14 de agosto de 2010
Divagações preguiçosas, eleitorais e boêmias
(Casal Bonner 45 anunciando viradão de Dilma - Via Tijolaço)
Descobri que sou mesmo bipolar, alterno semanas de monstruosa preguiça com outras de compulsão pelo trabalho. Viadagens enfim de um blogueiro (eventualmente) vagabundo e problemático. Ou, para ser um pouco mais compreensivo comigo mesmo, rebordosa pelos dias e noites que passei com enxada na mão em julho e início do mês corrente. A vitória estatística de Dilma não me ajuda a retomar o ritmo, porque me tranquiliza. É como ver, lá embaixo, Berlim em chamas, e eu tivesse a certeza que os aliados definitivamente ganharão a guerra.
Mas já estou me recuperando desta fase blues e iniciando nova etapa de operário modelo. A disciplina também é minha liberdade e precisamos trabalhar muito para eleger Dilma no primeiro turno com uma vitória acachapante.
Pelo menos voltei a ler, o que sempre alivia minha culpa. A Priscila comprou três originais do Faulkner num sebo em Los Angeles (minha mulher é chique), dos quais estou lendo Absalom, Absalom!; além de uma comédia dramática bem interessante de Terêncio, um autor da Roma Antiga, intitulada A Sogra.
Lá fora, tem um milhão de pessoas bebendo freneticamente, tentando se divertir de alguma maneira. Não me chega, porém, um ruído aos ouvidos. No auge do delírio boêmio das multidões lapianas, a somente algumas dezenas de metros aqui de casa, o silêncio é quase rural neste apartamento bagunçado e poeirento da Resende.
Os partidos já descobriram o potencial da Lapa e durante a madrugada circulam grupinhos de cabos eleitorais, brandindo bandeiras e distribuindo santinhos. Maioria esmagadora é de candidatos de esquerda: PT, Partido Livre, PSOL, PSTU. Tem um carinha que faz campanha pelo PT durante a semana e pelo Partido Livre aos sábados. Como os dois apóiam a Dilma, a contradição é bem menor que a enfrentada pelos pobrecitos do PV, obrigados a engolir o apoio à Serra por parte de Gabeira.
Um grupo de cabos eleitorais de Serra provavelmente não se sentiria bem na área, apesar de que deve ter muito eleitor do PSDB nesses bares novos e nas casas de show. Na rua, todavia, alguém mais afoito e atrevido talvez caçoasse deles, talvez fossem cercados de gente gritando Lula e Dilma...
Semana passada, Carlos Minc estava parado no bar que eu frequento, um inferninho que é o último lugar que fecha nos arredores e tem ficado bastante cheio até de manhã . O clima geral é pró-Dilma. Outro dia, um sujeito grudou em mim, funcionário público (me contou mais tarde), com um olhar romântico, bondoso e totalmente louco, porque eu falei alguma coisa favorável à petista, e começou a pregar a necessidade de lutar pela vitória dela. Ele era simpático, com ar inteligente, mas tão bêbado que não conseguia falar mais nada além de uma ou duas palavras de ordem e eu já estava muito cansado e também não conseguia entender muita coisa e deixei o cara falando sozinho e saí sem me despedir, como a gente é obrigado a fazer de vez em quando quando quer se desprender de um botequim, da noite, de si mesmo. Além disso acho que ele era gay e teve alguma esperança; preferi ir embora para não magoá-lo, pois ainda não experimentei nenhum porre que me fizesse mudar a orientação sexual. Espero continuar assim. O que achei bonito, porém, foi a postura guerreira do cara, uma espécie de guardião da Dilma, anônimo, idealista, heróico. Mais um ateniense esclarecido lutando contra os persas da mídia.
Hoje é sexta-feira, eu tento ficar em casa e ler Faulkner. Vim aqui também para registrar os artigos sobre o Datafolha que mais me interessaram.
O desafio do Datafolha, do Nassif
Higienópolis já não manda sozinho, do Azenha
O crime não compensa, do Eduardo Guimarães
Me perdoe, Bonner, do Tijolaço
E aprendi por esses dias uma frase ótima, do Veríssimo:
Conhece-te a ti mesmo - mas cuidado para não ficar íntimo!
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Viu a propaganda do Alckmin no blog do Fernando Rodrigues? O cara postou todas as páginas do folheto do candidato, pra mostrar como o Serra só aparece uma vez. Sei.
Boa seleção de candidatos na barra lateral. Quase igual à minha, a única diferença é que devo votar de novo no Minc. Acho que o Brizola vai ter uma votação bem grande este ano, graças ao blog...
Mas os gays estão com Dilma, os funcionários públicos também, afinal de contas a politica do Serra é ruim para tudo quanto há
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