2 de setembro de 2010

O dia do golpe

Mea culpa. Fiz um cálculo errado. Os colunistas não atacaram ontem porque não tiveram tempo. Deixaram a munição pesada para hoje.


(Manchetão do Globo hoje).

Abaixo a página inteira, para vocês terem uma idéia do espaço dedicado ao episódio:


E olha que bonitinho, os colunistas todos alinhados e obedientes, em boxs da primeira página:



O que dizer sobre isso? Apelemos para a lógica. Quid prodest? A quem interessa este escândalo? Certamente não a Dilma Rousseff.

O escândalo dos aloprados, que eles tentam ressuscitar, conseguiu levar a eleição de 2006 para o segundo turno, mas não creio que conseguirão realizar a mesma proeza desta vez, porque:

  • Dilma alcançou uma posição nas pesquisas mais elevada e mais sólida do que Lula na mesma data de 2006.
  • Houve um flagrante ocorrido no momento da campanha. O escândalo desta vez fala de uma vazamento feito em setembro de 2009.
  • O crime remete a uma falsificação ideológica. Não há vínculo com a campanha de Dilma. É um crime grave que deve ser investigado, e não usado para fraudar a vontade popular. 
  • O TSE tem hoje ministros de altíssima qualidade, a começar por seu presidente Ricardo Lewandowski. Confira esse post do Nassif: segundo o comentarista, a pantomina não deve frutificar no TSE, o ataque deve centrar-se na mídia.
  • Noblat, colunista e blogueiro do Globo, acha que o caso não tem condições de levar a disputa para o segundo turno, porque lhe faltam ingredientes: imagens de dinheiro vivo, por exemplo.
  • Confira os comentários desta matéria no Estadão. Grande parte do público dos jornalões percebe os ataques de Serra como jogo sujo eleitoral. O leitor hoje não é mais tão ingênuo como antigamente. Os comentários pró-Serra são invariavalmente histéricos e radicalizados, enquanto os pró-Dilma dão exemplo de argumentação consistente, lucidez e equilíbrio emocional.
Corre na blogosfera, há tempos, rumores de que a escandalização sobre a quebra dos sigilos de alguns tucanos seria estratégia de defesa preventiva contra o livro de Amaury Jr, que traz à tôna os crimes de corrupção por trás do processo de privatização. O fato do PSDB ter incluído Amaury em sua acusação enviada ao TSE fortalece essa versão.

Além de Dilma, a campanha tucana também pede ao TSE investigação contra o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, candidato ao Senado pelo PT e um dos coordenadores da campanha presidencial petista, e contra os jornalistas Amaury Junior e Luiz Lanzeta.

Na representação, de 31 páginas, foram anexadas reportagens que revelaram a existência de um grupo de inteligência montado pela campanha de Dilma para fabricar dossiês contra adversários políticos. Fernando Pimentel seria o responsável pela contratação do grupo, do qual faziam parte Amaury e Lanzeta. (Trecho de matéria do Estadão.)

2 comentarios

IV Avatar disse...

Olhem o manchetão no alto da página casando com a imagem embaixo: uma criança agonizando.
Isto é um discurso visual para incutir na cabeça de que ver apenas a capa do jornal que o momento é esse: O Brasil agonizando por causa do governo Lula

Pedro Bueno disse...

Fico a me lembrar que foram manchetes como essas que deram inico ao golpe de 64.

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