Esse gráfico é muito impressionante. Ele mostra o déficit nominal em relação ao PIB das principais economias, e o Brasil está no topo da pirâmide, ou seja, é um dos países menos endividados do mundo. Nem sempre foi assim, vocês lembram.
Entretanto, fui dar uma espiada na coluna da urubóloga e, sem surpresa, vi que ela nem toca no assunto que constituiu o tema central da reunião do G20, que é a meta de reduzir os déficits fiscais até 2014.
Claro que ela não abordou o tema. Isso a forçaria a elogiar o Brasil! Ela não se constrangeu, todavia, e, mencionando o G20, deu um jeito de falar mal de Lula.
Miriam Leitão perdeu qualquer escrúpulo de coerência. Seu antilulismo é tão doentio, que há momentos em que seu texto se torna verdadeiramente incompreensível. Observem como ela abre a coluna de hoje:
A primeira linha do comunicado do G-20 é animadora. Diz que é o primeiro encontro de cúpula do grupo na sua nova capacidade de ser o mais importante fórum de cooperação econômica global. É um atestado de superação do G-8. O presidente Lula não estava lá. O Brasil perdeu peso político na conversa dos grandes e deu mais um sinal de como é errática sua política externa.
Ela começa o parágrafo elogiando o G-20, uma criação geopolítica da qual o atual governo participou ativamente, emite um muxoxo infantil sobre a ausência de Lula e conclui, numa piparote lógico de fazer Descartes dançar o rebolation em seu túmulo, que "o Brasil perdeu peso político na conversa dos grandes". Perdeu porquê? Porque Lula faltou à reunião para monitorar a tragédia no Nordeste?
No finalzinho do texto, ela manda essa:
Há momentos em que a diplomacia brasileira faz esforços fortes no que não é tão decisivo, e outros momentos em que não aparece. O motivo apresentado foi que o presidente precisava coordenar as ações de ajuda ao Nordeste. A tragédia das chuvas foi grave, mas é o governo todo que precisa estar envolvido e o presidente poderia ter se ausentado, sem que isso significasse evidentemente interromper a ajuda às vítimas.
Não seria o contrário? Se o Brasil fez o seu dever de casa no G20, não pode ser muito bem representado, como o foi, por seu ministro da Fazenda, Guido Mantega? O que é mais importante, participar de burocráticos convescotes internacionais, onde Lula seria criticado de qualquer jeito (por viajar demais, etc) ou prestar apoio governamental e psicológico (com sua presença física) às vítimas de uma tragédia que vitimou a região mais pobre do país?
O raciocínio de Miriam é insensível e preconceituoso. Em virtude de sua economia frágil, a tragédia do Nordeste pode ter desdobramentos terríveis para milhões de pessoas. Prefeituras e governos estaduais tem estrutura precária e insuficiente para dar solução aos problemas urgentes que se multiplicam dia a dia. A burocracia emperra as verbas alocadas para levar auxílio às vítimas. Enfim, há uma série de fatores que pedem o monitoramento atento de um chefe de Estado preocupado com a população. Quando aconteceram as enchentes em São Paulo, José Serra, então governador, desapareceu do mapa, com medo de que sua imagem fosse associada a uma tragédia. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, igualmente escafedeu-se. Milhões de pessoas sofreram os efeitos da chuva sem que ao menos seu governante trouxesse palavras de conforto nem os informasse sobre as providência que estavam sendo tomadas. Durante semanas a fio, comunidades inteiras permaneceram submersas na lama pútrida, abandonadas pelas autoridades responsáveis. E nenhum colunista de jornal teve culhões para fazer a pergunta: "onde está José Serra?"
E agora, que Lula adota uma postura oposta e vai ao Nordeste e pisa na lama, e leva seus principais ministros para verem de perto o que aconteceu, Miriam Leitão diz que o presidente errou, que o certo era ele deixar sua equipe resolvendo o pepino, entrar no AeroLula e participar de coquetéis em Toronto, Canadá? Ora, é evidente que a presença de Lula, uma figura reverenciada como um mito no Nordeste, ajuda muito, em todos os sentidos. Ajuda a agilizar a liberação de verbas, cujo fluxo é atrasado por incompetência e insensibilidade burocrática; ajuda a trazer esperança e tranquilidade às vítimas, aliviadas por saber que Lula está monitorando pessoalmente a situação; melhora, enfim, a autoestima de todo país, que vê o Estado, na figura do funcionário público mais graduado da República, agindo efetivamente para reduzir os danos causados pela tragédia. O G20, afinal, é muito bom, mas não é comida.
a Leitao:como economista 'e otima jornalista: eu lembro da epoca que ela elogiavaCavallo ministro argentino da crise... aquela que a a Argentina quase nao levanta mais... ela dizia que ele :" fez o dever de casa" e assim foi com o Mexico, as fabricaqs americanas la... eu me lembro de um tanto palpite queela deu... sempre de puxar o saco e entrar na estrada da fome e da miseria... Ops!Ela nem 'e jornalista.... ornalista......
...se o presidente não fosse, deixaria brecha para a imprensa criticar. Alias, O Globo, nas 6a já deu manchete criticando o presidente, algo como: 'Depois de 1 semana o presidente visita as obras..."
Obviamente que se o Lula estivesse na reunião do G20, Dona Leitoa estaria fazendo a crítica oposta: enquanto os nordestinos estão morrendo, Lula viaja e se diverte nos convescotes de Toronto! E todos os jornalões estampariam na capa uma foto do Lula sorridente ao lado do Obama e do Stephen Harper, em contraponto a alguma foto "mondo cane" da tragédia.
Como o Lula não nasceu ontem, sabe que dessa gente sempre virá alguma crítica, independente do que ele faça ou decida. E fez a escolha correta.
Quando dos desmoronamentos em SC criticaram Lula por não haverr lá ido e o compararam com Sarkozy que foi ao local de um acidente ferroviário de proporções muito menores.
HBR
Miguel,
A primeira vez em que assisti moradores, numa situação de emergência, na qualidade de Assistente Social no município de São Paulo, testemunhei um mínimo do que ocorre no Nordeste, das Alagoas e de Pernambuco, hoje.
Desavisadamente um administrador regional, realizou uma obra de contenção num rio e, vindas as chuvas, inundou as avenidas ao seu redor.
Fui destacada e segui para o atendimento dos moradores, nas ruas sob minha responsabilidade, realizando o cadastro das famílias, por meio de visita técnica social. Fui então confirmando os fatos sociais decorrentes das chuvas, e mais ainda, da inépcia administrativa.
O que vi, está vivo na memória até hoje, e se repetiria ao longo de minha carreira profissional, muitas outras vezes e com intensidade cada vez maior..
Separam-me desse fato, uns trinta anos, descrevo um deles: numa casa precária recém-casados tinham mobiliado o pequeno imóvel. Tudo era novinho, com madeira que imitava padrão da época. O terreno abrigava também uma retífica de autos. Com todos, as águas foram impiedosas!
O cenário era de guerra: a lama com quase um metro de altura, fez o guarda - roupas e a estante se encontrarem no meio do pequeno quarto e impedia de distinguir-se qualquer outra coisa, senão, destruição. Tudo se perdera. Os armários da cozinha foram deslocados pra fora e toda a louça - recém ganha pelo casamento - se espalhava aos pedaços, misturada aos pacotes de alimentação, tudo colorido pelo cinza da lama e exalando um cheiro insuportável. Impossível ficar ali, mais de cinco minutos. Lá se foram também, os bens mais caros e ainda por pagar: geladeira, o fogão e a TV.
A jovem dona de casa me encontrou do lado de fora do imóvel e, sozinha, tentava entender porque fora vítima daquela tamanha violência. O marido fora trabalhar.
Eu também, recém casada e grávida, acompanhei-a, encostando-me no muro baixo de casa, aproximei-me da jovem e ambas choramos baixinho.
Nunca mais fui a mesma. A impotência de nossa ação técnica, misturada ao cenário de perda total, sem qualquer lógica que o explicasse, aumentou a certeza de que tudo estava errado e num futuro não muito distante, nossa categoria profissional que atua nas questões da desigualdade social, juntou-se aos movimentos sociais e à outras áreas e colaborou ativamente na construção de Políticas Públicas que pudessem alterar tais situações, longe de qquer "assistencialismo", por reconhecer a assistência social como direito, não só nas situações emergenciais, mas na superação da pobreza , com a garantia do acesso aos direitos, escrevendo leis.
Muitos anos me separam dessa experiência profissional que me fez mais solidária aos brasileiros, por isso sei que, multiplicada a enésima potência, o que vivem os brasileiros de Branquinha e Palmares, entre outros. Mas tb sei que agora há novos mecanismos que tenho certeza, serão disponibilizados àqueles moradores, à reconstrução de suas vidas - entre os que as tiveram preservadas - .
Há muito por realizar, porque como se repete ao infinito, a dívida social em nosso país está longe de ter a fatura paga.
Quanto à jornalista, sensibilidade e solidariedade não se aprende na escola, é em casa com pai e mãe. É de berço! Ou na rua, nas enchentes!
Depois , a vida nos testará sobre qual lado escolhemos: ir para o
G-20 ou ficar solidários ao nosso povo!
.
Ines Ferreira disse ...
Sabe do que mais, este PIG não é de nada. Não apita mais nada, no mais faz a cabeça de classe mérdia, e mesmo assim parte dela, a parte preconceituosa e ignorante. O que é um índice insignificante, perante a população brasileira, não vale a pena esquentar a cabeça com Mirians Leitões, Arnaldos Jabours e etc.
Agora você assistiu a Dilminha ontem na Roda Vida? Ela se saiu muito bem.
Então foi o Lula quem mandou chover no nordeste pra ele não ir à reunião do G-20 ....Ah, tá.
Essa é a linha de raciocínio da leitã.Ok.
Sabe o que é mais irônico? Os mais conservadores já perceberam que fim vai levar a eleição, e começam a pleitear seus privilégios no futuro. "Viúva de Roberto Marinho organiza almoço para Dilma"
Interesse é fogo
Parabens pelo post, é exatamente isso. Sorte que vcs ainda tem paciencia pra acompanhar as besteiras da Miriam e do Sardenberg (eu cansei...).
Afinal, alguem tem que fazer o serviço sujo. Melhor pros blogs se alternarem nessa tarefa ingrata..
Abçs,
Parabéns! Belíssimo e claro post. Clap, Clap, clap!!!
aiaiai
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