Ater-me-ei, portanto, a comentar rapidamente alguns abrobrinhas publicadas na big press desta quarta-feira.
Dêem uma olhada nesse trecho que abre a coluna do Merval Pereira de hoje:
Mas as notícias não são boas, nem as objetivas nem as de bastidores, que falam de novas pesquisas, depois da saída de Ciro Gomes, que indicariam a ampliação da vantagem do tucano José Serra sobre Dilma.
A campanha de Dilma não passa um dia sem ter sobressaltos, e sempre relacionados com uma maneira nada popular de se comunicar da candidata oficial, o que exacerba o contraste com as virtudes performáticas de seu padrinho, ampliando os defeitos da protegida novata em campanhas eleitorais.
Segundo duas pesquisas registradas no TSE (Sensus e Vox Populi), Dilma empatou com Serra. Quanto as notícias de bastidores, aí é covardia. Merval não dá nenhuma pista da fonte. Tudo que eu sei é que o Lauro Jardim, da Veja, falou uma besteira monumental.
Não passa um dia sem sobressaltos? Olha aí o cinismo. Os caras pegam no pé da Dilma diariamente, e agora lançam a culpa dessa perseguição para cima do próprio perseguido.
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Trecho de editorial do jornal O Globo desta quarta-feira 5 de maio.
Zelaya foi deposto porque a Constituição hondurenha não tinha uma cláusula de impeachment, e o presidente em fim de mandato afrontara de todas as maneiras as ins tituições locais, de modo a perpetuar-se no poder. Tinha, para isso, o apoio explícito do coronel Chávez.
O Brasil ficou na retórica. Recusouse a conversar com as figuras de expressão da vida hondurenha, e acabou não tomando parte na evolução dos fatos (à parte a estranha aparição de Zelaya, que já estava fora do país, na embaixada brasileira).
O desfecho do caso foi melhor do que se esperava: houve eleições, que já estavam mesmo programadas, e que se mostraram a melhor solução para o que se transformara num impasse. Mas o Brasil insistiu na retórica. Insiste em não reconhecer o governo de Honduras, em companhia de argentinos, equatorianos e outros aliados do coronel Chávez.
O Globo mente, para variar. Zelaya foi deposto porque houve golpe. Só isso. E não queria "perpetuar-se no poder". Ele não iria participar do pleito. Zelaya e as forças sociais que o apoiavam ensaiaram tão somente incluir uma pergunta a mais na cédula eleitoral, a saber se aprovavam a realização de uma assembléia constituinte. Na ocasião do golpe, as pessoas que investigaram o que aconteceu reiteraram isso, o fato de Zelaya não participar do pleito, o tempo inteiro. E agora o Globo e a mídia volta ao tema deformando a verdade. Tentam ganhar no cansaço, afinal quem terá energia para se dedicar a desmascarar o jornal diariamente, anos a fio. Por essas e outras é que eu tenho uma sugestão para melhorar a imprensa, no Brasil e no mundo:
Todo jornal com tiragem acima de 100 mil exemplares deveria ter um ombudsman externo, bancado pela Justiça, não para censurar, mas para fazer a crítica independente ao jornal.
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Outra notícia que merece comentários por revelar o caráter organizado, sistemático, da estratégia midiática de derrotar Dilma Rousseff. O momento é de fazer alianças, então os jornais estão procurando, de todas as formas, detonar as alianças da ministra. Mostrar que ninguém a apoia. Que os poucos aliados estão debandando. Quando é justamente o contrário o que está acontecendo. Dilma lidera uma das maiores frentes partidárias da história recente brasileira. Nunca houve um embate entre um candidato com tão poucos partidos aliados e tão poucas alianças na sociedade civil organizada e outro com tantos partidos, sindicatos e associações envolvidos.
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Taí uma matéria leviana. O juiz não foi condenado ainda. A lei manda que ele receba salário enquanto é investigado. A Folha multiplicou o salário dele por 13 (incluindo o décimo terceiro), chegou a 907 mil reais, somou o que a União gastou para pagar um juiz substituto e manda bala.
Gerir um Estado democrático com todas as suas instituições não é barato. Com esse tipo de reportagem, a Folha mais uma vez colabora para a alienação. Joga os cidadãos contra as instituições. Daí que a única salvação para a democracia é a imprensa. Judiciário, Legislativo, Executivo, instituições decadentes que merecem apenas o desprezo...
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A nota aí de cima é do Nelson de Sá, da coluna Toda Midia, publicada diariametne na Folha. Observe que o editorial do Financial Times posiciona o presidente Lula como o "líder mais influente do mundo". Parece que O FT não leu a mídia brasileira dos últimos dias, que se esforçou para negar o fato de Lula figurar em primeiro lugar do ranking da revista Time. A mídia preferiu ligar para o RP da Time, cuja função é justamente amansar os egos em aflição de personalidades preteridas ou mal posicionadas...
Sobre essa idéia do ombdusman, eu pensei que deveriamos ir um passo além. Criar um movimento (como esses que fizeram pra ficha limpa) que clamasse pela criação de um jornal independente de nível no Brasil, de preferencia no Rio de Janeiro.... O movimento se usaria das midias 2.0 para fomentar essa ideia. Talvez algum investidor sem rabo preso com a politica, no limite, topasse uma empreitada desse tipo. Quem sabe até um coletivo de pessoas que dotassem o jornal de seu capital inicial. Isso aconteceu com alguns clubes de futebol à beira da falencia, nao sei se na Alemanha ou na Inglaterra. Enfim, parece demasiadamente utopico, mas andei pensando nisso..
abraço,
chico
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