Cantanhede não captou o essencial. Os artistas da Globo estão reprimidos. Acabou a festa por lá. Os tempos do Lulalá foram enterrados pelo coveiro Ali Kamel. Quem piar fora do tom perde o emprego. A grande ironia de tudo é que na mesma proporção em que o discurso de liberdade de expressão ganha espaço na agenda política dos proprietários da mídia, menos ele é praticado em suas próprias empresas.
O problema, de fato, é a concentração de poder em mãos das organizações Globo. Com seu jornal, tv, rádio, a Globo tem poder de vida e morte sobre os artistas do Rio de Janeiro.
Temos outros canais de TV, sediados em São Paulo, mas a Globo é a líder disparada em audiência, sobretudo no quesito novelas e seriados nacionais, que são os espaços disputados pelos atores.
O cinema, infelizmente, não dá dinheiro para a classe artística nacional. E mesmo quando dá, é somente para quem já fez o nome na Globo, como Tony Ramos e Glória Pires.
É evidente que os atores se sentem intimidados perante a agressividade oposicionista de um Arnaldo Jabor, onipresente no jornal, na TV, no rádio.
Atores precisam de mídia para sobreviver. É uma dependência um tanto melancólica.
Não só atores. Todo artista precisa de mídia. Escritores, por exemplo, dependem dos grandes jornais para ganharem uns trocados como jornalistas ou colunistas.
Lembro-me de um escritor se lamuriando em seu blog porque não via mais esperanças de ser "cronista". Era óbvio que se lamentava na verdade pela falta de espaço no Globo, visto que poderia, perfeitamente, escrever em qualquer lugar.
Abaixo a coluna mencionada:
Eliane Cantanhêde: Nem emoção, nem razão
BRASÍLIA - Há duas curiosidades, ou indicações, na informação de Mônica Bergamo de que os artistas, ou pelo menos os do elenco da nova novela global, estão em cima do muro na eleição. O único que pulou do muro foi Marcello Antony -para dizer que tende a votar nulo.
Afoitos por natureza, os artistas costumam ser os primeiros a declarar preferência e a articular festas e badalações para candidatos, puxando, talvez, o voto de uma multidão de fãs com gosto a mais por estrelas e a menos pela política.
Cláudia Raia e Marília Pera aderiram a Collor, Raul Cortez era pró-FHC, Regina Duarte se celebrizou pelo "medo" do PT, Paulo Betti e Letícia Sabatella fizeram campanha para Lula. Mas, neste ano, a turma anda meio desanimada. Até um festa para Dilma no Rio acabou sendo fiasco de público e de crítica.
O curioso é que o desânimo não é exclusivo dos artistas, mas reflete um sentimento fácil de detectar. E não se trata da indefinição dos menos informados, normal a esta altura, e sim dos mais bem informados.
A indicação foi dada por Antony: "Tô bem sem esperança (...). A corrupção vai continuar existindo. Lá dentro, o time é o mesmo", disse. Quanta gente você tem encontrado no bar, no escritório, na escola dizendo a mesma coisa? Sem contar os que vão protestar de outro jeito: optando por Marina Silva, do PV.
"Em quem você vai votar?", vivo perguntando por aí. Afora os eternos petistas ou tucanos, as respostas são: "Não sei", "em ninguém" e "talvez acabe votando na Marina".
Esse é o retrato de um momento da campanha, quando a propaganda na TV nem começou. Mais do que um retrato do momento, porém, pode ser um retrato da própria eleição: sem um "caçador de marajás", um Plano Real ou um Lula atingindo o ponto ideal de candidatura; e com os dois favoritos, seus partidos, seus programas e suas práticas muito semelhantes.
Isso esfria a emoção e esmaece a razão. Pelo menos até começar o verdadeiro clima de Fla-Flu.
Ines Ferreira,
Na verdade TODO o BLA-BLA-BLA inicial era só para enrolar a mensagem que esta TUCANA cheirosa queria passar é ... "e com os dois favoritos, seus partidos, seus programas e suas práticas muito semelhantes."
Isto é que eles querem passar D-E-S-E-S-P-E-R-A-D-A-M-E-N-T-E para o povo, que o governo do Lula foi o continuísmo do do FHC, pode?
Qualquer pessoa, mais ou menos, avisada não cairá nesta lorota, tão pensando que o povo é BOBO, sai fora tucana cheirosa.
Coitada! Em Outubro ela terá uma surprêsa.
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