Manchete e foto do Globo de hoje à página 16. A Folha publicou a foto na primeira página.
Esse é um bom exercício de política para nosotros. Se você estivesse no lugar de Lula, apertaria a mão de Collor? Uns dizem que sim, outros dizem que não. De qualquer forma, acho importante lembrarmos o seguinte: Collor foi eleito senador da república pelo estado de Alagoas. É um neoliberal encurralado num nordeste onde Lula goza de 92% de aprovação popular. Esse aperto de mão deve ser interpretado, portanto, com inteligência. O Globo ajudou a criar a imagem que levou Collor ao Palácio do Planalto, depois exibiu a série Anos Rebeldes, insuflando a juventude, e militou pelo impeachment.
E hoje? Quem é Collor, o que ele significa no xadrez político eleitoral?
Collor hoje é um voto. Um voto que não pertence a ele, mas a milhões de alagoanos. Num Senado pequeno e conservador como o nosso, com apenas 81 membros, um voto pode ser determinante para o futuro do país. Quando Lula aperta a mão de Collor, portanto, está sendo um estadista, que não se deixa levar por arroubos ideológicos ou moralismo inconsequente. O presidente tem consciência de que é o Senado que aprova os aumentos do salário mínimo e o orçamento da União.
Além do mais, a oposição tem sua maior trincheira justamente no Senado. Espera-se que isso mude a partir de 2011, mas por enquanto a oposição tem muita força. E não demonstra escrúpulo nenhum em aprovar as medidas mais irresponsáveis, dentro da filosofia do quanto pior melhor, visando prejudicar o governo Lula - mesmo sabendo que o chester é pago, no fim das contas, pelos mais pobres.
Trata-se de um aperto de mão, portanto, dado com inteligência e republicanismo. É o mesmo princípio que fez Luis Carlos Prestes apoiar Vargas em 1950. Getúlio Vargas havia deportado sua esposa Olga, grávida, para a Alemanha nazista, mas o comunista sabia que a vitória do gaúcho era importante para a classe trabalhadora, como de fato foi, e que política se faz pensando no bem maior.
De qualquer forma, sempre se pode, mais tarde, desinfetar a mão com álcool.
Alo Miguel, gostaria de lhe mandar uma mensagem de incentivo pelos seus brilhantes Post´s que voce comenta diariamente no seu blog que é um dos melhores. Parabéns e continue assim, com seus belos textos comentados com elegancia e sarcasmo, que os tornam impagáveis.
Voce é brilhante Miguel. Tenho grande admiração por voce.E ainda mais depois conhece-lo e saber que é um menino com toda essa bagagem de sabedoria.
Um abração.
mirtes
Que prazer ler o que você escreve!
Parece que você consegue expressar o que muitos pensam e sentem mas não dispõem dos meios e capacidades para isso...rs
Sou uma admiradora do seu trabalho!
Oi Mirtes, obrigado. Menino é exagero. Estou completando 35 no dia 13 de junho. Abraço.
Obrigado Mary.
Liberdade de expressão, pensei que voce cerrasse fileiras conosco nesse item. Mas vejo que censurou meu comentário. É lamentável, disse e repito, tenha dó, Miguel, sua análise é absolutamente sem fundamento ético. Espero que não censure, nao copie o que condena na midia comercial.
O lulla apertou a mão do collor pq é um mentiroso, um sem palavra. Ninguem vai poder me contestar, as palavrqas do lulla sobre o collor foram é as mais duras possíveis, então, como pode hoje o lulla apetar a mão do collor ? Quem mudou, o collor deixou de ser canalha ou o lulla é só um político mentiroso e demagogo ?
Fico com a segunda opção.
Aliás, o lulla já declarou que para se manter no governo faz alianças com Deus e com o Diabo.
É ou não é um mentiroso demagogo ?
Elizabeth, não censurei nada. Gadelha, deixa de ser trouxa. Se político não falasse com quem brigou no passado, não haveria mais política. Presidente não pode ficar "de mal" como se fosse um garotinho mimado. Tem que respeitar e ser simpático quem está disposto a apoiar os projetos que seus aliados votam.
sábado, 18 de julho de 2009
Virgens no bordel (copyright Jabor!)
Paulo Maluf foi padrinho de casamento de Fernando Collor de Melo.
O deputado Fernando Collor votou no candidato Paulo Maluf para presidente, em eleição indireta no colégio eleitoral, contra Tancredo Neves.
No segundo turno da disputa presidencial de 1989, Paulo Maluf ofereceu seu apoio para o candidato Collor, contra Luiz Inácio Lula da Silva.
Collor recusou o apoio de Maluf, o que provocou a ironia do velho político paulista:
- Servi para ser padrinho de casamento. Servi até para ser presidente da República. Agora, para dar um simples apoio não sirvo???
Lembro-me vagamente dessa história. Ela é tão boa que, acredito, não deve ter sido criada pelo meu subconsciente!
Impossível não se recordar dela ao ver a reação que o encontro de Lula e Collor despertou na imprensa e em alguns de seus colunistas, além de em alguns leitores missivistas, todos enojados com a imagem do abraço entre o ex e o atual presidente, adversários ferrenhos no pleito de 1989.
A grande imprensa, majoritariamente, apoiou o Sr. Fernando Collor na primeira eleição direta para presidente após a redemocratização. Como se sabe, o público de perfil mais conservador, por sua feita, não se fez de rogado e, sem maiores cerimônias, também caiu, de corpo e alma, nos braços do "caçador de marajás".
Irresistível, pois, não parafrasear Maluf: para eles, Collor serviu direitinho para ser presidente da República; agora, senador eleito, não serve nem para receber um simples cumprimento público do presidente em evento oficial???
Está em ação o velho "homem cordial" de que fala Sérgio Buarque de Hollanda no clássico Raízes do Brasil. Mas não pense que a cordialidade mencionada se refere ao gesto de civilidade do presidente Lula e do senador por Alagoas. O senso comum faz pensar que é disso que se trata quando se fala do homem cordial. Em verdade, a palavra "cordial", como sabido, vem de "coração". Tal expressão, portanto, é cabível também - ou principalmente - naquelas situações em que agimos de forma tresloucada, de maneira irracional, pondo a emoção à frente. Portanto, a idéia também concerne àquelas situações em que as pessoas se deixam levar pela pessoalidade pura e simples, sem maior apreço pelo republicanismo.
Dessa forma, que se dane a disputa política civilizada, que se dane a governabilidade, que se dane o respeito mútuo entre políticos que um dia foram adversários. Que viva o ódio! Que viva a inimizade! Viva aquela pequenez de gestos que, curiosamente, fingimos condenar no dia-a-dia!
Assim sendo, os jornalistas e alguns leitores, além da hipocrisia acima sugerida, estão agindo de forma "cordial", no sentido de que não estão dando pelota para a razão, a qual sem dúvida aconselharia não haver motivos para desespero ao ver que dois políticos brasileiros, eleitos pelo voto direto, preferem trocar cumprimentos em vez de sopapos num evento público!
Os admiradores de Sérgio Buarque de Hollanda talvez se sintam desconfortáveis ao ver o nome do grande intelectual num texto em que foram proferidas, com certa liberalidade, as graças de Paulo Maluf e de Fernando Collor de Melo. Pois para piorar as coisas, vou terminar usando uma expressão comum na boca do também (talvez até mais) desprezível Arnaldo Jabor: a maior parte dos que se mostraram indignados com o abraço do presidente e do senador, eleitores entusiasmados de Collor que provavelmente foram um dia, nada mais fazem do que se comportar como "virgens no bordel"!
http://sidnei-quasetudo.blogspot.com/2009/07/virgens-no-bordel.html
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