31 de agosto de 2010

Entrevista de Dilma Rousseff para o Jornal da Globo





Assista você mesmo e tire suas conclusões. Hoje tem Serra. Estou doido pra ver o tucano encarar William Waack, o vampiro contra o lobisomem.

Minha opinião é que Dilma revelou-se bem mais à vontade do que na entrevista que deu para William Bonner e Fátima Bernardes, do Jornal Nacional, talvez porque Waack não tenha se descontrolado como Bonner. O tempo era maior também: 20 minutos. Na entrevista para o JN, a petista exagerou às vezes no entusiasmo com que olhava para a câmera. Desta vez, porém, dosou bem os olhares, encarando os repórteres e olhando para a câmera na hora certa, com serenidade.

As perguntas foram difíceis. Como de praxe, a imprensa não facilita a vida de nenhum político da esquerda, o que é otimo. As entrevistas ganham um dinamismo parecido ao de uma batalha e, portanto, são muito mais emocionantes. Quando se trata de Serra, os repórteres, sem querer constrangê-lo com perguntas embaraçosas, acabam gerando um momento mais apático, prejudicando o impacto emocional da entrevista. Enfrentando repórteres incômodos, Dilma sempre termina as entrevistas com aura de heroína que superou um desafio, enquanto os entreveros com Serra transmitem ao público a sensação de serem "arranjados", não produzindo, portanto, carisma para o tucano. Refiro-me especificamente ao caso das entrevistas para o Jornal Nacional.

É a velha e linda dialética da natureza. O aço mais curtido se torna mais puro e mais forte. Os políticos de esquerda, ao enfrentarem constantemente um ambiente áspero e crítico, desenvolvem-se emocionalmente. Os tucanos, por sua vez, mimados pela mídia, infantilizam-se, desvirilizam-se, debilitam-se, vide os chiliques vergonhosos de Serra a cada vez que um repórter lhe faz uma indagação mais complicada. Ele não percebe que são as perguntas mais notoriamente "oposicionistas" as que mais valem pontos no emocional do espectador e, sobretudo, do eleitor - tanto o indeciso como o que tende para o candidato adversário. Uma pergunta "difícil", inclusive aquelas feitas deliberadamente para detonar o entrevistado (como foi o caso hoje com Dilma), é, quando bem respondida, a que mais rende votos. Soubesse disso (e não é preciso aprender em Yale; basta usar o bom senso), Serra talvez não tivesse cometido tantas violências estúpidas contra jornalista e contra si próprio.

A novidade desta entrevista é que Dilma partiu para o ataque. Com leveza, elegância, mas com munição de verdade. Ela lembrou que foram vazadas as dívidas de parlamentares com o Banco do Brasil durante os debates em torno da emenda para a reeleição. Eu não lembrava disso! Mais uma prova de que o verdadeiro mensalão foi a reeleição. Martelarei esse tema incansavelmente. O governo Lula não tinha porque "comprar" deputados durante seus primeiros anos de governo. Para votar o quê? A reforma da Previdência? Uma reforma que até hoje nem foi inteiramente regulamentada? Ou seja, não tem sentido. Já o governo FHC tinha um motivo fortíssimo para subornar deputados: precisava de votos para aprovar a reeleição e estender o mandato de Fernandinho por mais quatro anos.

Eu considero que é absolutamente injustificável que uma pessoa acuse outra sem apresentar provas. Nós temos pedido sistematicamente que apresente provas. Aliás, se essa situação for colocada dessa forma, eu queria dizer uma coisa: o partido do candidato meu adversário tem uma trajetória de vazamentos e grampos absolutamente expressiva. Por exemplo, vazamento das dívidas dos deputados federais com o Banco do Brasil nas vésperas da votação da emenda da reeleição. Os grampos que existiram no BNDES e também os grampos feitos juntos ao próprio gabinete, o secretário da Presidência da República. Eu jamais usei esses episódios pra tornar o meu adversário suspeito de qualquer coisa porque eu não acho correto.

Outra coisa que é preciso reiterar: FHC impôs restrições ao humor em época eleitoral, através da lei assinada pelo presidente da república em 1997, como parte do esforço para blindar o governo e ganhar as eleições em 1998. Esses humoristas de direita como Marcelo Madureira nunca falam disso. As críticas à lei anti-humor (que caiu há pouco por iniciativa de Ayres Brito) vem deliberadamente confundindo a opinião pública quanto a esse ponto, que é naturalmente fundamental: quem a criou e quem a assinou.

Portanto, se existiu um "chavismo" no Brasil (no sentido pejorativo pelo qual a mídia o entende, e não o chavismo real), ele foi uma realidade durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

11 comentarios

Anônimo disse...

Tenho receio de que possam pensar que é baixaria de minha parte, mas no quesito corrupção o governo FHC foi imbativel. Não é só vc que se esqueceu de certos episódios da era FHC. Tivesse o PT boa memória, o Serra bem como o babaca do Aecinho não estariam regurgitando safadezas mal digeridas.

Anônimo disse...

Você diz: "O governo Lula não tinha porque "comprar" deputados durante seus primeiros anos de governo. Para votar o quê?"
Eu respondo: tudo.
Na divisão de cargos entre os "correligionários" do "baixo clero", vou citar como exemplo a entrega da presidência do Correios para o Roberto Jefferson. José Dirceu nomeou o presidente indicado, mas não permitiu a nomeação do segundo e terceiro escalões onde colocava gente de sua confiança. Assim, minimizando os atos de corrupção pois o presidente, sem o apoio dos escalões inferiores, não têm condição para obter os favores financeiros de seu cargo.
Assim aconteceu em outras autarquias pelo país. Os "correligionários" indicavam o presidente, mas o segundo e terceiro escalões eram responsabilidade do José Dirceu. Os deputados se revoltaram, queriam invadir a sala do Zé Dirceu e pegá-lo de porrada.
Passaram a não votar nada de interesse do governo. Foi aí que surgiram com a idéia de reviver o citado "mensalão" que existira no governo anterior.
Um "cala boca" mensal para o "baixo clero".
Tudo corria muito bem até que o Zé Dirceu cometeu o erro de armar contra o gordo com aquele lance do Waldomiro e o pedido de R$ 3.000,00 para o Roberto Jefferson.
O gordo, então, explodiu com tudo.
Vai como anônimo por motivos óbvios.
Eu estava lá.

Miguel do Rosário disse...

Anônimo, essa sua teoria não se sustenta, porque boa parte dos "mensaleiros" eram de políticos fiéis da base do governo, como Dr.Luizinho, Paulo Cunha, etc. Além do mais, você não aborda o meu argumento. Você diz que eles "passaram a não votar nada de interesse do governo". Mas que votações "de interesse do governo" eram essas? Não havia nenhuma votação tão sumamente importante naquele período que justificasse um ato tão desesperado como fazer mensalão. Sem contar que o Congresso tem 513 deputados, como o governo poderia definir votação pagando mensalão para uma dúzia de parlamentares?

Por outro lado, entendo que o caixa 2 de campanha tem esse potencial de "domesticar" os partidos.

Mas não houve nada consistente que comprovasse teoria do mensalão "comprador" de consciências. Além do que é irônico que, diante de um governo aparentemente desmoralizado e derrotado, não surgisse nenhum parlamentar (como aconteceu com FHC, onde dois deputados acusaram o PSDB de pagar propina para votarem em favor da reeleição) que admitisse ter recebido dinheiro com objetivo expresso de votar em favor do governo.

Para completar o ridículo dessa história, o voto dos parlamentares é secreto, o que, portanto, torna ainda mais inverossímil que o governo pagasse por um "serviço" que ele teria sequer como conferir.

Miguel do Rosário disse...

irônico não, queria dizer "estranho".

José Carlos Lima disse...

Marcelo Tas, dono do CQC, é outro serrista roxo, na última eleição, a título de estar fazendo humor, poupava Kassab e até o exaltava e depreciava os candidatos que não era de confiança de Serra, ou seja, Alckmin e Marta.

Tomara que a Justiça Eleitoral tome as providencias devidas no sentido de evitar tais abusos.

Fazer humor é uma coisa, fazer campanha disfarçada de humor é outra coisa,

Olho vivo nestes larápios

Ines Ferreira disse...

Concordo com o Avatar,

Este Marcelo Tas estava num Congresso do PSDB como Mestre de Cerimônias, como pode pousar de imparcial,é um PSDBISTA roxo. Outro de direitíssima é o tal de Marcelo Madureira. São todos deselegantes, grossos mesmo. Precisamos urgente, abrir mais canais na TV para que haja pluralidade e com isto mais concorrência, pois estas TV que temos são de uma pobreza incrível. O nível, principalmente dos programas humorísticos, é medíocre.

X-MAN disse...

Jornalixo de quinta com profisionais idem, como classificar uma entrevista de um candidato na qual não se tem nenhuma pergunta sobre projeto de governo? Como a população vai saber diferenciar um candidato de outro? essas entrevista desse emissora são inuteis, são minutos jogados fora. Gostaria de saber já que "estavam lá": quem deixou o cidadão com um olho roxo?

Anônimo disse...

Pelotão de fuzilamento da Globo não atinge Dilma, o titulo que o PHA utilizou pra dar inicio no comentário em seu site: http://www.conversaafiada.com.br/video/2010/08/31/pelotao-de-fuzilamento-da-globo-nao-atinge-dilma/

Natale disse...

Acho uma boa pergunta ao Serra, no JN, hoje:
1-)Vai governar até 2020, 10 anos, vai mudar a Constituição Brasileira, se ganhar a eleição?
Tatiana Favaro, de Varginha (MG)
http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2010/08/30/serra-promete-criar-20-mi-de-empregos-ate-2020/
“”O candidato do PSDB a presidência da República, José Serra, disse nesta segunda-feira, 30, em Varginha, no Sul de Minas Gerais, que é “importante que a economia brasileira continue bem”. O tucano afirmou que vai criar 20 milhões de empregos até 2020 e reconheceu que para isso as pessoas “precisam continuar consumindo”.

carlos vicente disse...

Willian Waack ensaia Serra para a entrevista

http://www.youtube.com/watch?v=QqX4usE_gls&feature=player_embedded

Noemia disse...

Parabéns Dilma e FORA SERRA,Tolerancia zero ao PSDB,e aos puxa sacos da" RESPEITÀVEL " Rede Globo,uma bela BANANA,como a que REGINALDO FARIA deu nessa mesma emissora.

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