12 de junho de 2010

Clipping Comentado do Sábado

  • Estadão publica matéria imensa, quase uma novela, mas bem escrita e bem documentada, sobre os percalços de José Serra nos últimos anos. Revela um político obcecado pela presidência da república, sonho que alimenta "desde menino", e que fará de tudo para torná-lo uma realidade. É realmente sinistro. A maioria do tucanos importantes já se tornaram, em algum momento, inimigos de Serra. Tasso Jereissati acusou Serra de jogar sujo. O DEM também acusou Serra de abuso de poder político em 2002, quando agentes federais invadiram um escritório de campanha de Roseana Sarney.
  • Estadão faz mais um daqueles editoriais lambe-botas do Tio Sam, cheio de mentiras, distorções e violência verbal contra o Brasil e sua diplomacia, objetos de admiração em todo mundo. Para o Estadão, repetindo o argumento daquele jornalista que escreve no Miami Herald, Lula deveria ter se limitado a cuidar da briga entre Argentina e Uruguai em torno de papeleras. O jornal não enxerga que a ação brasileira criou um fato político que, segundo toda a imprensa internacional, marcou a história. O Le Monde disse que, no futuro, os livros de história irão lembrar desse dia como o início de uma era onde as nações emergentes viram a si mesmas como importantes o suficiente para participar das grandes questões, como as do oriente médio. O Brasil faz parte do Conselho de Segurança da ONU e tem boas relações políticas e comerciais com o Irã (assim como tem com a China e com os EUA), e, portanto, tinha credibilidade e status para ser um intermediário entre os persas e as outras potências. O jornal esnoba o acordo informando que ele foi feito um ano depois do que foi proposto pela Agência Internacional de Energia Nuclear. Não fala, porém, que a nova versão é mais bem amarrada, e o Irã faz ainda mais concessões. A quantidade é a mesma, 1.200 quilos, mas é mentira que os estoques do país duplicaram em um ano. Em primeiro lugar, foram seis meses, não um ano. Em segundo, os especialistas entrevistados não corroboraram essa tese de que o país teria aumentado substancialmente  seus estoques. E mesmo que tivesse. O acordo tinha um significado maior do que esses 1.200 quilos. Ele trazia o Irã para a mesa de negociação. Ele distensionava o ambiente e proporcionava o diálogo. E agora, o que aconteceu? No dia seguinte à aprovação das sanções, as autoridades iranianas, humilhadas e ofendidadas, e revoltadas, afirmam que vão repensar sua relação com a Agência, eventualmente restringindo visitas de fiscalização. A situação regrediu, nitidamente. O ambiente está mais tenso. As sanções estimularão o comércio clandestino de armas. O que era feito às claras, agora será feito em segredo pelo governo, criando máfias internas e externas.
  • O título da matéria, dizendo que Dilma criticou a imprensa, não corresponde ao texto, onde a crítica aos grandes grupos de comunicação parte, na verdade, de uma resolução do PT. Mas tá valendo. O importante é espalhar a informação de que a mídia trabalha em favor do Serra.
  • Eu também fiquei aborrecido com o apoio do PT à Roseana Sarney no Maranhão, mas acho que talvez fosse preciso, para consolidar a aliança nacional com o PMDB e ter forças para estabelecer uma vitória esmagadora sobre Serra. Uma vez na presidência, o PT poderá ajudar o povo maranhense e o PT de outras maneiras. De qualquer forma, nem só de notícias tristes vive a campanha dilmista. O PSB cearense, graças a Deus, rompeu com Tasso Jereissati. Com isso, aumentam as chances do PSDB ser riscado do Nordeste. 
  • A mídia serrista está tentando lançar o filme "Mensalão II, o retorno", com Bené no lugar de Marcos Valério. Os leitores estão tendo suas memória avivadas sobre os personagens do primeiro filme. Tenta-se criar uma atmosfera psicológica similar a de 2005, mas não creio que será possível. A imprensa agora acusa a gráfica de Bené de... prestar serviços gráficos.
  • Massas cheirosas se reunem em Salvador hoje. O "discurso terá convocação à militância". Será que distribuirão leite de rosas?
  • Apareceu o dossiê! É espião para todo lado. O espião de Serra invadiu o computador do espião de Dilma e roubou os documentos. Tô sendo apenas irônico. A matéria é completamente destrambelhada. Reparem só nessa frase: "A Folha confirmou com duas pessoas ligadas à equipe de espionagem que os documentos seriam usados para atacar o grupo de Serra." PT nega.
  • Ã. O espião da Dilma dá entrevista para Folha? (Atualização: Lanzetta diz que a fonte são 2 petistas de São Paulo).
  • Atacar o grupo de Serra com um documento apócrifo, ilegal? E isso subindo nas pesquisas?
  • O PSDB estaria fazendo o blefe da contraespionagem? Eles perceberam que o assunto dá mídia, e que a mídia coopera, e estão vazando alguns dados próprios para acusar o outro lado.
  • Folha não larga o osso. A ordem é perseguir a estrutura de comunicação de Dilma até destruí-la.
  • A barra pesada começou. A torcida é que o PT não apenas seja mais combativo do que foi em 2005, mas que o seja com inteligência. 
  • A raposa fará discurso em prol das ovelhas.
  • Alá é grande. Ahmadinejad toma decisão inteligente de não romper com a Agência Nuclear da ONU.
  • Reparem bem nos partidos que votaram contra o Rio. Do Panorama Político do Globo de sexta-feira:

  • Em entrevista ao Globo, Fernando Pimental, um dos coordenadores da campanha de Dilma, explica as alianças impopulares do PT como movimentos importantes para assegurar uma vitória política em nível nacional.

4 comentarios

Adir disse...

Parabéns, Miguel, que saco ler esses tablóides cascateiros. D´us me livre!!!

Adriano Matos disse...

Muito bom clipping. Valeu Miguel! Sobre a questão dos royalties, apoio o entendimento do Dep. Brizola Neto que deveriam permanecer como estão os royalties dos campos NÃO pré-sal. Para esses últimos deviam ser repartidos mesmo por todos municípios porque ocorrem em alto-mar à distâncias ultra-profundas e toda União patrocinará a exploração onerosa.

Adriano Matos disse...

Sobre esses documentos do Eduardo Jorge, tá parecendo mesmo que é o próprio PSDB liberando dados que se provarão inócuos para manter o clima e assim vacinar-se contra o LIVRO em que Amaury Jr. desvenda a bandidagem das privatizações.

A fSP declarou como obteve essas informações? Gostaria de saber...

Lucas Jerzy Portela disse...

ou seja, segundo você, Miguel do Rosário, condernar o estado mais miserável do país a perpetuação do feudalismo por mais 4, talvez 8 anos, é um preço módico para "Dilma ter uma vitória esmagadora sobre Serra"?!

nessas horas dá vontade de manter meu voto em Wagner para governador, e picar um 45 pra presidente. Só de raiva. Não poderia haver pensamento mais sulista. É preciso ser Bahiano ou Maranhãense para entender.

E mais: não é o PSDB que precisa ser varrido do nordeste. O PSDB da Bahia é anti-carlista histórico, desapoiou FHC em todas as duas campanhas presidenciais, e em 2006 abriu mão de candidatura própria para compor a vitoriosa chapa de Jaques Wagner ao governo estadual daqui.

Ingratidão tem limites!

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