Analisando pesquisa Vox Populi em Minas, o estado "decisivo"

Todo mundo falando no Datafolha, mas eu agora vou falar do Vox Populi. Comentarei mais a respeito dos números do Datafolha quando a empresa publicar seu relatório completo na internet, o que deve demorar ainda uns dois ou três dias.

Os analistas mais identificados com José Serra viviam falando na importância "decisiva" de Minas Gerais, tese à que acrescentavam sempre uma outra, a de que a popularidade de Aécio Neves garantiria uma vitória substancial do PSDB sobre o PT no estado.

Eu nunca dei bola para esta tese porque achava inverossímil que Aécio, por mais popular que fosse, pudesse manipular os mineiros como se apascentasse as ovelhas de seu rebanho.

Entretanto, Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país e, neste sentido, claro que é um estado importante.

Pois bem, dada a sua importância, vamos analisar a pesquisa Vox Populi no estado, cujo relatório completo acaba de ser divulgado. Entenda: essa pesquisa é do dia 27 de julho, mas seu relatório só foi disponibilizado na web há poucos dias.

Lembrando: os números aqui se referem somente ao estado de Minas Gerais.

Primeiramente, a tabela mais importante, a pesquisa estimulada:

Se a eleição para presidente fosse hoje, em qual destes candidatos você votaria?

Se a vantagem de Dilma se resumisse, porém, a estes pontinhos a mais na estimulada, eu ainda poderia concordar que haveria condições de uma reviravolta em Minas, e possível vitória de Serra. Mas não é o caso. Outros números na pesquisa Vox indicam uma posição consolidada e com viés de alta para a petista.

Por exemplo, confira a estimulada dividida por gênero e renda:

Repare a já nossa conhecida diferença entre os gêneros. Dilma tem 42% entre os homens e somente 32% entre as mulheres. Já verificamos em outras estatísticas, e nessa em particular é fácil detectar isso, que o déficit de Dilma junto ao público feminino decorre da falta de informação, sobretudo entre mulheres de baixa renda, sobre a candidata. Não sabem que ela é a "mulher" do Lula. Nessa tabela mesmo, podemos verificar que 19% das mulheres não souberam responder, contra somente 13% dos homens.

A pesquisa com o voto espontâneo deixa mais claro essa deficiência de informação política por parte das mulheres (que deverá ser muito reduzida após o horário eleitoral):

Se a eleição para presidente da república fosse hoje, em quem você votaria (espontâneo)?

Repare que 48% das mulheres não souberam responder na espontânea, contra somente 36% dos homens.

A tabela abaixo também mostra que as mulheres sabem menos que os homens sobre Dilma Rousseff. O problema se concentra, naturalmente, entre as faixas de renda mais baixas.


Vou citar para você o nome de alguns possíveis candidatos a presidente e gostaria que você me respondesse algumas perguntas sobre cada um deles, vamos falar de: Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva

Observe que 67% dos homens afirmaram conhecer bem Dilma, enquanto apenas 58% das mulheres responderam a mesma coisa.

A situação se agrava entre os mais pobres. Apenas 45% de quem ganha menos de 1 salário disseram que conhecem bem a petista, contra 63%, no mesmo segmento que dizem conhecer bem o tucano. 15% dos mais pobres afirmaram não conhecer a candidata, contra somente 5%, na mesma faixa, que disseram não conhecer o tucano.

A conclusão que se chega é que, conforme os pobres forem se informando melhor, seus votos podem ir para Dilma ou Serra. É difícil Marina ganhar esses indecisos. Então vamos ver quem tem a imagem mais positiva entre os pobres. O Vox Populi também pesquisou a imagem de cada candidato junto à população mineira.


Como você classifica a opinião que você tem de __________. Você diria que tem uma opinião muito positiva, positiva, regular, negativa ou muito negativa sobre ele(a)?

A imagem da petista é bem mais positiva entre todas as faixas de renda, mas surpreende sua força entre os que ganham até 1 salário. Neste segmento, 66% acham a imagem de Dilma "positiva"; Serra também tem sua melhor performance entre os mais pobres, com 58% de positivo, mas bem abaixo de Dilma.

Tudo leva a crer que assim que as mulheres de baixa renda começarem a se inteirar sobre Dilma Rousseff, quando abrirem os olhos para a oportunidade de termos a primeira mulher presidente do Brasil, e que ela é a candidata que representa a continuidade do governo Lula, há uma tendência estatística clara de migração de votos para a ministra.