ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL) é um partido em decadência."
  7. Osmar Dias (PDT-SC) é um ridículo (do Painel, da Folha):
Eu vim... No sábado, Osmar Dias (PDT) disse ao PT e ao PMDB ter recebido um aviso do PSDB: seu irmão Alvaro só seria vice se ele desistisse de concorrer ao governo do Paraná. Acrescentou que não cederia à pressão.
...para confundir No mesmo dia, Osmar garantiu a um tucano que iria mesmo se candidatar a novo mandato de senador na chapa de Beto Richa (PSDB).
*

E Moreira se lascou (ainda no Painel):
Porta Em reunião na quarta, a cúpula do PMDB deve propor a expulsão de Eduardo Pinho Moreira, indicado na convenção do partido em Santa Catarina para ser vice de Raimundo Colombo (DEM) ao governo.

*

Mais uma sequência de clipping:

  • Folha (na contramão do Globo) toma partido de Serra (óbvio) e ordena recuo do DEM. Matéria informa que se DEM pular fora da disputa presidencial, seu tempo na TV será dividido entre Dilma e Serra; a petista ficará, então, com 61% do tempo total, e Serra com 29%.
  • Outra biruta no aeroporto: Marina adere ao lulismo.
  • Dilma aceita participar de debate com Serra e Marina no UOL, dia 18 de agosto.

A colossal besteira de Serra sobre o BC chileno

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Continuando meu passeio pelos jornais, topo com mais um tucano chorando pelos cantos. Em artigo para o Estadão, Marcelo Paiva Abreu, nos diz o que já sabíamos: Serra enfiou-se num limbo eleitoral psicodélico que não agrada ninguém. Odiado por movimentos sociais e sindicatos, em função da truculência implacável com que trata qualquer tímido protesto. Temido por jornalistas comuns, pela forma deselegante e sectária com que reage à qualquer pergunta ou posicionamento crítico. Restaria a Serra o apoio dos liberais; eis que o tucano se revela, contudo, um intervencionista destemperado e, o pior de tudo, ignorante.

Em sua entrevista no Roda Viva, perguntado sobre como seria sua política para o BC, Serra falou uma besteira colossal, e que agora está sendo exibida, nua, em toda a parte.

Querendo se referir a um Banco Central onde o ministro da Fazenda (e portanto o presidente da república) teria mais influência, ele citou o caso chileno. De fato, por lá, o ministro da Fazenda participa das reuniões do BC. Mas não tem voto, e isso é um dado fundamental. Ele pode olhar, mas não pode tocar. Além disso, o BC chileno tem autonomia garantida pela Constituição.

Citando o chorão:

Mas quase tudo o que se sabe sobre o arranjo institucional chileno contraria as afirmações do candidato. O ministro da Fazenda do Chile de fato tem voz, mas não voto, em tais reuniões. Além disso, os diretores do Banco Central do Chile têm mandato fixo e a definição das metas inflacionárias e da política cambial cabe ao próprio banco.

Tudo leva a crer que o tucano protagonizaria intervenções estúpidas na economia, decididas solitariamente. Cada vez eu me convenço mais que o tal "preparo" de Serra para governar é uma ficção inverossímil. Ele não sabe articular, tem uma visão autoritária, truculenta e ignorante de política econômica; não possui sensibilidade social; é sectário demais para dialogar com movimentos sociais e sindicatos.

Serra é um blogueiro da Veja frustrado. Talvez ainda haja tempo de sê-lo. Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e José Serra constituiriam um poderoso trio de blogueiros políticos; tão poderoso que poderia, com algum esforço, derrubar o presidente... da Bolívia.

A eterna campanha midiática contra o Mercosul

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Não foi gratuitamente que Serra afirmou que o "Mercosul é uma farsa". A direita brasileira, que é a mais burra do planeta, prega continuamente contra a política comercial de aproximação com nossos vizinhos. Qualquer mísero probleminha comercial, que são inevitáveis, e que tendem inclusive a crescer quando se amplia o fluxo de comercio, é tratado como uma hecatombe geopolítica que mereceria, no mínimo, o rompimento das relações diplomáticas e quiçá uma declaração de guerra.

Estou exagerando, mas é por aí mesmo. Lembram que há poucos meses, o Estadão iniciou a enésima campanha contra o Mercosul porque a Argentina teria imposto uma nova barreira contra alimentos brasileiros que tem concorrentes no país? Pois é, o jornal voltou à carga. Em editorial desta segunda-feira, ataca o Mercosul novamente; somos informados, todavia, que aquela barreira não passou de "instrução informal" aos empresários argentinos para que não importassem produtos alimentícios do Brasil que já fossem produzidos no país.

EUA e Europa impõem severas, rigoríssimas, barreiras, comerciais ou não, a qualquer produto brasileiro que tenha similar em seus países, e nunca veremos nossa mídia pregando retaliação comercial ou uma política externa mais agressiva para com esses países. Enquanto isso, a Argentina, principal compradora de nossos manufaturados, é tratada com a soberba de um aristocrata que, por viver apenas de renda, despreza o mundinho burguês onde se ganha dinheiro exportando autopeças e maquinários.

Ele continua à solta

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Depois de provocar a morte de mais de um milhão de iraquianos, e torturar fisica e psicologicamente toda a população do país, depois de abalar profundamente a estabilidade política em todo o oriente médio, com reflexos negativos na África e no mundo inteiro, o Tio Sam declara não ter encontrado o pivô de toda a confusão:


(Do Globo)

E Serra continua dizendo que é no Irã que ele não confia...

É para rir ou pra chorar?

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Esse post eu dedico ao amigo Brizola Neto. Reparem só na cara de pau do Globo ao publicar a seguinte cartinha, na edição impressa desta segunda-feira:



Para quem não sabe ou não se lembra, o escândalo Proconsult citado pelo missivista teve participação ativa das organizações Globo, que divulgaram o resultado fraudulento com estardalhaço em rádio, tv e jornais, com objetivo de tratar a vitória do adversário de Brizola como "fato consumado". Muita cara de pau do Globo trazer esse assunto à tôna, na tentativa de manter os zumbis que ainda acreditam neste jornal sob encantamento antilulista.

Incentivar teorias de conspiração, a esta altura do campeonato, não passa de lamentável e covarde desespero. Entendo que se peça mais segurança ao processo eleitoral, que é o que Brizola fazia, mas isso é muito diferente do que difundir uma vaga e pérfida desconfiança nas instituições democráticas.

Lágrimas, lapsos & ultimatos

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O pior a fazer, por parte da campanha de Dilma, é achar que a partida está ganha. Por outro lado, a oposição, ao que parece, não tem o mesmo cuidado em exibir seu derrotismo precoce. O triunfalismo que os tucanos e seus amigos na mídia exibiam até pouco tempo atrás, quando as matérias começavam todas com "Serra, que lidera isolado as pesquisas", esfumaçou-se bruscamente. A choradeira é alta. Nesta segunda-feira, mal comecei a ler os jornais, já topei com dois colunistas se debulhando em lágrimas, Sardenberg e Noblat.

Noblat é cruel a ponto de dizer que Serra é um Dunga - novo inimigo da Globo - piorado, e abre sua coluna citando a declaração definitiva de Rodrigo Maia sobre a iminente derrota de Serra.



*

Ciro Gomes, curado da picada da mosca azul, dá seus primeiros passos como defensor de Dilma Rousseff.

Resignado, Ciro pede votos para petista no Ceará

Carmen Pompeu

O deputado Ciro Gomes (PSB) fez, ontem, em Fortaleza, seus primeiros pronunciamentos públicos desde que teve rifada a sua candidatura a presidente da República. Em duas oportunidades, ele pediu votos para a petista Dilma Rousseff. A primeira delas aconteceu na convenção do PDT cearense. A segunda, durante a convenção estadual do PSB, onde o irmão dele, o governador do Ceará, Cid Gomes, deu ponta-pé inicial na disputa pela reeleição. Na ocasião, Ciro afirmou também que a decisão de não levar a candidatura dele adiante foi feita por quem queria o melhor para o Brasil e para o povo. (Do Estadão)

*



Vocês conhecem minha opinião sobre Serra. Eu quero mais que ele se lasque. Mesmo assim, meu lado cientista político está perplexo, quase lamentando, a incompetência do tucano. Porque o jogo está perdendo a graça. É como se Maradona, Messi e Tevez sofressem um acidente de carro na véspera da final contra o Brasil, que os impossibilitassem de jogar. Esse tipo de coisa tira o sabor da vitória. Felizmente, não estamos falando de futebol. A vitória de Dilma, mesmo contra um adversário fraco, será necessariamente um fato grandioso, um marco histórico, porque significará uma incontestável goleada sobre uma mídia reacionária e golpista.

Como é possível que Serra tenha sido tão estúpido a ponto de escolher o seu vice sem o aval de seu principal aliado? A sua fé no poder da mídia atingiu as raias da loucura, é a única explicação. Ele acreditava que o anúncio, através da imprensa, transformaria a decisão num ato consumado. Todos os colunistas louvariam-lhe a sabedoria, as manchetes seriam favoráveis e com isso todas as lideranças partidárias insatisfeitas iriam baixar a cabeça.

Roberto Freire, que lembra cada vez mais o mordomo submisso do filme Crepúsculo dos Deuses, afirmou que Serra "não aceitará pressão". O que achei uma excelente descrição da personalidade política de Serra. Acredito que Napoleão também não aceitava pressões. Vinte mil professores protestam na porta de seu palácio? Não aceita pressão. Estudantes e professores páram a maior universidade do país? Não aceita pressão. Policiais civis fazem greve? Não aceita pressão. E dá-lhe porrada em todo mundo, nos professores, nos policiais e nos aliados políticos.

A campanha de Serra, que já não ia bem das pernas, parece ter se desarticulado completamente. Se recuar da decisão de indicar Álvaro Dias, terá exibido um ridículo show de incompetência, hesitação e debilidade. Quanto ao DEM, é um partido traído, humilhado, quiçá vingativo. Se o DEM recuar, mostrará fraqueza, se romper com o PSDB, implodirá a oposição ao governo Lula. É uma verdadeira sinuca de bico.

É patético que o PSDB use a desculpa do "mensalão de Brasília" para justificar sua deslealdade para com o DEM, visto que os tucanos tem seu próprio mensalão, em Minas, e Serra tem se exibido ao lado de Quércia e Roberto Jefferson, nomes com péssima imagem junto à opinião pública.

*

Na avaliação de Cesar Maia, segundo relatos, a eleição foi perdida no momento em que o candidato escolhido foi Serra, e não o ex-governador Aécio Neves.

(Do Globo)

*

Interessantíssimo esse artigo de Wanderley de Souza sobre o progresso científico do Irã nos últimos anos. Muda completamente o foco da questão iraniana. Segundo Souza, os persas estão realizando uma verdadeira revolução doméstica em termos de pesquisas biomédicas, nanotecnologia, e campos afins, ultrapassando rapidamente centros mundiais importantes como Rússia, Hong Kong, Israel e o próprio Brasil. São dados muito importantes para compreendermos a realidade política do Irã e sairmos do tatibitati preconceituoso que trata o país como um pária desprezível e atrasado, uma nação de fanáticos e loucos. Não é assim. É um dos países que mais tem evoluído cientificamente no mundo, o que torna as sanções contra ele ainda mais injustas e prejudiciais para toda a comunidade científica internacional.

Confiram um trecho:

Os dados em duas áreas estratégicas, a área biomédica e a nanotecnologia, são indicadores do estágio atual. Estudo publicado em dezembro último no "Clinical Trial Magnifier" aponta o Irã como o país onde ocorrem as taxas mais elevadas de crescimento da produção biomédica mundial, tendo crescido cerca de 25 vezes apenas nos últimos dez anos. Na área biomédica tem publicado mais artigos que Hong Kong, Nova Zelândia, Cingapura e a Rússia. Neste mesmo período o número de instituições de pesquisa iranianas na área biomédica aumentou de quatro para sessenta e quatro, o que explica o vigor do crescimento das ciências biomédicas no país. Cabe lembrar que esta é uma área que incorpora a moderna biotecnologia e suas aplicações em vários campos.

Na estratégica área da nanotecnologia, que vem produzindo uma revolução em vários setores industriais, a presença do Irã também é marcante. Em 2003, o Irã ocupava a qüinquagésima primeira posição na produção de conhecimentos nesta área. Neste mesmo ano Brasil, Israel e Turquia ocupavam a décima nona, a vigésima primeira e a trigésima quarta posições. Em 2009, o Irã já atingiu a décima quinta posição, enquanto os demais países ocuparam a décima nona, a vigésima terceira e a vigésima quarta posições, respectivamente.

*

Lapsos tucanos

Abaixo, três notícias (do Globo) que nem precisam ser comentadas. Repare nos trechos em negrito:
  1. Apesar da defesa enfática de Serra na entrevista, o nome do presidenciável não teve muito espaço na festa dos tucanos mineiros. Ele foi citado só uma vez nos discursos de Anastasia e Aécio. Os dois preferiram focar os discursos na campanha estadual, na qual enfrentarão a chapa composta pelo senador Hélio Costa (PMDB).
  2. Em Porto Alegre, numa convenção marcada pela ausência de Serra e de caciques nacionais do partido, o PSDB gaúcho lançou ontem a candidatura à reeleição da governadora Yeda Crusius. Duas grandes faixas com as fotos de Yeda e Serra foram as únicas referências no evento à corrida presidencial, já que a tucana não citou Serra em cerca de meia hora de discurso. Questionada sobre a razão de não tê-lo mencionado, Yeda disse que foi "um lapso".
  3. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) esqueceu de citar o candidato tucano à Presidência, José Serra, ao discursar neste sábado, por 23 minutos, na convenção do partido, que lançou, em Fortaleza, a candidatura do deputado estadual Marcos Cals ao governo do estado.

27 de junho de 2010

Ferreira Gullar se tornou um reacionário vulgar

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Não sou ignorante em poesia. Já li todos os livros de Ferreira Gullar, atentamente, diversas vezes. Lembro das tardes modorrentas no litoral sul do Rio, a chamada Costa Verde, que eu passava lendo, relendo, decorando, os poemas de Dentro da noite veloz. Ou ainda o impacto dionísiaco que foi conhecer as loucuras sintáticas do Poema Sujo.

Por isso mesmo, é com muita tristeza que eu constato que o responsável por um dos melhores momentos da poesia brasileira tornou-se um reacionário vulgar, medíocre e irresponsável. Eu gostaria de entender porque o poeta não usa sua coluna no caderno de cultura da Folha para falar de... cultura. Gullar escreveu importantes e polêmicos livros sobre artes plásticas (que também li, todos), onde critica severamente diversos aspectos da arte contemporânea. Acho incoerente de sua parte não usar o espaço de que dispõe para dar uma sequência dialética às críticas que fez em livro. Além disso, Gullar mostra-se extremamente desinformado em política. É notório que é um leitor unilateral da mídia impressa. Não conhece a internet, e isso é fatal para quem deseja ser analista político.

O que mais me irrita, e entristece, no texto de Gullar é sua profusão de clichês. Confiram comigo, os primeiros parágrafos de sua coluna de hoje.

ÉTICA NA política é coisa rara, qualquer que seja o partido. É surpreendente, no entanto, que o partido que nasceu empunhando a ética como bandeira tenha se tornado a expressão da antiética. Certamente, haverá, no próprio PT, exemplos louváveis de políticos que não se deixam seduzir, seja pela esperteza, seja corrupção, mas não são estes que dão as ordens na equipe do presidente Lula.

Não quero cometer injustiças mas, se não é mera impressão minha, vejo o presidente Lula como o oposto de tudo o que seu partido prometia trazer à vida política brasileira. Posso estar enganado, mas, se bem o percebo, ele, com a sua esperteza sindicalista, induz os que atuam sob seu comando a pôr de lado todo e qualquer escrúpulo: manipulam informações, falseiam a verdade dos fatos, forjam dossiês com falsas acusações, acusam vítimas de os estarem caluniando. Esses são alguns dos procedimentos comuns ao governo do atual presidente.

Dizer que o PT nasceu empunhando a ética como bandeira é um clichê, uma invenção astuciosa dos tempos do mensalão para detonar o partido. Ética não se mistura com política; é antes um imperativo moral do ser humano, seja de que partido ou ideologia pertença. O PT nasceu como um partido socialista, ou social-democrata, para defender a classe trabalhadora. Suas bandeiras eram o aumento da renda para o trabalhador e a luta contra a miséria.

Note como ele inicia o segundo parágrafo: "Não quero cometer injustiças, mas se não é mera impressão minha (...)" Ora, Ferreira, tenha dó! Não quer cometer injustiças? Então não as cometa! Não sabe se é mera impressão sua? Então nos poupe!

Em seguida, o poeta acrescenta outro pedido de desculpas por seu golpismo banguela: "posso estar enganado (...)". Ora, Ferreira, se tem tantas dúvidas, não encha o saco. Quer fazer oposição, que o faça ao menos com um pouco mais de assertividade. É muito ridículo acusar um presidente da República com essas gagueiras todas. Se você não sabe do que está falando, mude de assunto.

O mais deprimente, todavia, são os cacoetes positivamente reacionários de Ferreira Gullar, como usar a expressão "esperteza sindicalista" ao se referir a uma suposta malignidade do presidente. É muito triste ver alguém que já foi comunista adotar um vocabulário tão preconceituoso. Não reconheço o poeta comunista dos anos 60. Vejo aí apenas um radical de direita. Esperteza sindicalista? Incorporaste Carlos Lacerda, meu caro Gullar?

Mas o cúmulo, o que me fez vir aqui protestar, foi o encerramento do artigo:

Como sempre, ele responde a uma afirmação que ninguém fez, para escamotear a verdade. A verdade é que esse aumento eleitoreiro agrava o déficit da Previdência, que já chega a R$ 50 bilhões.

Ele protesta contra o aumento de 7,7% concedido aos aposentados, sancionado por Lula. É muito reacionarismo. Aumento eleitoreiro? "Posso estar enganado", mas pelo jeito Ferreira Gullar não vive de sua aposentadoria... e está se lixando para os milhões de brasileiros que poderão ganhar um pouquinho mais. E aí entra a irresponsabilidade. Gullar menciona um suposto déficit de 50 bilhões de reais da Previdência como um fato inexorável, sem fazer a necessária contextualização, que é o fato dos aposentados serem agentes econômicos fundamentais nas regiões mais pobres do país. Sua renda ajuda a manter milhões de famílias longe da fome e da miséria absoluta. Os aposentados criam seus netos, pagam seus estudos, alimentam-nos. O mais grave é Ferreira não lembrar que a aposentadoria no Brasil foi fortemente corroída nas últimas décadas, o que é uma realidade completamente injusta e inconstitucional. O Estado não pode, deliberadamente, empobrecer os seus cidadãos.

Se Gullar recordasse a sua própria poesia, saberia que Lula não é sustentado por si mesmo, mas pelas forças populares que o rodeiam, e sobretudo pelas profundas demandas sociais não satisfeitas por outros presidentes:

Porque
diferentemente do sistema solar
a esses sistemas
não os sustém o sol e sim
os corpos
que em torno dele giram:
não os sustém a mesa
mas a fome

*

Recado: meu laptop está com um problema na letra "n". A tecla está dura. Estou redobrando a atenção, mas as palavras escapolem, frequentemente, desprovidas desta importante letrinha.

Pout pourri eleitoral

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"É sempre bom lembrar que ninguém é obrigado a acompanhar velório."

DO SENADOR DEMÓSTENES TORRES (GO), sobre o apoio de seu partido, o DEM, à candidatura presidencial de José Serra (PSDB), à luz do anúncio da escolha do senador tucano Álvaro Dias para ser vice da chapa.

(Painel, da Folha)

*

Ratos começam a abandonar o navio:

(Panorama Político, do Globo).

*

Agora vai???

(O Globo)

*

Mamãe, roubaram meu pirulito!!!


(O Globo)

Tenho a impressão que ou o PSDB está subestimado a capacidade do DEM de articular-se com independência, ou o DEM, na pessoa de Rodrigo Maia, está cavando um buraco para enfiar sua cabeça. As declarações de Maia tem sido duras demais para que sejam neutralizadas com docinhos em estados pequenos, e a sua liderança poderá sair abalada se o partido engolir a pílula amarga oferecida pelos tucanos.

*

No Estadão, a coluna de João Bosco Rabello, que eu acompanho desde que foi criada, meses atrás, também toca uma marchinha fúnebre para a campanha serrista.

26 de junho de 2010

Análises conservadoras indicam vitória de Dilma no primeiro turno

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Esta notícia me chamou a atenção:

O eleitorado brasileiro pode ser dividido em dois grupos absolutamente distintos, de acordo com seu grau de informação sobre a campanha: o dos 73% que sabem que Dilma Rousseff é a candidata apoiada por Lula e o dos 27% que ignoram esse fato.

No primeiro grupo, a petista tem 51% das intenções de voto, contra 30% para José Serra, segundo a pesquisa CNI/Ibope. No segmento desinformado sobre a opção presidencial de voto, é o tucano quem lidera por larga margem: 50% contra 11% para a petista.

Claro que a situação pode mudar. Diante DESSES números, todavia, o analista mais conservador, prudente e pró-tucano, não poderá negar que se desenha um verdadeiro massacre eleitoral. A matéria, publicada na mídia serrista, completa meu raciocínio:

Com o início do horário eleitoral gratuito e o provável bombardeio de imagens de Lula com sua escolhida, os eleitores com um pé em cada canoa deixarão de turvar o cenário e se definirão - por um lado ou por outro.

Não há como prever se esse contingente, ao tomar conhecimento da opção de Lula, passará a se comportar como o restante da população e majoritariamente seguirá sua recomendação de voto. Mas é fato que os bolsões de desinformação, concentrados entre os mais pobres e nas regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste, são um território fértil para o presidente. É nesse eleitorado que o governo é mais bem avaliado e que as manifestações por continuidade da administração são mais eloquentes.

O repórter do Estadão tenta concluir o texto puxando sardinha para Serra, mas não cola.

Um tropeço forte na campanha pode marcar negativamente sua imagem e corroer seus índices eleitorais, mesmo entre os lulistas.

É evidente que se Dilma surtar e sair pelada pela rua gritando slogans terroristas em húngaro, poderá perder votos. Um analista, porém, deve fundamentar sua tese (que é apenas uma tese) sem considerar desastres improváveis. Até porque, erro por erro, Serra também pode cometer deslizes e afundar ainda mais.

*

Eis outra nota interessante na coluna de Mônica Bergamo:

VOTO GAY
Enquete promovida pelo site da revista gay "G Magazine" pergunta em quem o internauta vai votar para presidente. A candidata Dilma Rousseff (PT-RS) lidera a pesquisa com 40% das intenções, de um total de cerca de 180 mil votos. José Serra (PSDB-SP) e Marina Silva (PV-AC) empatam na casa dos 20%.

*

Enquanto Serra mete os pés pelas mãos, Dilma, a "sem experiência", movimenta-se com muita inteligência e ganha terreno dentro do próprio bunker tucano.

O Globo: Candidata do PT foi convidada para encontro na casa de Abílio Diniz
Leila Suwwan

SÃO PAULO. Em uma espécie de sabatina informal com empresárias, executivas e socialites ontem em São Paulo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, teria dito, segundo relatos, que vai realizar a reforma tributária nos primeiros seis meses de governo, caso seja eleita. A sessão de perguntas e respostas foi organizada na residência do casal Abílio e Geyze Diniz, do Grupo Pão de Açúcar. A lista de convidados foi mantida sob sigilo, e o encontro sequer foi divulgado na agenda da petista.

A maioria das participantes se assustou com a presença da imprensa, mas algumas aceitaram dar entrevista e comentaram o que consideraram ter sido um encontro “muito surpreendente e convincente”. O chá da tarde, segundo elas, foi informal, sério e concorrido.

— Ela disse ser sua prioridade, nos primeiros seis meses, fazer a reforma tributária. Todos saíram com uma impressão muito positiva. Ela mostrou estar bem preparada e surpreendeu, respondeu a tudo com precisão e foi convincente.

Vou votar nela — disse Cláudia Bonfiglioli, dona da rede Bon Grillê e presidente da Casa Hope, entidade de apoio a crianças com câncer.

— Foi uma confraternização.

Dilma foi muito simpática, mais do que eu achava — disse Laura Bethlem, esposa de um executivo do Pão de Açúcar.

Segundo a assessoria do Pão de AçucarAçúcar, o evento reuniu 50 amigas de Geyze.

Segundo a assessoria de Dilma, cerca de 30 “executivas e formadoras de opinião” participaram da conversa, com lanche e chá, no Jardim Europa, bairro de casas de luxo em São Paulo. Abílio Diniz, que já declarou apoio a Dilma, participou apenas do começo do encontro.

Outra bicada fora

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Outro mico tucano, pedir auditoria de pesquisa eleitoral.

Ainda no Panorama, do Globo:


A atitude tucana é bem mais grave do que essa notinha dá a entender. Ao atacar o Sensus, o PSDB agrediu injustamente uma tradicional instituição de pesquisa, manchando a auto-proclamada fama de paladino das liberdades democráticas. O ataque ao Sensus, agora está claro, não passou de um abjeto gesto de desespero, uma truculência exagerada e desnecessária. Os tucanos gastaram à tôa seu prestígio na mídia para desmoralizar o Sensus, e acabaram eles mesmos desmoralizados.

Incompetência de Serra faz oposição passar vexame

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"A eleição nós já perdemos, não podemos perder é o caráter". De Rodrigo Maia, presidente do DEM.

*

A novela em torno da escolha do vice de José Serra ainda não acabou, mas já constitui um dos maiores vexames da história política contemporânea. Confiram abaixo algumas chamadas na imprensa de hoje. Volto em seguida.



Na capa do Globo:



No Panorama Político, do Globo:


Nunca se viu tanta incompetência. E não é possível atribuir culpa a outrem que não a José Serra. Não era ele o mais "experiente"? O mais preparado? Diante de tantos fiascos seguidos, alguém deveria perguntar a Ciro Gomes se ainda mantém sua opinião (motivada por um mesquinho espírito de rancor) sobre o "preparo" do candidato tucano. 

Serra está conseguindo o que ninguém esperava. Ser ridicularizado por seus amigos na imprensa e odiado por seus próprios aliados. A razão é simples. Ele não respeita ninguém, não respeita nenhum compromisso. Suas decisões caem do céu qual mísseis, definitivas, explosivas, devastadoras. Numa hora ele tenta desarticular a candidatura de Gabeira aos 44 minutos do segundo tempo, num gesto vil, traiçoeiro, porque foi ele que persuadiu o verde a desistir de um emprego garantido no Congresso em troca da derrota quase certa para o poderosíssimo Sérgio Cabral. 

E agora Serra deixa que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, tão popular que foi cassado por seus pares no Congresso por acusar sem provas, opere como seu porta-voz, e anuncie o nome do vice através do Twitter. Resultado: seu aliado mais importante, o DEM, fica sabendo da decisão política mais importante das últimas semanas através da imprensa. E ainda é obrigado a ouvir lições de moral e ofensas de Jefferson.


*

O que é mais ridículo, quase inacreditável, é que toda essa palhaçada pode resultar em nada. Ou seja, o PSDB pode recuar e desistir de lançar Álvaro Dias. Assim como recuou e desistiu de explodir o palanque de Gabeira o Rio. Caso isso aconteça, e não será surpresa, teremos um fiasco ainda mais contundente. Serra é tão dependente da mídia, que suas articulações políticas acontecem ao sabor de manchetes e notinhas plantadas.

Cúmulo da incompetência, o objetivo principal de Serra, ao escolher Álvaro Dias para vice, pode não se concretizar. Ciente da trapalhada tucana, o senador Osmar Dias, do PDT paranaense, não interrompeu seu flerte com o PT e pode ignorar o fato do irmão ser vice de Serra e aderir de vez à campanha de Dilma Rousseff. Até porque ele também está sendo prejudicado. Afinal, esperava-se que o PSDB tivesse o mínimo cuidado de obter prévia aprovação de seus dois únicos aliados, DEM e PPS, antes de bater o martelo sobre o melhor nome do vice.

Em caso de recuo, a escolha de Álvaro terá sido um fiasco triplo:

  1. Produziu dissidência entre seus aliados, pondo inclusive a aliança formal com o DEM em risco, o que teria o efeito de um tiro de fuzil no próprio pé, pois reduziria substancialmente o tempo de TV do candidato. E mesmo que a aliança formal não seja desfeita, o fato gerou descontentamento na militâcia demista, prejudicando o engajamento dos cabos eleitorais do DEM, partido bastante capilarizado no interior do país, na campanha de Serra. 
  2. Não resolveu a situação do Paraná. Ao contrário, prejudicou Osmar Dias, um pedetista atucanado que sai chamuscado do episódio, com fama de oportunista, que escolhe seus aliados não por afinidade política mas por conveniência eleitoral. A exposição da chantagem dos irmãos Dias à Serra não ajudou ninguém. Afinal, Osmar Dias se aliará à Serra apenas porque seu irmão foi escolhido vice? Osmar é tão pequeno assim, a ponto de querer influenciar nos destinos do país e do mundo em virtude de um mediocre e egoísta cálculo familiar? Além disso, posicionar-se-á contra seu próprio partido, constrangendo seus militantes (se é que os tem)? E Álvaro também saiu mal na foto, por ter chantageado seu partido usando um eventual apoio de seu irmão como trunfo. 
  3. A cúpula tucana conseguiu uma proeza: um festival de notícias negativas na mídia em plena campanha televisiva de seu partido e de seus aliados. Expôs ao mundo sua incompetência, falta de caráter e tibieza. Decisões que vão e voltam demonstram insegurança e falta de planejameto, características nada louváveis para quem almeja se tornar presidente da república.

25 de junho de 2010

Seleções quase escaladas. A partida vai começar

3 comentarios

Parece que Serra escolheu mesmo o vice. Será Alvaro Dias, senador tucano do Paraná. A opção teria se dado para atrair Osmar Dias, senador do PDT, para a oposição. Osmar, que é irmão de Álvaro, tem se equilibrado sobre o muro nas últimas semanas, flertando ora com o PSDB, ora com o PT. As forças que atraem Osmar para o tucanato são locais. O PSDB, sob a liderança do ultra bem avaliado prefeito Beto Richa, tem força no Paraná.

Por outro lado, a escolha de Álvaro Dias para o cargo de vice tem ares de derrota. Por várias razões:

  1. O Sul é a única região onde Serra supera Dilma, segundo a última pesquisa Ibope. Escolher um vice do Sul em vez de apostar em alguém que pudesse agregar votos em regiões nas quais Serra não vai bem, como Norte, Nordeste ou mesmo o Sudeste, parece-me fruto do medo de perder também esse derradeiro bastião. A estratégia é temerária porque essa não é a função de um vice e, não sendo suficiente, terá sido munição disperdiçada.
  2. A opção por uma chapa pura reflete o isolamento partidário do PSDB.  E passa recibo sobre a insignificância de seus próprios aliados, DEM e PPS, partidos satélites que sequer foram consultados na indicação de um vice. Tanto que já espocam focos de rebelião no DEM, conforme o Nassif detectou
  3. Cedeu-se a uma chantagem eleitoral explícita. Pior: uma chantagem familiar. Osmar Dias, um dos quadros políticos mais importantes do Paraná, deu sinais de que ficaria ao lado de Dilma Rousseff. Seu irmão, Álvaro Dias, espalhou aos quatro ventos que seu irmão Osmar só mudaria de ideia caso o vice fosse ele, Álvaro. Mas o próprio Osmar ficou quieto, e a situação permanece incerta. De qualquer maneira, Osmar emerge pequeno do episódio, pintado como um indeciso e/ou um oportunista. Aliando-se a Serra, posiciona-se contra seu próprio partido, desgastando-o violentamente junto à militância  e junto à direção nacional. Perde força, portanto. Serra escolheu um vice para ganhar o palanque de uma figura enfraquecida, dúbia, hesitante.
  4. Álvaro representa um dos setores mais atrasados do PSDB. Não tem bandeiras próprias. Articula e vota sempre em função de um oposicionismo vale-tudo. Sua escolha mostra que o tal pós-lulismo paz e amor foi mesmo enterrado. Serra decidiu encarnar o representante dos hidrófobos que odeiam Lula acima de qualquer coisa. Para derrubar Lula vale quebrar o Brasil, produzir uma nova guerra atômica no mundo, todas as armas são válidas. A baixaria vai aumentar.
  5. O único que pode realmente ganhar com a escolha de Álvaro Dias para vice é o tucano Beto Richa, fenômeno eleitoral de Curitiba. Serra ganha muito pouco. A opção Álvaro soa, portanto, como uma transferência de poder para Richa, que emerge como principal adversário de Aécio Neves na disputa para ser o candidato tucano de 2014.

24 de junho de 2010

População também aprova política para educação

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P.13I) Para cada um dos assuntos que eu citar, gostaria que o(a) sr(a) dissesse se aprova ou desaprova a atuação do governo do Presidente Lula até o momento.
ATUAÇÃO DO GOVERNO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO



Pronto. Cansei de analisar o Ibope. FIM