25 de agosto de 2010

Médicos deveriam fiscalizar mídia em questões de saúde pública

Pessoalmente, sou contra o uso do termo "controle social" da mídia. Acho desastrado politicamente o uso da palavra "controle". Se não me engano, aliás, o último Programa Nacional de Direitos Humanos (que é a terceira versão) não usa o termo, ao contrário das versões anteriores, aprovadas durante a gestão FHC.

Entretanto, sou um crítico feroz da mídia. Acho que ela se tornou um estorvo ao desenvolvimento democrático. Acho que a humanidade precisa de uma mídia pública, não gerida por governos, mas pela sociedade, com seu presidente eleito direta ou indiretamente pela população. Seus jornalistas seriam concursados e teriam direito sagrado à liberdade de opinião, não podendo ser demitidos porque falaram mal deste ou daquele governante.

Mas esse é um sonho distante ainda. Por enquanto, o mínimo que podíamos fazer era regular o uso de questões de saúde pública na mídia. Os grandes teóricos de medicina tem os maiores críticos da libertinagem irresponsável da imprensa. Veiculam-se verdadeiros absurdos quando o assunto é saúde.

Eu sempre presto atenção na seção Erramos dos jornais. Hoje deparei-me com esta nota:

SAÚDE (24.AGO, PÁG. C11) Diferentemente do que deu a entender o texto e o título da nota "Estudo liga vitamina D a risco de câncer e esclerose múltipla", é a falta da vitamina D que pode causar as doenças.

Vejam só. Se um médico cometer um erro médico, ele pode perder seu registro profissional, ser processado e preso. Um jornal pode publicar que a vitamina D provoca câncer, na contramão da verdade (é o contrário, a falta de vitamina D é que pode provocar câncer), e tudo fica por isso mesmo.

Este é um exemplo bobo, mas o futuro da humanidade não é róseo no quesito saúde. Pandemias perigosas nos aguardam, e o Estado e a sociedade precisam ter instrumentos adequados para combatê-las. Um deles é a informação correta e rápida. Um errinho bobo, num momento de crise, poderia desencadear uma catástrofe.

Por isso, defendo que a sociedade exija que haja mais responsabilidade, ao menos, na questão da saúde. O Conselho Nacional de Medicina precisa ter um departamento grande e eficiente voltado exclusivamente para atender a mídia nas questões de saúde. Nenhuma matéria relativa à saúde poderia ser publicada antes de um aval de um profissional credenciado pelo Conselho, o qual seria responsabilizado por qualquer inverdade ou confusão no texto.

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