6 de junho de 2010

Ferreira Gullar defende a guerra contra o Irã

O poeta Ferreira Gullar publica hoje, no caderno de cultura da Folha, um artigo melancólico, desinformado, reacionário e pró-guerra. Considero-o mais uma daquelas vítimas da mídia. Na década de 60, tínhamos o poeta Augusto Frederico Smith, outrora um generoso e boêmio editor, que publicara obras do comunista Graciliano Ramos, participando ativamente do histérico macartismo patrocinado pelos meios de comunicação. Histérico e oportunista, porque sempre visando enfraquecer a esquerda democrática representada pelo PTB e pelo presidente João Goulart.

O texto é inteiramente equivocado, e precisarei apelar para aquela estratégia de fazer comentários intercalados.


Ferreira Gullar: Entre o diálogo e a bomba


Como pode Lula afirmar que está aberto ao diálogo um regime que não tolera divergência, como o do Irã?


O ATUAL REGIME do Irã é um atraso. Trata-se de uma ditadura teocrática intolerante e cruel que não permite aos cidadãos iranianos manifestar-se contra qualquer decisão do governo.

As últimas eleições, que mantiveram no poder Ahmadinejad, foram descaradamente fraudadas e todas as manifestações populares de protesto, brutalmente reprimidas por tropas militares, sendo seus líderes, presos e condenados à morte.

[Todo mundo agora fica chamando o Irã de "ditadura", o que é conceitualmente confuso, visto que o país elege seus governantes através do sufrágio universal. O resultado das eleições do Irã foi confirmado pelo sistema judiciário do país. É, no mínimo, temerário afirmar que houve fraude sem atentar para a campanha política patrocinada pelos EUA para desestabilizar o regime. Gullar apela para o exagero e a desinformação. Vários líderes foram presos, mas consta que somente alguns foram condenados à morte. Em função da notícia, publicada no New York Times, de que os EUA lançaram uma ofensiva clandestina contra o oriente médio, voltada principalmente para o Irã, cujo objetivo era fazer alianças com grupos de dissidentes (leia-se patrociná-los) políticos para que, numa futura guerra contra o país, tivessem auxílio interno, nada prova que os condenados pelo regime iraniano não fossem traidores a soldo dos serviços secretos americanos.]

Às vésperas da visita de Lula a Teerã, cinco deles haviam sido executados. O fanatismo religioso e o ódio aos discordantes é de tal ordem que os cega, a ponto de negarem, perante o mundo, fatos históricos incontestáveis como o massacre de judeus nos campos de concentração nazistas e a destruição das Torres Gêmeas.

[Há manipulação nas falas do presidente iraniano. Lula, que já conversou com ele sobre esse tema, explicou que ele não nega o Holocausto, mas lembra que na II Guerra morreram 60 milhões de pessoas, e 6 milhões de judeus. Não houve somente morte de judeus, portanto. Morreram 20 milhões de russos, por exemplo. Ninguém nega a destruição das Torres Gêmeas. Gullar não pode pegar a afirmação de algum fanático iraniano e fazer disso uma posição oficial do Estado. Os EUA tem fartura de fanáticos que também negam o 11 de setembro.]

Tamanha insensatez e intolerância, que beiram o ridículo, resultaram no isolamento do Irã, mesmo no Oriente Médio. Não obstante tudo isso, o presidente Lula tomou a iniciativa de romper esse isolamento e oferecer seu apoio fraternal ao governo de Ahmadinejad.

[Lula não ofereceu apoio fraternal. Ofereceu mediação. O isolamento do Irã ocorre por parte das potências atômicas ocidentais, e não da comunidade internacional. Tanto que a Rússia continua vendendo mísseis para o Irã e a China é a maior compradora de petróleo do país. Gullar tem uma visão colonizada e anacrônica de achar que o mundo é Europa e EUA. O mundo cresceu e a maior parte dele não isola o Irã.]

É impossível não perguntar: mas por quê? É, sem dúvida, uma atitude surpreendente, difícil de entender. Vejam bem: o Brasil não tem nem nunca teve vinculações estreitas, de qualquer tipo, com o Irã. Não há nenhum objetivo, seja político, seja comercial, que justifique arrostarmos com tamanho desgaste ao apadrinhar um regime repressor e movido pelo fanatismo.

[O Brasil ofereceu mediação porque é membro do Conselho de Segurança da ONU. Não-permanente, mas mesmo assim, membro. Esse cargo implica responsabilidades geopolíticas. O Brasil tem sim objetivos políticos e comerciais para se meter nesse imbróglio. O oriente médio se tornou um dos principais mercados brasileiros, com destaque para o Irã, que é o quinto ou sexto maior comprador da carne brasileira. Os objetivos políticos são ainda mais explícitos. O Brasil abriu espaço para o mundo emergente, deixando claro que as grandes decisões de guerra e paz agora devem ser tomadas pelo conjunto da comunidade internacional. ]

Pior ainda: o apadrinhamento de Lula a Ahmadinejad implica a tentativa de justificar o projeto iraniano de fabricar armas atômicas, contrariando assim o Tratado de Não Proliferação, de que, como o Brasil, é signatário.

[Não há nenhuma prova de que o Irã pretenda construir bombas atômicas. Os EUA justificaram seu ataque ao Iraque com dossiês secretos que provavam a existência de armas de destruição em massa. Era mentira. Por que razão o mundo deve, mais uma vez, se curvar submissamente às tendenciosas acusações americanas?]

Lula faz que não vê, mas não pode ignorar as artimanhas do regime iraniano para escapar à fiscalização da Comissão de Energia Atômica, fingindo disposição de dialogar quando, de fato, tudo o que pretende é ganhar tempo e dar prosseguimento a seu projeto nuclear militar.
Assim foi que, diante de uma nação brasileira perplexa, Lula promoveu um encontro em Teerã com o presidente iraniano e o premiê da Turquia para produzir um suposto acordo que mostrasse a boa vontade do Irã em resolver o impasse.

[O Irã tem aberto suas instalações à Agência Internacional de Energia Atômica e acaba de assinar um acordo duríssimo exigido pela mesma entidade. Não fingiu disposição para o diálogo. Efetivamente dialogou. Gullar faz acusações sem provas ao Irã. Isso se chama irresponsabilidade. Não vimos nenhuma "nação brasileira perplexa", e sim orgulhosa. Gullar confunde seus amiguinhos do Leblon com a "nação brasileira". ]

Mal o assinaram (nele, o Irã prometia entregar 1.200 kg de urânio para serem enriquecidos na Turquia), um porta-voz iraniano declarava que o país continuaria a enriquecer urânio em suas centrífugas. Que sentido tinha então aquele acordo, se o objetivo era o Irã desistir de enriquecer urânio e assim inviabilizar a construção da bomba?

[Gullar está extremamente desinformado. O acordo nunca teve o objetivo de fazer o Irã desistir de enriquecer o urânio, porque as regras internacionais permitem que qualquer país use energia atômica para fins pacíficos. Para fazê-lo, é preciso, naturalmente, desenvolver tecnologia de enriquecimento de urânio. O acordo previa a transferência de 1.200 quilos para outro país, de forma a eliminar as desconfianças das potências nucleares, mas permitia que o Irã prosseguisse enriquecendo parte de seu urânio.]

Sabe-se que o próprio Lula se surpreendeu com essa declaração do governo iraniano, mas, de novo, fechou os olhos e insistiu em avalizar as boas intenções do Irã, enquanto criticava os membros do Conselho de Segurança da ONU, que se dispunham a impor-lhe sanções.

[A surpresa de Lula não foi com a declaração do Irã de que continuaria a enriquecer urânio, e sim o timing da declaração, que foi feita para satisfazer setores linha-dura do regime iraniano.]

Mas isso é coisa sabida e debatida. Difícil é entender por que Lula tomou essa posição, arvorando-se em defensor de um regime antidemocrático e ideologicamente primário, comprometendo desse modo o prestígio de nossa diplomacia, por todos respeitada, graças ao equilíbrio e isenção com que sempre atuou.

[Lula não defendeu o regime iraniano. Defendeu o diálogo e o respeito. O mundo respeita ditaduras muito mais fechadas e autoritárias que o Irã, como a Arábia Saudita e a China. Não vejo motivo para não respeitar o Irã, sendo que ele, repito, tem características bem mais democráticas que outros países.]

Como pode Lula afirmar que está aberto ao diálogo um regime fundamentalista que não tolera divergências? Todas as tentativas de entendimento com o Irã, promovidas pela ONU, fracassaram. Mas, Lula, sempre tão esperto, quando se trata de Ahmadinejad, faz-se de tolo, confia em tudo o que ele diz. Custa crer.

[Tentativas anteriores fracassaram não apenas por culpa do Irã, mas pela arrogância das potências. Lula não "confia" em Ahmadinejad, e sim no Estado iraniano e na capacidade da Agência Internacional de Energia Atômica de fiscalizar o programa nuclear do país.]

Chego a pensar que a explicação esteja em certas declarações suas, como aquela em que negou aos Estados Unidos e à Rússia autoridade para impedir que o Irã fabrique armas atômicas, uma vez que ambos possuem arsenais nucleares.

Com isso, desautorizou o Tratado de Não Proliferação e admitiu implicitamente que qualquer país -inclusive o Brasil- tem o direito de fazer a bomba. Seria essa sua verdadeira intenção, embora nossa Constituição o proíba? Talvez não.

[Irresponsável leviandade. Ridículo. Ainda termina com esse "talvez não" fariseu. Fulano é estuprador, assassino e pedófilo? Talvez não. Fala sério.]

Mas, no Fórum Mundial de Aliança das Civilizações, ao afirmar que o Brasil deseja um mundo sem armas nucleares, voltou a defender a tese, como se não fazer a bomba fosse uma concessão do Irã. E insistiu na necessidade de se preservar a paz no Oriente Médio. Mas não é o Irã que promete pôr fim ao Estado de Israel? Pretende fazê-lo pelo diálogo?

[O Irã tem feito declarações agressivas a Israel, mas as traduções são sempre exageradas e manipuladoras. De qualquer forma, nunca passam de ataques verbais. Enquanto isso, Israel comete crimes hediondos concretos. 


Claro que é pelo diálogo! Gullar prefere o quê? A guerra? Sanções na adiantam nada. O último país do oriente médio a sofrer sanções foi o Iraque, o que apenas serviu para radicalizar o país e fortalecer setores  internos ligados ao militarismo.]

26 comentarios

Anônimo disse...

Miguel, a China parece ser um regime totalitário, com presos políticos e que executa prisioneiros. Há eleições livres na China?

O mundo ocidental negocia com a China. Não parece hipocrisia dizer que o Irã é totalitário, portanto, demonizemos o Irã, e negociar com a China? É o que todos estão fazendo, EUA e todo o mundo desenvolvido.

Na lógica do Gullar (na pior das hipóteses, hipócrita, e na melhor, simplista), o mundo inteiro deveria parar de negociar com a China imediatamente.

Mas o mundo real é mais complexo e a China também tem suas qualidades, especialmente econômicas.

Homero Pavan Filho disse...

"nada prova que os condenados pelo regime iraniano não fossem traidores a soldo dos serviços secretos americanos"... Essa sua frase é uma provocação à Folha?

IV Avatar do Rio Meia Ponte disse...

Assim como Arnaldo Jabor, Gullar também fez parte da contracultura brasileira num determinado momento, refiro-me ao neoconcretismo, depois de ter passado pelo concretismo, tendo sido um dos criadores destes movimentos.
Lamentável que Gullar tenha parado no tempo e tenha chegado a renegar suas próprias crias.
Como se vê, até os poetas se petrificam, caso não continuem ligados.
Hoje em dia, quem acompanha gente como Jabor e Gullar está simplesmente se desinformando, se emburrecendo.
Parece que o prêmio Camões, recebido recentemente por Gullar, inflou mais ainda o ego de Gullar.
Não deixem o Gullar passar perto de um disparador de bombas atômicas, senão o Irã está ferrado.
Para Gullar, Israel é pacífico e o Irã um país a ser varrido do mapa.,,,falando nisso, ontem o JN deu como manchete o fato de Israel sequestrou e desviado para o seu território um navio contendo ativistas, sem disparar nenhum tiro.
Eu heim..

Anônimo disse...

Nos EUA pena de morte e ninguém reclama.
Paulão

Anônimo disse...

Miguel,
Não perca tempo com esse cara. Ele não se faz merecedor disso. Vamos em frente com a caravana !

Anônimo disse...

Eu realmente não conheço esse sujeito, mas agora o considero um tremendo imbecil. Sem mais...

Roberto SP disse...

HAHAHAHAHAHAHAHHAAH

Que decadência, hein?
Ferreira Gullar se iguala a Arnaldo Jabor, será que é o mesmo ghost-writer que escreve pros dois.

As falácias e a desonestidade intelectual é a mesma.

Enquanto isso Israel dorme o sono dos justos e dos escolhidos.

ana disse...

pelo visto, as eleições de Honduras para Ferreira foram democraticas...
Ferreira deve ser mais um, com Roberto Freire e outros, apreciador dos vinhos da adega de FHC....
Pode ser tambem maconha estragada...
Fariam um favor se tomassem cicuta....

ana disse...

Pode ser mal de alzheimer...

Anônimo disse...

Alguns comentários sobre alguns parágrafos.
As últimas eleições... Alguém se lembra do Ferreira Gular reclamar das eleições "descaradamente fraudadas" por Georges Bush e sua turma na Florida ou as que a globo manipulou em favor do Color.
Às vésperas da visita... Insensatez e intolerância, que beiram o ridículo parece a posição dos EUA em não dialogar com quem não diga amém para seus interesses.
É impossível não perguntar: mas por quê?... Para além das transações comerciais atuais, o Brasil e um dos únicos três países do mundo que possui grande quantidade de urânio e tecnologia para processá-lo. Tendo em vista que o urânio é matéria prima de energia limpa e será altamente requisitado em futuro próximo, ao permitir que os países membros do Conselho de Segurança da ONU inventem justificativas para invadir o Irã, o Brasil estaria se colocando em uma posição vulnerável e abrindo uma brecha para mais dias menos dias as mesmas alegações fossem usadas para, quem sabe, invadir o Brasil.
Lula faz que não vê... Quem tem fingido tentar dialogar são EUA, França e Inglaterra, não por acaso detentores de tecnologia e bombas nucleares.
Com isso, desautorizou... Essa é de vomitar, é digna de um (como aqui só caberiam os piores adjetivos possíveis, deixo para que você e leitores imaginem) que tenta fazer qualquer coisa para ver o fracasso de um governo comandado por um metalúrgico, até mesmo levantar uma suspeita para tentar jogar a comunidade internacional contra o pais (quero dizer comunidade internacional mesmo, e não os três patetas membros permanentes do conselho de segurança da ONU - EUA, Inglaterra e França). É a expressão mais reles do preconceito que assola parte da "elite" brasileira. Uma elite rastaquera que prefere entregar o país ao primeiro aventureiro a permitir que brasileiros pertencentes ao povo desfrutem das riquezas do país. Ignominia! Ignominia! Ignominia! Um sujeito como esse e sua trupe mambembe devem ser jogados na lata de lixo da História.
Naof

Anônimo disse...

Caro Ferreira Gullar,como fa da sua poesia e diante de tao sensato texto,gostaria de pedir que discorra tambem sobre as seguintes questoes/perguntas:
O que vc acha do Brasil manter relacoes diplomaticas com os 2 paises mais criminosos de toda a terra,estados unidos e israel?
Vc que é especialista em eleicoes fraudadas,escreveu alguma coisa sobre as eleicoes fraudadas nos eua pelo bush?
Como defensor dos direitos humanos,que vejo que vc é,ja escreveu alguma coisa sobre o massacre judeu contra os palestinos(de quem eles usurparam o territorio!)?
O que vc acha da arabia saudita?Parece que o regime politico la é parecido com o do Irã.
O nosso Presidente,pelo exposto no texto,parece ser uma pessoa que alem de ser ingenuo(eufemismo pra burro),age de ma fe,dando apoio a pessoas como Armadinejah.O Sr,tao inteligente e capaz,ja pensou em entrar na politica?O Brasil precisa de políticos com a sua inteligencia,informacao e perspicacia.Fica a sugestao!!
Por ultimo,uma pergunta de cunho pessoal,portanto,quero deixa lo a vontade pra responder se quiser:Vc tem historico familiar de casos de demencia(Dça de Alzheimer)?
Permita me:Como 2 e 2 sao 4,sei que a vida vale a pena,embora haja tanta gente mediocre e com a alma tao pequena!!!

Haroldo Mourão Cunha / São Gonçalo / RJ. disse...

[mas consta que somente alguns foram condenados à morte], aí não Miguel, o Ferreira Gular é um energumeno, mas usar esse argumento é contraproducente, para dizer o mínimo. Que Ahmadinejad é um fantoche dos Aiatolas, disso sabemos todos e não é por eu condenar as atitudes da grande mídia em relação ao Irã, que esse regime teocrático virará um mar de rosas. Eu defendo a autodeterminação do povos e os aiatolas são um problema do povo persa [assim como os conservadores estadunidenses o são para seus compatriotas] e o que o resto da humanidade deve fazer é lutar para que isso seja respeitado pelos chamados 'donos do poder'. O grande problema é que essas coisas nos atingem diretamente, pois não será com o fla x flu mundial que se resolverão os impasses. Lula está tentando fugir disso, mas gente como os Ferreira Gullar's (assim mesmo) não tem a mínima noção de diplomacia, são apenas e tão somenmte salvagens cães de guerra. Guerras contra o que pode representar a diminuição das diferenças entre os povos e, principalmente, as classes sociais.

Marcos disse...

Miguel, seus esclarecimentos críticos ao que Gullar escreveu foram excelentes. É interessantíssima a indignação seletiva de Gullar. Os Estados Unidos e Israel são dois dos mais criminosos estados do mundo. Cometeram e continuam cometendo incontáveis crimes contra povos e países, e jamais foram/são punidos pelos inúmeros crimes que cometeram/cometem. Onde está a indignação de Gullar com esses países ou com os governos desses países?! É difícil dizer o que se passa na cabeça e no coração de Gullar? Será somente desinformação? Será pura e simplesmente má-fé, canalhice e hipocrisia? O fato, porém, é que me causa profunda indignação ver um ex-comunista, poeta, considerado como intelectual, falar tantas asneiras em um só texto. Não há nada a se aproveitar desse lamentável texto de Gullar!

Hugo Albuquerque disse...

Miguel,

Em um primeiro momento, creio que não é necessário gastar muitas linhas provando que o sistema iraniano é disfuncional e autoritário, nem que muito daquilo que fazem no Irã também é feito nos países que lhe criticam - o que não serve para isentar Teerã de nada, afinal, assim cairíamos no cinismo pela via da lógica extensiva, o que é importante, é ressaltar a hipocrisia e se exigir que iranianos e seus críticos hipócritas respeitem os direitos humanos.

O ponto é central aqui, no entanto, não é. Mas sim a repetição pela boca de Gullar, de um argumento estúpido repeitido ad nauseam pela mídia corporativa nacional tentando deslegitimar a posição brasileira de mediação no exterior, seja por um ranço de síndrome do capacho ou, sobretudo, por preferir a Terceira Guerra Mundial à eleição de Dilma no segundo semestre - porque de certa forma, o avanço do país em determinadas áreas é o suficiente para que essa mídia parasitária e acéfala pare na lata de lixo da história.

Gullar repete essa conversa mole, como de certa maneira, vem repetindo certos argumentos - um tanto mais soft - na mídia a qual se presta a produzir, não em caráter de resistência - como boa parte dos intelectuais do século 21º o fizeram e alguns ainda fazem por desconhecimento das potencialidades das novas mídias, notadamente, da Internet -, mas como parte integrante dela mesma.

Alguns outros "intelectuais" o acompanham nessa peleja, seja por caduquíce, oportunismo ou vaidade, preferem defender a mídia esclerosada na qual escrevem do que se prestar a refletir um tanto sobre as coisas. Há também aquela vaidade de jogar para a torcida, bater naquilo que é cachorro morto para certo segmento e ganhar/recuperar uma certa notoriedade - e não resta dúvida que até nesse sentido o Governo Lula foi positivo, pois ele gerou emprego para qual membro da lúmpem-intelectualidade ou intelectual decadente que estivesse disposto a bater no governo nas vejas e folhas da vida.

Qual não são as causas do ódio que existe contra um Nassif senão o fato dele, muito embora defenda posições centristas até hoje, não ter aderido à retórica barata contra o Governo atual?

Em suas idas e vinda, o momento político atual teve - seja por via direta, indireta ou oblíqua - o mérito de desmistificar a esquerda e trazer à baila a complexidade da realidade para uma parcela da intelectualidade idealista - e por que não, autista também - que nunca achava realmente que a esquerda chegaria ao poder. Acabaram-se as ilusões e por detrás da retórica anti-Lula, resta muito pouco justificado debaixo de uma boa pilha de discursos ideológicos baratos de uma pequeno-burguesia perplexa com a diminuição da desigualdade, a melhora da vida da classe trabalhadora e uma política externa, finalmente, independente - assim como, enfim, o término da crença de que o PT é o céu, muito embora isso tenha feita alguns malucos passarem a considerá-lo o inferno, mas aí é outra história...

Anônimo disse...

Israel sequestra, interroga e depois não liberta os sequestrados: segundo a turma do Gullar, os sequestrados foram é 'deportados'. Esse pessoal, Gullar e turma. dá doido ou o que Israel fez não é sequestro?

Miguel do Rosário disse...

O governo do Irã é cruel, ok. E o que vocês acham de um governo que tortura até a morte um rapaz inocente na frente de sua própria mãe. Isso aconteceu em SP. Essa turma só é humanista em relação ao iranianos. Na hora de defender os brasileiros, se calam.

Anônimo disse...

É uma lástima que o Ferreira Gullar não se limite a fazer poesia, em que ele é ótimo.
Como comentarista político, é lamentável e tem aquele tom melancólico de ex-comunista sem rumo, que optou por agradar a elite dominante, quem sabe para tirar seu sustento na velhice. É de dar pena.

JOSE A disse...

JOSE A.

fERREIRA, ATE TE ADMIRAVA. ENQUANTO POSAVA DE INTELECTUAL. MAS AGORA VEJO, PERCEBO QUE A TUA INTECTUALIDADE É DA MESMA DO FHC, DO JABOR, DO OLAVO DE CARVALHO, BORIS COSOI, DO J.BETTING, MESMO QUE FOSSE VERDADE O QUE SE FALA DO IRA. MAS DEFENDER A GUERRA, COLOCAR 70 MILHOES DE PESSOAS SOBRE CHUVAS DE BOMBAS COM OCORREU EM BAGDAD (SEGUNDO ONFORMAÇÕES DA IMPRENSA DA EPOCA: NOS PRIMEIROS 20 DIAS FORAM 30 MIL BOMBAS. REPENTINDO O HORROR QUE SOBREVEIO COM A EXPLOSAO DAS T. GEMEAS, MILHARES DE VEZES. SENDO QUE NEM SE PODESSE FILMAR PARA MOSTRAR AO MUNDO. O BUSH COMPROU ATE EMPRESA DE SATELETES E PROIBIU QUALQUER COBERTURA. SE DEPENDESSE DE MIN, TE MANDARIA PARA VIVER NO IRAQUE E NO AFEGANISTAO. LEMBRANDO O IRA NAO INICIA(CAUSA) UMA QUERRA HA MAIS DE 200 ANOS. E OS EUA?

Ines Ferreira disse...

Miguel,

Este Ferreira Gullar é um espertalhão, ele se tocou que para garantir uma velhice digna, era necessário se vender ao establishment, daí ele ganhar prêmio internacional e vira-e-mexe ele é entrevistado pelo PIG, para massagear seu ego (superdimensionado). É um tolo! Na primeira oportunidade será descartado pela direita, como ela faz com os que não serve mais para seus "serviços".

bene disse...

Desculpem-me os fãs, mas mesmo a poesia deste senhor, a considero fraca. Na ausência de bons poetas, F.Gullar foi endeusado equivocadamente..

Anônimo disse...

Entrevista com Ferreira Gullar na Folha. Reparem que nem perguntam a ele sobre literatura. Sabendo de suas opiniões, foram direto ao ponto.

http://dioleo.blogspot.com/2010/06/folha-0206-entrevista-com-ferreira.html

FRANCISCO CARLOS disse...

Gostaria de saber se ele irá empunhar as armas para combater os iranianos.Mais um simpatizante dos ianques que vê nos confronto de idiotas o consumo das industrias de armas americanas.

Haroldo Mourão Cunha / São Gonçalo/RJ disse...

Miguel, não podemos fazer comparações com torturas, caso contrário dariamos razão à Folha de São Paulo com a sua "DITABRANDA". O Hugo Albuquerque definiu bem o assunto. Não podemos nos tornar cínico, tais como as manchetes que geralmente são estampadas nos jornais, aludindo o crime: "Adolescente é assaltado por menor", o menor é o quê?

Anônimo disse...

Quem é leitor da "poesia" chata deste colonista?
Quem já viu e gostou de um filme do comentarista da Globo?
Devem ser os mesmos que dão crédito as opiniões destes populares "artistas".

Hugo Albuquerque disse...

Miguel,

Exato, condenemos ambos então, ainda que no Brasil a pena de morte não seja formalizada pelo sistema jurídico - e tanto é, que tal crime está sob investigação, coisa que dificilmente aconteceria nos tempos da ditudura ou mesmo no Irã. O ponto é que o Irã é mesmo um país autoritário e não vai deixar de sê-lo porque outros país alinhados com os EUA também são - ou se existem práticas acontecendo aqui -, mas certamente não será pela via bélica ou por meio meio de embargos que se resolverão os problemas da população de lá, ao contrário do que Ferreira Gullar insinua - o caminho é a presença da comunidade internacional negociando, construindo consensos como fez Lula na ocasião, diferentemente da suposta anuência do governo brasileiro com Teerã, o que, novamente, o referido escritor afirma de modo leviano.

um abraço

Miguel do Rosário disse...

Hugo, concordo com você, mas também acho temerário julgar o sistema judiciário do Irã de maneira leviana. E mesmo o sistema político. Quem somos nós para sabermos os problemas reais, as dinâmicas cruéis, milenares, existentes na sociedade iraniana? Se for para estudar a fundo a sociedade iraniana, aí sim. Concordo. Vamos todos para o Irã, passamos uns cinco anos estudando e trabalhando lá. Pesquisando profundamente a história iraniana antiga, moderna e contemporânea. Aí sim, vamos fazer um debate político embasado sobre o Irã. Sem isso,ficamos vítimas de informações distorcidas. Viramos joguete de interesses muito grandes dos quais não podemos nos dar conta aqui de baixo.

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