Editei abaixo três tabelas. Na primeira, uma lista dos 15 principais grupos de produtos exportados pelo Brasil. Eu falo "grupo" de produtos, e não apenas "produtos", porque cada um dos itens comporta imensa gama de artigos variados.
Do primeiro item de exportação, o petróleo, não tem graça falar. Não por enquanto. Ele merecerá um estudo à parte. Os minérios, segundo item mais exportado, são aquilo: mesmo com aumento dos preços do ferro, o Brasil vende uma tonelada por 58 dólares. O Brasil privatizou a Vale para reduzir o "peso do Estado", e agora, por ironia da história, vendemos ferro bruto para estatais chinesas a preço de banana, e essas mesmas estatais agora estão comprando ações da Vale e construindo refinarias no Brasil para aumentar os seus lucros. Estatal brasileira não serve; estatal chinesa póóóde.
No fundo, tudo foi uma grande estupidez. Setores que necessitam de aportes gigantescos de capital, como siderurgia, sempre tiveram forte participação estatal. O radicalismo ideológico do governo FHC, aliados a motivos menos transparentes, não os permitiu ver isso e o Brasil lançou ao mar um de seus maiores tesouros, de importância estratégica para qualquer país. Alemanha e França perderam trilhões de dólares e milhões de vidas humanas na luta pelo controle de jazidas de ferro. O Brasil entregou suas minas, as maiores do planeta, por 1 bilhão de dólares em moedas podres, e tudo financiado pelo BNDES.
Em seguida, no ranking de nossas exportações, vem o grupo carnes, onde temos um grande mercado no oriente médio, que importa sobretudo o frango brasileiro. Quando alguém perguntar, portanto, qual o interesse econômico do Brasil nos imbróglios nucleares & políticos daquela região, você pode responder com a singeleza de um matuto esperto e prático: é o frango, uai!
O quarto item na lista dos produtos mais importantes exportados pelo Brasil são autopeças, vendidas majoritariamente para América Latina e Caribe, com destaque para Argentina.
Depois temos a soja, exportada principalmente para China e Europa.
No seu devido tempo, iremos analisar cada um desses produtos e cada um desses mercados. Hoje eu trago um breve estudo sobre o sexto item mais importante de nossa pauta de exportações: maquinários. Trata-se do grupo de número 54, que inclui todo o tipo de maquinário, desde ventiladores até reatores nucleares. O Brasil também exporta eletrônicos (celulares, vídeo-cassetes, dvds, tvs, computadores). A diferença entre maquinários e eletrônicos é que os primeiros são produtos com motor.
O Brasil exportou 3,11 bilhões de maquinários em Jan/Abr deste ano, aumento de 26% sobre igual período do ano anterior. É interessante observar que a exportação brasileira de maquinários já superou a de açúcar, café e madeira. A participação dos manufaturados na exportação brasileira vem crescendo, ao contrário do que dizem setores da imprensa. Entretanto, como as exportações de petróleo, sobretudo, e minério de ferro, em segundo plano, cresceram em ritmo alucinante, na esteira da demanda explosiva da China, o crescimento das vendas de manufaturados ficou abafado.
Pois bem, agora observem a terceira tabela publicada nesse post. Quem é o principal comprador dos maquinários brasileiros?
Ela mesma, aquela que deveria ser considerada nossa maior amiga: Argentina. A maior compradora de nossos manufaturados. E não é só isso. Dentre o extenso grupo de manufaturados vendidos pelo Brasil, a Argentina compra os mais caros, o que tem maior valor agregado.
Enquanto os EUA pagaram 5,6 mil dólares, em média, pela tonelada de maquinário brasileiro, a Argentina pagou mais de 11 mil dólares.
Enquanto as exportações brasileiras de maquinários para os EUA cresceram apenas 8,7%, no primeiro quadrimestre do ano, o crescimento nas vendas para Argentina saltaram 58% no mesmo período.
Na segunda tabela, repare que a América Latina & Caribe importou 47% de todos os maquinários exportados pelo Brasil. Apenas o Mercosul comprou 22%, contra uma participação de 20% da União Européia, e 16% dos EUA. A poderosa China importou somente 2,4% de nosso maquinário.
E agora, senhores editorialistas do Estadão, ainda querem declarar guerra à Argentina só porque um funcionário de lá impôs restrições a importação de meia dúzia de biscoitinhos brasileiros?
No fundo, tudo foi uma grande estupidez. Setores que necessitam de aportes gigantescos de capital, como siderurgia, sempre tiveram forte participação estatal. O radicalismo ideológico do governo FHC, aliados a motivos menos transparentes, não os permitiu ver isso e o Brasil lançou ao mar um de seus maiores tesouros, de importância estratégica para qualquer país. Alemanha e França perderam trilhões de dólares e milhões de vidas humanas na luta pelo controle de jazidas de ferro. O Brasil entregou suas minas, as maiores do planeta, por 1 bilhão de dólares em moedas podres, e tudo financiado pelo BNDES.
Em seguida, no ranking de nossas exportações, vem o grupo carnes, onde temos um grande mercado no oriente médio, que importa sobretudo o frango brasileiro. Quando alguém perguntar, portanto, qual o interesse econômico do Brasil nos imbróglios nucleares & políticos daquela região, você pode responder com a singeleza de um matuto esperto e prático: é o frango, uai!
O quarto item na lista dos produtos mais importantes exportados pelo Brasil são autopeças, vendidas majoritariamente para América Latina e Caribe, com destaque para Argentina.
Depois temos a soja, exportada principalmente para China e Europa.
No seu devido tempo, iremos analisar cada um desses produtos e cada um desses mercados. Hoje eu trago um breve estudo sobre o sexto item mais importante de nossa pauta de exportações: maquinários. Trata-se do grupo de número 54, que inclui todo o tipo de maquinário, desde ventiladores até reatores nucleares. O Brasil também exporta eletrônicos (celulares, vídeo-cassetes, dvds, tvs, computadores). A diferença entre maquinários e eletrônicos é que os primeiros são produtos com motor.
O Brasil exportou 3,11 bilhões de maquinários em Jan/Abr deste ano, aumento de 26% sobre igual período do ano anterior. É interessante observar que a exportação brasileira de maquinários já superou a de açúcar, café e madeira. A participação dos manufaturados na exportação brasileira vem crescendo, ao contrário do que dizem setores da imprensa. Entretanto, como as exportações de petróleo, sobretudo, e minério de ferro, em segundo plano, cresceram em ritmo alucinante, na esteira da demanda explosiva da China, o crescimento das vendas de manufaturados ficou abafado.
Pois bem, agora observem a terceira tabela publicada nesse post. Quem é o principal comprador dos maquinários brasileiros?
Ela mesma, aquela que deveria ser considerada nossa maior amiga: Argentina. A maior compradora de nossos manufaturados. E não é só isso. Dentre o extenso grupo de manufaturados vendidos pelo Brasil, a Argentina compra os mais caros, o que tem maior valor agregado.
Enquanto os EUA pagaram 5,6 mil dólares, em média, pela tonelada de maquinário brasileiro, a Argentina pagou mais de 11 mil dólares.
Enquanto as exportações brasileiras de maquinários para os EUA cresceram apenas 8,7%, no primeiro quadrimestre do ano, o crescimento nas vendas para Argentina saltaram 58% no mesmo período.
Na segunda tabela, repare que a América Latina & Caribe importou 47% de todos os maquinários exportados pelo Brasil. Apenas o Mercosul comprou 22%, contra uma participação de 20% da União Européia, e 16% dos EUA. A poderosa China importou somente 2,4% de nosso maquinário.
E agora, senhores editorialistas do Estadão, ainda querem declarar guerra à Argentina só porque um funcionário de lá impôs restrições a importação de meia dúzia de biscoitinhos brasileiros?
Lista completa dos produtos exportados pelo Brasil no primeiro quadrimestre (Jan/Abr) de 2010.
Boa avaliação, bicho.
Eu, que não tenho nenhuma formação em relações internacionais ou coisa do tipo, mas tento botar os dois neurônios pra funcionar nas horas vagas, vejo bem a correlação direta entre comércio exterior e política externa do governo, que você já colocou tão bem.
Brabo é que, contra a má vontade da direita, não existe dado irrefutável que sirva.
E faltou fazer tantas observações. Reparem, por exemplo, que a Bolívia importa mais maquinários que o Reino Unido.
Caro Miguel
Quando você comenta sobre a exportação de máquinas do Brasil?Quantas são nacionais?Essa é a indústria de bens de capital nacional falando?
Saudações
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