15 de maio de 2010

A revolução dos urubus

Esqueçam todas as análises de consultorias internacionais. Esqueçam a The Economist, o Financial Times, o El País. Miriam Leitão encontrou a luz da sabedoria suprema em Alexandre Marinis, sócio da consultoria Mosaico, e em Felipe Salto, da Tendências.

O início do texto nos aponta um cenário desolador:

O governo Lula deixará uma pesada herança fiscal para quem quer que seja que lhe suceda.

Ah, sim. Lula recebeu de FHC um país com desemprego explodindo, câmbio enlouquecido, dívida pública à beira de um colapso, recessão econômica. E legará ao sucessor um país com desemprego em queda, câmbio estável, reservas internacionais atingindo 250 bilhões de dólares, e dívida pública líquida menor e sob controle. Para a urubuzada, no entanto, isso é "pesada herança fiscal". Confira a evolução da dívida pública durante o governo Lula:



Registrou um leve aumento em 2008, por conta da crise mundial, e ainda assim se manteve em patamar muito inferior ao observado no início do governo.

Os entrevistados de Miriam dizem exatamente o que ela quer ouvir. O governo fez tudo errado. O Brasil saiu fortalecido da crise financeira mundial? Dane-se, fez errado. O Brasil deve experimentar um crescimento vigoroso este ano? Dane-se, fez errado. O Brasil está conseguindo solucionar seus problemas sociais mais agudos? Dane-se, fez errado.

Escutem a maviosa voz do urubu:

A maior parte da queda do superávit primário foi para aumento de despesas de custeio, pessoal e Previdência. A dívida pública bruta cresceu fortemente e isso só não aparece na dívida líquida pelos truques contábeis.

Não interessa se os novos funcionários contratados ajudaram na recomposição de áreas críticas da saúde pública e da pesquisa universitária. Dane-se, tá errado.

Não interessa se o governo contratou policiais federais que ajudaram a combater a corrupção e o tráfico de armas no pais. Dane-se, tá errado.

Para Miriam, o dinheiro do governo deve ir integralmente para a Odebrecht.

Para ela, gastos sociais e contratação de médicos e professores, não representa "investimento".

Depois da revolução dos bichos, inventada por George Orwell, pede-se a algum escritor que nos presenteie com uma revolução dos urubus. Miriam Leitão seria a líder máxima.

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