Outro elemento é que o PT selou um acordo oficial com o PMDB. Para o bem e para o mal. O PCdoB também é um aliado, e até muito mais leal e confiável, mas o PMDB é o maior partido do Congresso Nacional. É o maior partido do Brasil. A aliança PT e PMDB não apenas é essencial para a vitória de Dilma Rousseff em outubro, será também importante para manter a famigerada governabilidade.
Para a situação chegar a esse ponto, alguém errou feio por ali.
Um parlamentar tem condições de lutar pelos métodos tradicionais: discursando na tribuna, publicando artigo em jornais, escrevendo em blogs, dando entrevistas, etc. Tem recursos financeiros, humanos, institucionais e juridicos. Apelar para greve de fome, como fez Domingos Dutra, do PT maranhense, é sinal de incompetência e debilidade. O outro petista, Manoel Conceição, que tem 75 anos, já suspendeu a greve.
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Eu preferia mil vezes o Flávio Dino. Acho que ele faria um grande governo para o povo maranhense. O PT pode emitir mil resoluções a favor de Sarney que eu mesmo assim votaria em Dino. Faria campanha em favor dele em meu blog.
Lula, porém, não pode trair Sarney. O bigodudo pode representar o satanás para o Maranhão, mas, como presidente do Senado, tem ajudado o governo a aprovar programas sociais, reformas importantes e a conter a sanha golpista de setores da oposição. Neste período eleitoral, mais que nunca será necessário um ambiente estável no Senado. No Congresso, o governo tem maioria confortável. No Senado, não.
Honduras mostrou a falácia que é o discurso segundo o qual um governo popular poderia prescindir de maioria parlamentar e governar ancorado em movimentos sociais. Movimento social não aprova leis, não aprova reformas, não cria nem impede CPIs; é uma entidade privada sem a legitimidade institucional conferida pelo voto.
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No blog do Rovai, que também opinou sobre o tema, li um comentário bastante dramático:
O significado de um governo ligado à família Sarney HOJE não pode ser comparado ao que era no passado. Hoje mais de 3 milhões de pessoas, mais de 50% da população do estado, recebem Bolsa Família. E isso não é assistencialismo barato não, tanto que a geração de emprego tem batido recordes no estado.
No saldo de emprego (admissão menos desligamentos), o Maranhão registrou o quarto maior aumento (+471%) , no ranking nacional, na comparação entre os últimos 12 meses até abril do governo FHC (2001/02) e os últimos 12 meses até abril (2009/10) de Lula.
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O Maranhão cresceu e continuará crescendo vigorosamente nos próximos anos, e distribuindo renda através de programas sociais. Com ou sem família Sarney. Os aumentos do salário mínimo igualmente contribuíram para a melhoria da situação das famílias pobres do estado. Além disso, o governo federal toca uma série de obras no Maranhão. O PAC tem investido uma elevada quantidade de recursos no Maranhão, para realização de inúmeros projetos de infra-estrutura, como a construção de estradas, asfaltamento de outras, construção de moradias, obras de urbanização em áreas pobres, projetos de cunho social, etc.
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Ao final deste ano expira o mandato de José Sarney. Muito idoso e combalido politicamente, Sarney terá que enfrentar novas eleições. Dificilmente voltará a exercer a presidência da casa. Com o fortalecimento da esquerda em todo país, incluindo alguns setores progressistas do PMDB, espera-se que o governo Dilma adote medidas ainda mais ousadas que Lula, consolidando e aprofundando as recentes conquistas sociais. O Maranhão crescerá junto com o Brasil, e as correlações de forças serão diferentes em 2014, ano em que, finalmente, poder-se-á derrubar a oligarquia Sarney.
Outro ponto que deve ser ressaltado é que Roseana não será eleita por acordos partidários. A escolha é do povo. Flavio Dino deve mostrar ao eleitorado maranhense que ele é o verdadeiro representante das idéias que norteiam o governo federal, e que Roseana Sarney só tem apoio do PT e Lula porque o presidente precisa compartilhar o poder com o PMDB, e com Sarney em particular, pelo fato dele ser o presidente do Senado. A parceria entre PT e Sarney, no entanto, expira em outubro deste ano, com a instauração de uma nova correlação de forças no país. O bigode terá que andar com suas próprias pernas.