Os urubus sentiram cheiro de carniça. A quebradeira na Grécia trouxe alegria aos agourentos. Miriam Leitão voltou a ser feliz, porque pode apontar os dedos para o berço da civilização ocidental e vaticinar as mesmas desgraças para nós.
A boa vontade oficial para com reajustes acima da inflação na previdência, por exemplo, é mostrada como erro terrível que nos conduzirá ao abismo.
Acontece que o Brasil não tem nada a ver com a Grécia. Nem jamais terá. Sem contar que a crise grega está muito mal explicada. O culpado não é o funcionário público grego ou a previdência. Ou pelo menos não só isso.
Os países ricos possuem vastos e generosos programas de previdência social, com níveis de salário muito superiores aos praticados no Brasil. Esse é um dos fatores que fazem deles ricos e desenvolvidos. Há mais dinheiro circulando internamente. A política da muquiranagem que alguns círculos economicos defendem para o Brasil tem um fundamento ideológico reacionário, colonizado, injusto.
Explico. Primeiro porque ainda falta muito para o peso do funcionalismo no Brasil atingir o patamar dos países europeus mais liberais. Quanto mais a Grécia, que supostamente exagerou no estatismo. Em segundo lugar porque o Brasil, ao contrário da Grécia, tem uma população jovem e um potencial econômico extraordinário. A Grécia, país de topografia acidentada, com suas ilhas minúsculas, não tem agricultura, não tem minérios, não tem petróleo. Suas indústrias foram sugadas pelo ultra-moderno aspirador alemão, de um lado, e pelos modelos populares da Ásia, de outro.
Provado está que a previdência é uma das âncoras sociais mais importantes do país, e que o aposentado colabora fortemente para a estabilidade econômica. A aposentadoria, contudo, é baixa. Há espaço para ampliar os salários. Os urubus esquecem que esse dinheiro não é totalmente um gasto, porque ele volta para o governo multiplicado na forma de impostos e desenvolvimento. O aposentado compra, se diverte, ajuda a família.
O trabalhador brasileiro é sofrido, ganha pouco, sem falar nas terríveis privações por que passou na história recente. Se há perspectivas positivas para a economia brasileira, é justo que os aposentados, que viram seu poder aquisitivo despencar vergonhosamente nas últimas décadas, ganhem um pouquinho mais.
7 de maio de 2010
Os muquiranas voltaram
Tweet Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Gostou deste artigo? Então assine nosso Feed.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Caro Miguel, no post anterior você disse que nos leitores somos infiéis, não concordo, visito seu blog diariamente todos os dias a mais de um ano e não acho que vc tenha que postar todo dia. só escreva quando achar que deve e o coração mandar. Miguel, o Brizola é muito bom mesmo, tem também o Zé Carlos do "com Texto Livre" que é ótimo. Falar do Edu, Azenha, PHA, Prof. Hariovaldo é chover no molhado, cabe a nos, seguidores e blogueiros difundir este pessoal que não tem tanta visibilidade.
Abraços.
PS. no post citado eu, ignorante em informatica não consequi enviar o comentário.
Prezado Roberto, você tem razão. Eu me expressei mal. Peço desculpas. Eu estava fazendo uma observação de caráter geral sobre o público da blogosfera, mas de fato, não fui correto ou justo ao dizer que os leitores são infiéis. Eu quis dizer que o público é ávido e, por razões óbvias e com toda razão, deixa de frequentar os blogs que não são atualizados. Abraço.
Agora mesmo vindo do supermercardo parei na portaria, adoro comprar frutas e parar na portaria e, enquanto devoro uma laranja ou manga ou tangerina com os empregados da portaria, sempre rola um papo sobre política.
Agora mesmo, conversando com a Renê, uma das porteiras, aprendi uma coisas que até então não sabia, que o povo entende fácil fácil o que Lula diz, o que não ocorria quando o presidente era FHC.
Segundo ela, quando FHC falava ninguém entendia, o Pais vivia numa espécie de vácuo, o cara falava falava falava e o povo não entendia.
Que agora não perde Lula fala no Café Com o Presidente ela disse que entende tudo, "o Lula abre a boca, solta uma piadinha, e entendo tudo", diz ela emocionada. Até de economia a gente entende, diz ela.
Disse-me ela que na época de FHC era fácil identificar quem tinha e quem não tinha dinheiro, e que agora as pessoas que eram muito pobres passaram a ter as coisas.
Ela continou discorrendo sobre o assunto e gostei quando ela disse que o povo chama governos como FHC e Serra como
"governos da nata"
Nesta hora não entendi, achei que ela quis dizer NAFTA, foi quando ela esclareceu que nata quer dizer, governo dos ricos.
Pensei que ela estava querendo dizer "NAFTA"
Cá prá nós, nata tem a ver com nafta, não é mesmo...rsss
Mas falando em Grecia, está aí uma coisa que não me convence. Dizer que a Grecia é culpada pela bagunça nas bolsas do mundo inteiro? .Já estou ficando preocupado com a prefeitura de Jaburucoacoara(?) no interior do Brasil. Vamos avisar os prefeitos para não gastarem muito. PODERÃO ACABAR COM OS LUCROS NAS BOLSAS MUNDIAIS.
A Grecia, tem menos habitantes que o RS. E, como disse o amigo, uma economia do tamanho ...da Grécia. Ou seja, não muda coisa nenhuma para ninguém. Se vender para algum latifundiário Brasileiro meia duzia de ilhas(são centenas), já vai dar para a Grecia pagar tudo e sustentar seus habitantes por alguns anos.
Na minha opinião, eles sentem falta é dos turistas americanos, que até alguns anos atrás enchiam países desse tipo, gastando muito e se exibindo com roupas ridículas. Hoje, com o ódio que criaram pelo mundo devido aos genocídios que praticaram (seus dirigentes), não tem coragemn
m de sair por aí.
Por outro lado, por fazerem parte da tal OTAN,a Grécia também (como os demais) deve gastar alguns bilhões por ano (e vidas de seus jovens) para sustentar os genocídios do AFEGANISTÃO E IRAQUE.
O FUTURO DIRÁ.
Postar um comentário